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    É preciso alinhar a visão de Musk e da sociedade sobre o Twitter, diz professor

    Nicolo Zingales, professor de Direito e Regulação da Informação da FGV, falou à CNN sobre as perspectivas da rede social após ser comprada por bilionário

    Ester Cassavia*Felipe Romeroda CNN

    Enquanto o novo dono do Twitter, Elon Musk, celebra a aquisição como um passo importante para garantia de “liberdade de expressão absoluta”, o professor Nicolo Zingales, da FGV, afirma que é preciso alinhar a visão da empresa com a da sociedade civil. “A liberdade de expressão sem freio pode causar muitas consequências sociais, é preciso ter não só limites, mas uma conversa contínua.”

    Zingales cita outra rede social como exemplo de que só regras pré-definidas não bastam para o controle da disseminação de desinformação: “Houve muitas regras no Facebook no passado e não foi o suficiente para limitar vários escândalos que aconteceram”, compara.

    “Esse trabalho terá que acontecer continuamente, não é apenas adotar regras e o trabalho está acabado, é preciso fazer muito monitoramento e prestar contas de forma contínua”, explica o professor.

    “Uma liberdade de expressão interpretada de forma muito liberal quanto ao conteúdo vai contra a movimentação que temos tido na regulação de plataformas digitais, com a exigência de maior transparência e até de ter um órgão independente que pode fazer as decisões finais sobre o que pode ser aceito ou tirado da rede”, avalia Zingales.

    Mas o professor alerta que há sim riscos da plataforma passar a ser controlada por apenas uma pessoa: “Acredito que sem um mecanismo robusto de transparência e prestação de contas há o risco do proprietário dar uma visão que é não necessariamente a que queremos ver em uma rede responsável, que preza pela proteção dos direitos dos usuários”, afirma.

    Mudanças no Twitter

    Zingales avalia que a motivação para a compra da plataforma por Musk não é econômica, mas destaca que “os investidores tem muita confiança na visão que Musk tem para um novo modelo de negócio para o Twitter.”

    “Poderemos ter um Twitter que deixa de ser de graça, com cenários onde para postar seria necessário pagar, ou que as pessoas poderiam pagar em proporção ao alcance dos tuítes”, especula entre diversas visões do que a plataforma pode se tornar.

    “A mais interessante é uma visão de tornar um ecossistema digital, no qual seria apenas um intermediário para qualquer empresa oferecer um serviço de moderação de conteúdo particular, onde os usuários poderiam escolher com base em preferencias, em temas, e poderia gerar um valor agregado e pode receber análises e tuítes muito particulares e muito avançados em alguns temas”, diz Zingales.

    *Sob supervisão de Vinicius Tadeu

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