Como estudar um pequeno planeta

Coletar os dados que revelaram o anel de Quaoar foi em si um motivo de comemoração. Devido ao pequeno tamanho do planeta e à distância da Terra, os pesquisadores queriam observá-lo usando uma “ocultação” – um meio de observar um planeta esperando que ele fosse essencialmente iluminado por uma estrela.

Esse pode ser um processo extremamente difícil, de acordo com a ESA, porque o telescópio, o planeta e a estrela devem estar todos em alinhamento perfeito. Esta observação foi possível graças aos recentes esforços da agência espacial para fornecer um mapa detalhado sem precedentes das estrelas.

Também foi utilizado o telescópio Cheops, que foi lançado em 2019. O Cheops normalmente estuda exoplanetas ou corpos que ficam fora do sistema solar da Terra.

Neste caso, o dispositivo mirou no alvo mais próximo de Quaoar, que orbita o Sol ainda mais longe do que Netuno – cerca de 44 vezes mais longe do que a órbita da Terra.

“Eu estava um pouco cética sobre a possibilidade de fazer isso com o Cheops”, disse Isabella Pagano, diretora do Observatório Astrofísico de Catania, em um comunicado.

A observação funcionou, e o Cheops marcou a primeira de seu tipo – uma ocultação de um dos planetas mais distantes do nosso sistema solar por um telescópio espacial.

Os pesquisadores então compararam os dados coletados pelo Cheops com as observações dos telescópios terrestres, levando à sua surpreendente revelação.

“Quando juntamos tudo, vimos quedas de brilho que não eram causadas por Quaoar, mas que apontavam para a presença de material em uma órbita circular ao seu redor. No momento em que vimos isso, dissemos: ‘Ok, estamos vendo um anel ao redor de Quaoar’”, disse Bruno Morgado, professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro, que liderou a análise.

Os teóricos estão agora trabalhando para tentar supor como o anel de Quaoar sobreviveu.