‘Escada impossível’ ganha o prêmio de melhor ilusão de ótica de 2020
Artista japonês Kokichi Sugihara foi premiado pela comunidade global de ilusionistas por sua versão em 3D da Escadaria de Schröder
O trabalho do ilusionista é enganar a mente humana usando a capacidade do cérebro de tentar adivinhar o que está diante dele quando não há informações suficientes. O artista japonês Kokichi Sugihara ganhou o prêmio de Melhor Ilusão Ótica de 2020 por ter criado a escada impossível, que não apenas engana o cérebro dando a ele informações falsas, mas também impede que o órgão ative mecanismos para abandonar a ilusão e voltar à realidade.
Leia e assista também
Artista por trás da maior pintura do mundo pretende levantar US$ 30 milhões
Pintor de NY compra US$ 65 mil em obras de artistas que lutam na pandemia
Sugihara foi premiado pela comunidade global de ilusionistas por sua versão em 3D da Escadaria de Schröder, um experimento de 1958 do cientista alemão Heinrich Schröder. O original é um desenho de uma escada que, ao ser colocado de ponta-cabeça, mantêm a percepção no observador de que se trata da mesma escada.
A diferença do trabalho do japonês para o do cientista alemão é que a versão 3D é amparada por desenhos que reproduzem paredes laterais e colunas de apoio, que tornam mais difícil para o cérebro fazer a chamada mudança de Gestalt, quando o cérebro percebe que a conclusão a qual ele chegou não é necessariamente verdade e, então, passa a fazer outras suposições até se aproximar da realidade.
O truque de Sugihara não foi apenas enganar o cérebro humano ao tentar dar a aparência de uma escada para algo completamente diferente. O artista conseguiu mantê-lo iludido ao longo do tempo, sem permitir que o cérebro criasse outras imagens mais próximas do formato real do objeto.
Explicação
A ideia de Sugihara foi passar o trabalho de Schröder para uma versão 3D por meio de um recorte de papelão. As interpretações da mente sobre aquele objeto mudam quando ele é girado em 180 graus em torno do eixo vertical. Porém, a forma física do objeto, que permanece inalterada, é completamente diferente daquilo que o cérebro entende.
Na verdade, o que se percebe como degraus de uma escada é uma superfície plana. O desenho de ângulos e sombras serve para enganar o cérebro. Esse equívoco comum que o cérebro comete é, na verdade, uma suposição que ele faz para tornar o trabalho de percepção visual mais fácil.
O órgão está acostumado a processar as informações de linhas convergentes como medidas de distância e as sombras como profundidade. Encontrando essas informações dispostas da maneira como Sugihara organizou, o cérebro faz o possível para adaptar a forma desenhada a um objeto familiar — neste caso, uma escada.