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    Novo cargueiro sueco será a maior embarcação eólica do mundo

    Projetado para transportar carros, Oceanbird tem cinco 'velas de asa' telescópicas, cada uma com 80 metros de altura, capazes de girar 360 graus sem se tocar

    Jacopo Prisco, CNN

    O Oceanbird pode parecer um navio do futuro, mas remonta à antiga história marítima, já que é movido pelo vento.

    Projetado para transportar automóveis, o cargueiro transatlântico está sendo desenvolvido pelo estaleiro sueco Wallenius Marine, com apoio do governo sueco e de várias instituições de pesquisa.

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    Com capacidade para 7.000 veículos, o navio de 650 pés (cerca de 200 metros) de comprimento será equivalente em tamanho aos cargueiros de carros convencionais, mas com uma aparência radicalmente diferente. O casco do navio é encimado por cinco “velas de asa” telescópicas, cada uma com 80 metros de altura, e capazes de girar 360 graus sem se tocarem.

    Feitas de aço e outros materiais compostos, as velas precisam de todo esse porte para gerar força propulsora suficiente para o navio de 35 mil toneladas – no entanto, elas poderão ser retraídas até 60 metros para permitir a passagem por pontes ou resistir a condições climáticas adversas.

    Embora “os princípios gerais das velas de asas sólidas não sejam novos”, projetar as velas do Oceanbird foi desafiador, afirmou Mikael Razola, arquiteto naval e gerente de projeto de pesquisa do Oceanbird na Wallenius Marine.

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    As velas telescópicas do Oceanbird serão as mais altas já construídas
    Foto: Wallenius Marine

    O motivo: as velas de navio serão as mais altas já construídas. “No topo do mastro, a embarcação estará a mais de 100 metros acima da superfície da água”, explicou Razola. “A direção e a velocidade do vento mudam bastante nesse ponto tão alto do céu”.

    Para entender melhor as condições atmosféricas nessa altura, o estaleiro sueco montou sensores no topo de vários navios durante viagens pelo Atlântico, coletando dados sobre a velocidade do vento e desvio (uma mudança no sentido horário na direção do vento), até 200 metros acima do nível do mar. “Todas essas informações nos ajudaram a projetar um sistema eficiente de asa e casco, que pode aproveitar ao máximo a potência do vento”, diz Razola.

    Limpando uma indústria suja

    Elementos cruciais no comércio automotivo global, os cargueiros marítimos são conhecidos como RoRo, abreviação para o termo em inglês “roll on, roll off”. Em vez de carregar veículos com guindastes, o que seria lento e ineficiente, os veículos são transportados ao longo de rampas embutidas no navio. Um RoRo grande e convencional consome em média 40 toneladas de combustível por dia, gerando 120 toneladas de CO2 – volume que um carro precisaria percorrer 430 mil quilômetros para emitir.

    A indústria naval está sob pressão para reduzir as emissões de CO2 e outros gases de efeito estufa. O transporte marítimo foi responsável por 2,89% das emissões globais de gases de efeito estufa em 2018, de acordo com a Organização Marítima Internacional (IMO), órgão da ONU que regula o transporte marítimo global. No mesmo ano, a IMO estabeleceu como meta a redução obrigatória de 50% do total de emissões anuais de gases de efeito estufa até 2050, com a ambição de atingir emissões zero “o mais rápido possível neste século”.

    O Oceanbird foi projetado para exceder essas metas: a Wallenius diz que o navio emitirá 90% menos CO2 do que os porta-carros convencionais. No entanto, ele não será totalmente livre de emissões, porque ainda contará com motores para manobras de entrada e saída dos portos e para emergências – como acontece com a grande maioria dos veleiros.

    Vela lenta

    Com uma velocidade máxima projetada de cerca de 10 nós, o Oceanbird será mais lento do que os cargueiros de carros convencionais, que podem viajar a 17 nós. A travessia do Atlântico levará cerca de 12 dias, em vez do padrão de sete.

    Essa jornada mais longa exigirá algumas mudanças de cronograma, nota Razola, bem como a aceitação das montadoras. “Claro, teremos desafios e não seremos capazes de fazer as coisas exatamente como fazemos hoje, mas a resposta até agora dos fabricantes tem sido muito positiva”, diz ele.

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    Um tanque interno na SSPA, outra instituição que trabalha no Oceanbird, onde um modelo está sendo testado com vento e ondas artificiais
    Foto: Wallenius Marine

    Jakob Kuttenkeuler, professor do Royal Institute of Technology de Estocolmo, um dos colaboradores do projeto, também está otimista. “As pessoas estão mais informadas sobre o meio ambiente agora e acho que haverá clientes dispostos a colocar seus carros em um navio mais lento, se ele for neutro em carbono”, diz ele.

    Kuttenkeuler e sua equipe estão trabalhando com a Wallenius em cálculos de desempenho e aerodinâmica, usando dados meteorológicos para simular condições de navegação realistas. Eles construíram um modelo de sete metros do Oceanbird que navegará no arquipélago de Estocolmo, ainda este ano, para coletar dados que ajudarão a finalizar o projeto do navio.

    Razola diz que vai demorar cerca de três anos para lançar a versão em tamanho real. “Nossa ambição é ver o Oceanbird navegando em 2024.”

    (Texto traduzido, clique aqui para ler o original em inglês)

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