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    James Webb capta imagem de anéis de poeira semelhantes a impressão digital

    Fenômeno foi criado a partir de um par de estrelas raras a pouco mais de 5 mil anos-luz da Terra

    Da CNN , em São Paulo

    A Nasa divulgou nesta quarta-feira (12) uma imagem de ao menos 17 anéis de poeira criados a partir de um par de estrelas raras. O fenômeno foi captado pelo telescópio espacial James Webb. De longe, se assemelham ao formato de uma digital humana.

    A agência informou que a dupla de estrelas responsável pelo pela formação dos anéis é conhecida como Wolf-Rayet 140 e que estão a pouco mais de 5 mil anos-luz da Terra.

    “Cada anel foi criado quando as duas estrelas se aproximaram e seus ventos estelares (fluxos de gás que sopram no espaço) se encontraram, comprimindo o gás e formando poeira”, explica a nota da Nasa.

    Ainda segundo o texto, as órbitas das estrelas as aproximam uma vez a cada oito anos. Os anéis de poeira funcionariam, então, como os do tronco de uma árvore, auxiliando a marcar a passagem do tempo.

    A visualização do fenômeno foi possível graças às novas tecnologias presentes no James Webb. O telescópio consegue captar a luz infravermelha, invisível para o olho humano.

    Além disso, o Mid-Infrared Instrument (MIRI) proporciona detectar comprimentos mais longos do infravermelho. Ele foi desenvolvido em parceria com a Agência Espacial Europeia.

    Ryan Lau, astrônomo do NOIRLab da NSF e principal autor de um novo estudo sobre o sistema, publicado hoje na revista Nature Astronomy, disse que as novas imagens mostram o avanço com o James Webb.

    “A imagem também ilustra o quão sensível é este telescópio. Antes, só podíamos ver dois anéis de poeira, usando telescópios terrestres. Agora vemos pelo menos 17 deles”, destacou, acrescentando que podem existir mais anéis, que ainda são invisíveis para a tecnologia atual.

    Como são formados os anéis de poeira

    A queima das estrelas Wolf-Rayet gera ventos poderosos, que empurram gás para o espaço.

    Elas ejetam, além de hidrogênio, elementos mais complexos, normalmente encontrados nas profundezas do interior de uma estrela, como o carbono. Os elementos pesados esfriam à medida que viajam para o espaço e são comprimidos quando os ventos de ambas as estrelas se encontram.

    Quando estes corpos celestes se aproximam a uma distância similar a da Terra e o Sol e seus ventos colidem, o gás fica sob pressão suficiente para formar poeira.

    Segundo os pesquisadores, outros sistemas Wolf-Rayet formam o fenômeno, mas nenhum é conhecido por fazer anéis como o Wolf-Rayet 140. A diferença, neste caso, é que a órbita dessas estrelas, especificamente, é alongada, não circular.

    As estrelas do tipo podem ter papel importante na formação de outras estrelas e planetas, pois quando um corpo celeste deste tipo “limpa uma área”, o material varrido pode se acumular nos arredores e se tornar denso o suficiente para esse processo. Segundo a Nasa, há evidências de que o Sol tenha se formado em um cenário parecido.

    Os astrônomos calculam que pode haver alguns milhares de estrelas Wolf-Rayet na nossa galáxia. Até agora, 600 foram descobertas.

    Usando dados do modo de Espectroscopia de Média Resolução do MIRI, o novo estudo fornece a melhor evidência até agora de que as estrelas Wolf-Rayet produzem moléculas de poeira ricas em carbono. Além disso, a preservação das camadas de poeira indica que essa poeira pode sobreviver no ambiente hostil entre as estrelas, passando a fornecer material para futuras estrelas e planetas.

    *com informações da Nasa

    (publicado por Tiago Tortella, da CNN)

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