Lia Bock: Do jeito que foram desenhados, os algoritmos favorecem o ‘bairrismo’
No programa de hoje, ela fala a respeito da discussão atual sobre se as redes sociais devem filtrar ou moderar as informações
No Manual do Mundo Moderno desta sexta-feira (6), na CNN Rádio, Lia Bock comentou sobre o poder e a função das redes sociais, principalmente em meio às eleições dos Estados Unidos.
O Twitter, por exemplo, marcou 38% das publicações do presidente Donald Trump como “contestadas”, enquanto o Facebook excluiu um grupo com mais de 370 mil membros – apoiadores de Trump – por divulgarem informações falsas sobre fraudes nas eleições.
Assista e leia também:
Lia Bock: Lei das drogas hoje não trata usuários e fortalece crime organizado
Lia Bock: O caso Mariana Ferrer e o machismo no judiciário brasileiro
Lia Bock: Ecosia, rival do Google, reverte 80% do lucro para reflorestamento
Lia afirmou que há uma discussão sobre se as redes sociais devem filtrar ou moderar as informações. Segundo ela, a questão é polêmica, já que envolve uma decisão editorial.
“Tem gente que questiona isso, que acha que as redes deveriam ter um espaço livre e aberto para quem quiser falar o que quiser, como se fosse uma praça pública. Mas as redes sociais não são praças públicas, elas têm donos”, declarou.
Lia destacou que há dados e informações muito documentados que mostram que as redes sociais favoreceram a atenção de líderes autoritários e populistas.
Ela mencionou também os algoritmos e como alguns especialistas defendem que a palavra é um tanto enganosa. “Dá a sensação de que é uma coisa que anda sozinha, que não tem regulação, que não tem nada por trás, e não é verdade”, disse Lia, acrescentando que eles têm uma forma de atuar e não são aleatórios.
“Os algoritmos, do jeito que foram desenhados, estão favorecendo aquilo do bairrismo: você só vê o que te interessa, o que tem a ver com você. Não há contestação”, afirmou. “Vai criando uma bolha que só mostra o que a gente quer. Vamos ficando sem uma visão mais complexa do mundo.”
Para Lia, a edição manual de informações nas redes sociais “é editorial e é bom que seja”, pois isso “são elas se responsabilizando pelo que está sendo dito na casa delas”.