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    Facebook e Ray-Ban fazem óculos inteligentes que realmente parecem óculos

    Com o lançamento do produto, a dúvida que fica é se as pessoas irão, realmente, usar os óculos quando eles realizam as mesmas funções de um smartphone

    Rachel Metzdo CNN Business

    Em um dia ensolarado de maio de 2012, o cofundador do Google, Sergey Brin, caminhou pela King Street, no bairro de SoMa, em São Francisco, com um par de óculos inteligentes pretos sem lentes no rosto.

    Ele estava testando o Google Glass cerca de um mês antes de a empresa revelar publicamente o dispositivo. Mas ele não estava realmente fazendo nada com ele porque estava sem bateria (e eu sei disso porque eu o vi andando na rua naquele dia e perguntei para ele).

    O Google Glass acabou fracassando como um produto de consumo, com alguns usuários do gadget apelidados de “Glassholes” devido à sensação assustadora do dispositivo e sua tela sobre os olhos em forma de prisma. Mas preparou o cenário para anos de admiração e perplexidade sobre os óculos inteligentes: como eles deveriam ser? O que faremos com eles? E quem ainda quer usá-los, afinal?

    Em quase uma década desde então, muitas empresas de tecnologia (incluindo a Amazon, a Bose e a Snap) tentaram responder a essas perguntas de maneiras diferentes, mas nenhuma popularizou verdadeiramente a ideia de óculos inteligentes.

    Na quarta-feira (8), o Facebook se tornou o último a oferecer uma tentativa para o público: os óculos, chamados de Ray-Ban Stories, foram criados com a Ray-Ban (a marca é propriedade da gigante de óculos EssilorLuxottica). O Facebook espera que eles sejam usados ​​para tirar fotos e gravar vídeos curtos, ouvir música e até mesmo para fazer chamadas telefônicas por qualquer pessoa com 13 anos ou mais.

    Os óculos, que o Facebook havia testado no passado, custam a partir de US$ 299 e vêm em três estilos, incluindo o icônico Ray-Ban Wayfarer, e com cinco tons (todas as cores, incluindo azul e verde, estão na extremidade mais escura do espectro). Inicialmente, eles estão sendo vendidos em algumas lojas Ray-Ban e no site Ray-Ban.com, e estão disponíveis para compradores em seis países, incluindo Estados Unidos, Canadá e Reino Unido.

    Ao se parecer, na maior parte, não apenas com um par de óculos normal, mas com um estilo clássico e popular, Ray-Ban Stories resolve um dos maiores problemas enfrentados pelo Google Glass e muitos outros óculos inteligentes robustos e descolados do passado. A parte eletrônica está tão bem escondida que há apenas alguns indícios de que algo está diferente nessas especificações: há uma câmera embutida na borda de cada lado do óculos, por exemplo. Mas em um par de Wayfarers brilhantes, elas parecem se fundir na própria moldura.

    Hind Hobeika, gerente de produto para dispositivos de realidade aumentada no Facebook Reality Labs, disse que os Ray-Ban Stories são “os primeiros óculos inteligentes que as pessoas vão querer usar“.

    O Facebook me emprestou um par de Ray-Ban Stories com lentes de óculos de sol para que eu pudesse decidir por mim mesma. Após cerca de uma semana testando-os fica claro que os óculos parecem muito com um par normal. Mas o Facebook e a Ray-Ban podem não apreciar totalmente o enorme desafio que permanece em convencer as pessoas a comprar e usar esse dispositivo vestível, principalmente quando seus recursos parecem mais simples do que essenciais.

    Parecem muito com óculos de sol

    A primeira coisa que notei quando coloquei os óculos de sol é que eles se pareciam muito com… óculos de sol.

    Claro, há um botão liga e desliga escondido na lente esquerda dos óculos, um botão fino para tirar fotos e gravar vídeos na parte superior da lente direita, um alto-falante fino embutido em cada uma das lentes e uma luz LED frontal que brilha em tons de branco quando você tira uma foto ou grava um vídeo. Também há um touchpad na lente direita, embora você não possa vê-lo.

    Mas os óculos pesam apenas um pouco mais (cinco gramas, de acordo com o Facebook) do que um par padrão de Ray-Ban Wayfarers, o que os torna confortáveis ​​de usar por longos períodos. Eles também não são irritantes de carregar: semelhantes aos óculos da Snap, eles podem ser carregados em suas caixas. Como muitos outros óculos inteligentes lançados após o Google Glass, eles não têm tela.

    Ray Ban Stories / Reprodução/Facebook

    Prós e contras

    Os Ray-Ban são surpreendentemente bons para ouvir música ou fazer chamadas telefônicas. O áudio soou nítido e dinâmico durante uma caminhada pela natureza, embora não alterasse os sons de pássaros e esquilos. Eu estava um pouco constrangida ao ouvir as músicas, já que qualquer pessoa a poucos metros poderia ouvir alguns trechos do que eu estava ouvindo. Eu também tive problemas para usar o touchpad, que muitas vezes interpretou minhas tentativas de aumentar o volume como uma pausa na música, ou que eu queria aumentá-la quando queria, na verdade, diminuí-la.

    Os óculos foram mais divertidos de usar enquanto brincava com meus filhos no parque, já que as travessuras do playground (como entrar em um túnel destinado a crianças de cinco anos) dificultam puxar um smartphone para capturar os momentos. Pude tirar uma série de fotos e vídeos de meus filhos que geralmente são difíceis de capturar enquanto estamos brincando.

    No entanto, embora o argumento de venda dos óculos permita que você fique imerso por um momento durante a captura,  tive a experiência oposta ao tirar fotos estáticas. Muitas vezes, embora estivesse olhando diretamente para um objeto — uma flor, uma fatia de pizza — ou eu não conseguia capturar a coisa toda, ou não conseguia centralizar a imagem ou obter o close que queria.

    A certa altura, enfiei a cabeça no mato do parque local para me aproximar de um sapo. E não consegui uma boa foto no final.

    Repórter Rachel Metz testa o Ray-Ban Stories / Rachel Metz/CNN Business

    Os Ray-Ban Stories contam com um aplicativo de smartphone complementar chamado Facebook View para permitir que você veja, edite e compartilhe imagens e vídeos. Foi fácil enviar fotos para amigos por meio do aplicativo e consegui criar lindas montagens de vídeo dos meus filhos com apenas alguns toques.

    O CEO do Facebook, Mark Zuckerberg, postou um vídeo em sua página do Facebook na segunda-feira mostrando-o remando em um barco enquanto usava Ray-Ban Stories, mas os óculos não são resistentes a respingos ou água, então você deve mantê-los fora da piscina.

    Eu estava me transformando em um “rosto no buraco”?

    Mesmo enquanto pressiona um computador que fica em seu rosto e apesar desses esforços, não consegui evitar a sensação de que estava me safando de alguma coisa enquanto usava os Ray-Ban Stories em público. Pelo que eu pude perceber, ninguém notou nada de incomum nos óculos enquanto perseguia meus filhos por um parquinho movimentado, mesmo quando eu estava gravando vários vídeos curtos (Era impossível dizer, mas talvez o sol forte tornasse o LED branco dos óculos menos perceptível). Entrei em lojas com eles, tirei fotos de mim mesma nos espelhos e ninguém sequer piscou. Teria sido fácil usar esses óculos para invadir a privacidade de outras pessoas.

    Isso estava me transformando em um “rosto no buraco”? [em referência às fotos que possuem um buraco branco nos rostos das pessoas, que podem ser preenchidos por qualquer face em apps de edição]

    Falei com Jeremy Greenberg, conselheiro político do Fórum Future of Privacy e uma das pessoas com quem o Facebook conversou enquanto desenvolvia os Ray-Ban Stories, sobre minha experiência. Ele disse que há “definitivamente algumas preocupações” de que as pessoas podem não perceber que eu estou capturando fotos e vídeos — algo que seria mais óbvio se eu tivesse pegado meu telefone.

    “Será interessante ver, se essa tecnologia se espalhar, como as pessoas irão desenvolver essa compreensão cultural de que sua imagem pode ser feita, um vídeo pode ser feito?” ele perguntou. “E isso, realmente, ‘o tempo dirá’.”

    E depois de dias testando-os, ainda não tinha a sensação de que eu (ou qualquer pessoa, na verdade) precisava desse par de Ray-Ban. Você pode precisar de óculos de grau ou de um óculos de sol e um smartphone. Mas vai ser difícil para o Facebook convencer a maioria das pessoas de que elas precisam ter um aparelho que possa replicar alguns recursos do telefone — mesmo que pareça tão bom.

    (Texto traduzido. Leia aqui o original em inglês.)

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