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    Dentes pré-históricos sugerem sexo na Idade da Pedra com neandertais

    Há cerca de 40 mil anos, exemplares do Homo sapiens e os Homo neanderthalensis se encontravam e às vezes faziam sexo e tinham filhos

    Neandertais e primeiros humanos modernos que viveram na Europa e em partes da Ásia coincidiram por vários milhares de anos
    Neandertais e primeiros humanos modernos que viveram na Europa e em partes da Ásia coincidiram por vários milhares de anos Foto: National Memory Museum/ Cortesia

    Por Katie Hunt , da CNN

     

    Os primeiros humanos modernos e os neandertais viveram na Europa e em partes da Ásia ao mesmo tempo, sobrepondo-se por vários milhares de anos antes que nossos parentes arcaicos desaparecessem há cerca de 40 mil anos.

    Durante esse tempo, exemplares do Homo sapiens e os Homo neanderthalensis se encontravam e às vezes faziam sexo e tinham filhos. Segundo mostram análises de DNA, a prova está enraizada em nossos genes, com a maioria dos europeus tendo cerca de 2% de DNA de neandertal em seus genomas desse antigo cruzamento.

    No entanto, até hoje havia relativamente pouca evidência física direta desses encontros, apenas ossos fossilizados, mas os esqueletos não ofereceram provas definitivas.

    Agora, uma nova análise de 11 dentes achados em uma caverna em Jersey, uma ilha no Canal da Mancha, sugeriu que alguns deles poderiam ter pertencido a indivíduos que tinham ascendência tanto de Homo neanderthalensis como de Homo sapiens.

     

    Identificados como de neandertal, os dentes foram encontrados no local conhecido como La Cotte de St. Brelade, escavado pela primeira vez em 1910 e 1911. Uma nova análise dos dentes, publicada no “Journal of Human Evolution” na segunda-feira (1), provou que as amostras são de duas pessoas diferentes que viveram 48 mil anos atrás. Sete dos dentes tinham características humanas modernas e de neandertal.

    “Encontramos as mesmas combinações incomuns de neandertais e traços humanos modernos nos dentes de ambos os indivíduos neandertais identificados”, disse o autor do estudo, Chris Stringer, líder de pesquisa em origens humanas e professor do Museu de História Natural de Londres.

    “Nós consideramos essa a evidência direta mais forte (de cruzamento) encontrada em fósseis, embora ainda não tenhamos evidências de DNA para comprovar isso”, afirmou.

    Segundo Stringer, a equipe está tentando recuperar o DNA dos dentes para confirmar se eles pertencem a indivíduos com dupla herança humana moderna neandertal. A preservação do DNA é uma “questão de sorte”, dada a idade dos dentes.

    “As raízes dos dentes têm características muito neandertais, enquanto o pescoço e a coroa dos dentes se parecem muito mais com os dos humanos modernos”, comparou.

    A única outra explicação, disse ele, era que essa população era extremamente isolada geograficamente e assim teria desenvolvido características incomuns em seus dentes.

    “Pode ser que seja o caso de uma população muito incomum que tenha desenvolvido essa combinação de características de forma isolada. No entanto, na época em que viveram – a última Idade do Gelo, com níveis mais baixos do mar –, a ilha de Jersey estava conectada à vizinha França, então o isolamento é improvável”, explicou o professor.

    Um novo estudo de 11 dentes, encontrado em La Cotte de St. Brelade
    Um novo estudo de 11 dentes, encontrado em La Cotte de St. Brelade, na ilha de Jersey, no Canal da Mancha, sugere que alguns podem ter pertencido a indivíduos de ascendência mista
    Foto: National Memory Museum/ Cortesia

    Foi surpreendente encontrar essa evidência de indivíduos “híbridos” com ascendência neandertal e sapiens no noroeste da Europa, já que as primeiras evidências da influência do homem moderno na Europa foram achadas muito mais a leste no continente. Provas na atual Bulgária remontam potencialmente a 47 mil anos atrás; já as da Península Ibérica e sul da França datam de 42 mil anos atrás.

    Da mesma forma, as provas fósseis existentes de cruzamento também foram encontradas no lado leste. O caso mais concreto é o da caverna Oase, na Romênia, onde foi desenterrado um maxilar de 40 mil anos com características incomuns. A análise genética descobriu que ele tinha 9% de DNA de neandertal, devido ao cruzamento que provavelmente aconteceu nas cinco gerações anteriores, disse Stringer.

    Um fragmento ósseo de 50 mil anos descoberto em 2018 dentro de uma caverna na Rússia representou os primeiros restos mortais conhecidos de uma criança com uma mãe neandertal e um pai que era denisovano (outro parente extinto de humanos modernos que se acredita ter vivido predominantemente em Ásia).

    Os dentes são particularmente importantes para arqueólogos e paleoantropólogos porque são mais fortes que ossos. Com o passar das eras, o esmalte se torna amplamente mineralizado e não é mais orgânico, sobrevivendo muito bem, portanto, no registro fóssil.

    Segundo o Museu de História Natural, o sítio de La Cotte em Jersey mostra que os neandertais usaram a caverna por até 200 mil anos, com as camadas de terra mostrando reocupações repetidas por diferentes grupos de neandertais e pelo menos dois montes de ossos de mamute. (Texto traduzido, clique aqui para ler o original em inglês)