Moradores de favelas perdem emprego e veem apps de entregas como fonte de renda
Pesquisa aponta que 43% ficaram sem trabalho, enquanto número de entregadores mais que dobrou
Cerca de 43% dos moradores de favelas perderam o emprego durante a pandemia, e muitos passaram a ver fazer entregas por aplicativo como fonte de renda. É o que aponta uma pesquisa feita pela empresa Outdoor Social Inteligência, encomendada pelo G10 Favelas, em 14 comunidades vulneráveis de maior potencial econômico no país.
Dos que perderam o emprego, 44,7% respondeu que tem nos serviços de entrega por aplicativos a segunda principal opção, atrás apenas da função de vendedor ambulante (57,9%).
“Se você pegar essa pesquisa de 5 anos atrás, buscava-se automaticamente ser ambulante na rua: vender água, refrigerante, procurar renda rápida pra aquele mês. O que pareceu em demasiado agora foi motorista de app e entrega, que está gerando oportunidade para essas pessoas em busca de emprego dentro desse cenário econômico”, explica a pesquisadora Emilia Rabello.
As empresas de aplicativos consultadas pela CNN confirmam que o número de entregadores cadastrados durante o período da pandemia mais que dobrou, já que o volume de pedidos também cresceu. Em novembro de 2019, eram 26,6 milhões; em março deste ano, 60 milhões.
Para os especialistas, essa migração do emprego formal para o informal pode estar atrelada a escassez de oportunidades no mercado de trabalho.
“É uma das possibilidades que a gente tem. Tem um ou outro mercado formal que cresceu, mas a gente tem reparado uma transição para o micro-empreendedor individual. É uma opção de manutenção da atividade produtiva e, na verdade, o que tem observado é a tentativa de fazer transição da falta de opção para ser uma opção”, afirma a professora de Economia do Ibmec do Rio, Vivian Almeida.
“Acredito que o mercado tem suas regras, ele vai atrair o trabalhador de acordo com a oferta e remuneração. Vejo que dentro da pesquisa está claro quem quer emprego fixo, estabilidade de um emprego formal e tem uma parte que acha interessante a informalidade. Mas de fato, em uma ausência de trabalho formal, você vai se preencher com trabalho informal, sem dúvida”, completa Emília.