Leilão e novas operadoras: relembre a trajetória do 5G em 2021
Expectativa para o próximo ano é que nova geração de internet chegue apenas a alguns pontos de capitais do país
A implementação do 5G – a quinta geração de internet – no Brasil começou a andar em 2021, com a realização de um leilão para conceder os direitos de exploração de faixas de frequência para empresas de telecomunicação.
O edital do leilão do 5G contou com uma série de exigências que as dez empresas vencedoras precisarão cumprir. Entre elas está a implementação em todas as capitais do país até julho o ano que vem.
Com o leilão, o Brasil passa a integrar a lista de mais de 60 países que possuem rede de 5G, e a expectativa é de que os próximos anos envolvam a expansão dessa rede pelo mundo e o surgimento de novas aplicações.
O que é o 5G?
O 5G é a nova geração de internet. Segundo especialistas, ele possui três características que o diferenciam das outras gerações. A primeira é uma velocidade maior para se conectar com aparelhos.
A segunda é a chamada baixa latência, o tempo de resposta entre um comando e o resultado no dispositivo. Por fim, há a capacidade de conectar uma quantidade maior de dispositivos em uma única antena, mas com uma área menor de conexão.
A expectativa é que essas características possibilitem o desenvolvimento e expansão de novas aplicações, como o da realidade aumentada, da realidade virtual – ligadas à ideia do metaverso -, da realização de atividades remotas – como cirurgias -, do funcionamento aprimorado de veículos autônomos e do uso de holografia.
O avanço do 5G em 2021
A expectativa inicial do governo federal era que o leilão do 5G ocorresse em março de 2020. Entretanto, o processo de aprovação do edital com as regras do leilão se arrastou até agosto de 2021, devido a divergências entre o Tribunal de Contas da União (TCU) e a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel).
Mesmo após a aprovação do edital, a Anatel precisou fazer alterações no texto para seguir as determinações do tribunal. Uma delas foi o compromisso de garantia de internet nas escolas privadas e a instalação de uma rede privada de internet para o governo.
Em entrevista ao CNN Brasil Business, Eduardo Neger, presidente da Associação Brasileira de Internet (Abranet), diz que “o timing [do leilão] foi correto comparando ao resto do mundo. Em alguns aspectos, o 5G ainda é incipiente. Hoje não temos muitas aplicações que levam à busca pela tecnologia 5G, mas considerando a demora de implementar a rede, é bom começar logo”.
O edital do leilão inclui uma série de exigências, e uma delas é a implementação do 5G em todas as capitais do Brasil até julho de 2022. Neger afirma que os atrasos não impediram essa meta de ser cumprida.
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Leilão do 5G
O leilão para a concessão de operação nas faixas de frequência do 5G foi realizado em 4 e 5 de novembro. O saldo foi de R$ 46,7 bilhões movimentados por dez operadoras ganhadoras. Foram leiloadas as faixas de 700 MHz, 2,5 GHz, 3,5 GHz e 26 GHz.
Neger avalia que o leilão trouxe duas grandes novidades em relação aos anteriores, para o 3G e 4G.
A primeira é que o certame não foi arrecadatório, ou seja, o objetivo não foi arrecadar recursos, mas sim colocar como contrapartida o investimento das quantias em infraestrutura para a expansão do 5G, com cumprimento de determinadas metas e exigências.
Do total arrecadado, R$ 42 bilhões serão de investimentos, e R$ 5 bilhões irão para o Ministério da Economia. O prazo de outorga é de 20 anos.
A segunda foi a divisão dos lotes entre nacionais e regionais. “Isso abriu espaço para novos players atuarem em áreas menores. Algumas empresas regionais acabaram vitoriosas, e nunca tiveram esse espaço em leilões anteriores”, diz Neger.
Mesmo com a entrada de novas operadoras, as grandes vitoriosas ainda foram as três grandes empresas nacionais do setor: Vivo, Tim e Claro. Elas arremataram os principais lotes, de cobertura nacional.
Entre as obrigações que as empresas terão que cumprir está a garantia de internet 4G nas rodovias brasileiras, instalação da rede de fibra óptica, via fluvial, na região amazônica, financiamento dos custos da migração da TV aberta via satélite da banda C para a banda Ku e a garantia de internet móvel de qualidade nas escolas públicas de educação básica.
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Novas operadoras
Uma das grandes novidades com o leilão do 5G foi a entrada de cinco novas empresas no mercado, como operadoras de telecomunicações. Brisanent, Winity, Cloud2U, Consórcio 5G Sul e Neko Serviços arremataram lotes.
Com exceção da Winity, as empresas conseguiram lotes regionais. “São empresas menores quando comparadas às nacionais. Por serem regionais, conhecem bem, até melhor que as grandes, as demandas da região, o comportamento do usuário, ticket médio, então, permite traçar uma boa estratégia. O que precisa adequar é o fluxo de capital necessário para o investimento”, diz Neger.
Um elemento que ele considera importante para essas empresas é a obrigação, prevista em edital, da prática do chamado roaming, um acordo entre operadoras que permite que, quando um usuário sai da área de cobertura de uma, ele receba a cobertura da outra.
Isso é especialmente relevante para as vencedoras de lotes regionais, já que permitirá que o usuário saia da região de cobertura, mas não perca o sinal. Neger afirma que a entrada das empresas é especialmente positivo pensando na ampliação das áreas de cobertura, em especial no interior.
Desistência
Inicialmente, porém, o número de novas operadoras era maior. A Fly Link chegou a arrematar um lote de frequência de 26 GHz que englobava partes de Goiás, Minas Gerais, Mato Grosso do Sul e São Paulo.
Entretanto, alguns dias após o leilão, a empresa manifestou sua desistência do lote. Em nota enviada ao CNN Brasil Business, a empresa afirmou à época que “torna-se inviável desenvolver um plano de negócios contemplando apenas o lote H42”.
O motivo seria que o lote engloba uma tecnologia “incipiente e com mercado ainda muito restrito”, e a empresa não arrematou outros lotes que compunham sua estratégia de negócios.
Com isso, a Fly Link precisará pagar uma multa referente a 10% do preço da proposta vencedora, de R$ 900 mil.
Avanço em 2022
A expectativa de Neger é que as operadoras responsáveis por instalar o 5G nas capitais em 2022 cumpram o prazo, mas a cobertura não vai englobar toda a cidade.
“Não vai cobrir a cidade inteira, mas sim alguns pontos de interesse, como aeroportos, de grande concentração de pessoas, centros de compras. Depois o adensamento acontece”, afirma.
Segundo ele, esse processo demora porque é necessário desenvolver a infraestrutura de instalação. Em alguns locais é possível aproveitar as torres que já existem, mas mesmo assim é necessário comprar e instalar as antenas de transmissão. Como o alcance das faixas de 5G é menor, também é necessário instalar uma quantidade maior de antenas.
Todo esse processo leva tempo, e Neger considera que a expansão do 5G é algo de médio prazo, em especial pensando em áreas que nem possuem infraestrutura de internet, como ambientes rurais.
Outro ponto é a falta de atualização de legislação dos municípios sobre ocupação de solo para instalação de torres e antenas. Hoje, é necessário pedir autorização para cada instalação, mas o número elevado de equipamentos do 5G tornaria o processo demorado.
Negar afirma, porém, que “vários municípios já estão discutindo mudanças”. Um levantamento de dezembro, por exemplo, apontou que o número de cidades aptas a receber o 5G cresceu 25% em uma semana.
Outro estudo aponta que o Brasil precisa instalar mais de um milhão de antenas para ter uma cobertura nacional. Atualmente, são 103 mil transmissores.
Para Neger, os próprios consumidores demorarão para sentir mudanças com a chegada do 5G. Atualmente, uma boa conexão de 4G já atende às demandas da população, e a maioria dos equipamentos 5G ainda são caros.
A tendência é que os preços diminuam, e surjam novas aplicações para a tecnologia que vão incentivar a adoção. Uma novidade que já deve ter um impacto no curto prazo, porém, é que o 5G permite a conexão ao mesmo tempo de um número maior de dispositivos à internet, facilitando a chamada “internet das coisas”.
“O usuário não compra o serviço pelas especificações, mas sim pela aplicação. Hoje o 5G ainda não tem uma que justifica comprar o equipamento 5G mais caro, justifica esse upgrade”, diz.