Como nosso planeta mudou ao longo do tempo
Veja imagens e conheça as histórias de algumas das paisagens ao redor do mundo que já foram transformadas pelas mudanças climáticas


Pode ser um desafio visualizar os efeitos das mudanças climáticas quando elas acontecem ao longo do tempo, e em escala tão grande.
No entanto, a Nasa vem fotografando a Terra desde o espaço há décadas. Com essas imagens comparadas ao longo do tempo é possível ver o preço que o aquecimento global está cobrando do planeta.
Abaixo estão alguns exemplos do projeto Images of Change, da Nasa, que mostra imagens de áreas que foram diretamente afetadas pela crise climática.
Geleira Neumayer, Ilha da Geórgia do Sul
A geleira Neumayer, na costa leste desta pequena ilha no sul do Atlântico, encolheu mais de 4 km neste século, de acordo com a Nasa. A geleira flui para o oceano e mesmo uma pequena mudança na temperatura do oceano pode ter um efeito significativo sobre ela.
As temperaturas mais altas da superfície do mar podem acelerar o recuo das geleiras, derretendo e soltando icebergs. À medida que essa água doce entra no oceano, ela contribui para o aumento do nível do mar.
Lago Powell, Arizona e Utah
A seca prolongada, juntamente com a retirada de água, causou uma queda dramática no nível da água do Lago Powell, diz a Nasa. Essas imagens mostram a parte norte do lago, que na verdade é um reservatório artificial que se estende do Arizona ao sul de Utah. Em 1999, os níveis de água
estavam quase na capacidade total.
Em maio de 2014, havia caído para 42% da capacidade. Embora os registros mostrem que as secas fazem parte da variabilidade climática desta região, as secas estão se tornando mais severas.
Camp Fire, Califórnia
O Camp Fire, no condado de Butte, na Califórnia, se tornou o incêndio florestal mais mortal e destrutivo do estado no ano passado. Deixou 85 mortos e destruiu quase 14 mil casas.
A mudança climática causou um aumento na quantidade de terras queimadas por incêndios florestais em toda a Califórnia nos últimos 50 anos, de acordo com um novo estudo publicado no início de 2019 na revista Earth’s Future.
A causa do aumento é simples. Temperaturas mais altas deixam o solo mais seco, o que cria uma atmosfera ressecada.
“A ligação mais clara entre o incêndio florestal na Califórnia e a mudança climática antropogênica (de causa humana) até agora tem sido via aumentos causados pelo aquecimento na aridez atmosférica, que funciona como combustível seco e promove incêndios florestais de verão”, disse o estudo.
Mesmo em cenários climáticos de “baixa emissão”, os modelos preveem que as chuvas podem diminuir em 20 ou 25% sobre a maior parte da Califórnia, sul de Nevada e Arizona até o final deste século.
Norte da Europa
Essas imagens mostram como uma onda de calor persistente em 2018 transformou as áreas verdes em marrons. De acordo com a Agência Espacial Europeia, grande parte da região ficou nessa situação no período de apenas um mês, quando vários países experimentaram temperaturas recordes e baixa precipitação.
Ondas de calor como essa vão aumentar. Partes da Europa e da América do Norte podem experimentar 10 a 15 dias a mais de ondas de calor por grau Celsius que a Terra recebe a mais, de acordo com um estudo publicado na Nature.
Rio Tigre, Iraque
A imagem de 2019 mostra o rio Tigre cheio, resultado de um inverno e de uma primavera excepcionalmente úmidos, diz a Nasa. O terreno ao redor também está muito mais verde do que era em 2015.
As mudanças climáticas não tornam tudo necessariamente mais quente e seco. Chuvas extremas se tornarão mais frequentes e severas à medida que o planeta aquecer. Isso pode levar a casos em que anos de extrema seca são seguidos por épocas extremamente úmidas, de acordo com os
cientistas. Esse foi o caso do Iraque em 2019, que teve chuvas muito acima da média após anos de seca extrema, fazendo com que os rios enchessem muito além de suas margens.
Geleira Columbia, Alasca
Essas imagens mostram o quanto a geleira recuou ao longo de quase três décadas. A geleira Columbia desce pelas montanhas de Chugach até Prince William Sound.
O recuo da geleira Columbia contribui para o aumento global do nível do mar, pois a geleira derrete e cria icebergs. Ela é responsável por quase metade da perda de gelo nas montanhas de Chugach, diz a Nasa.
Reservatório Theewaterskloof, África do Sul
Theewaterskloof, o maior reservatório da província de Cabo Ocidental, na África do Sul, estava com capacidade total em outubro de 2014. Mas, por causa de uma seca, caiu para 27% da capacidade em outubro de 2017.
Em declarações à CNN em 2017, a então prefeita da Cidade do Cabo, Patricia de Lille, explicou suas preocupações sobre a crise da água: “A mudança climática é uma realidade e não podemos depender apenas da água da chuva para encher nossas represas, mas devemos buscar fontes
alternativas como dessalinização e aquíferos subterrâneos.”
Geleira Pine Island, Antártica
O Iceberg B-46 começou a se desprender da geleira de Pine Island em outubro de 2018. Pode parecer pequeno aqui na segunda foto, mas na verdade tem 185 metros quadrados. A geleira tem gerado cada vez mais icebergs nos últimos anos, diz a Nasa.
Os cientistas estão observando de perto a Geleira de Pine Island por causa de seu afinamento, retração e contribuição para o aumento do nível do mar.
Lago Aculeo, Chile
Este lago no centro do Chile secou em 2018. Em março de 2019, consistia em lama seca e vegetação verde. Os cientistas atribuem isso a uma seca de uma década associada ao aumento do consumo de água de uma população crescente.
Essa seca prolongada teve a colaboração de muitos fatores, mas os cientistas dizem que cerca de um quarto de sua gravidade e intensidade podem ser atribuídos ao aquecimento global.
Rescaldo do furacão Harvey, Houston
A segunda imagem aqui mostra a extensa inundação causada pelo furacão Harvey em agosto de 2017. Ambas as imagens foram feitas com uma combinação de luz visível e infravermelha que destaca a presença de água no solo.
A mudança climática causada pelo homem fez com que as chuvas do Harvey, que despejou mais de 19 trilhões de galões de água e trouxe inundações devastadoras para a área de Houston, fossem cerca de três vezes mais frequentes e 15% mais intensas, de acordo com a World Weather Attribution, coalizão de cientistas liderada pelo grupo de pesquisa científica sem fins lucrativos Climate Central.
Cordilheira de Sudirman, Nova Guiné
Os picos mais altos dessa cordilheira são frios o suficiente para suportar geleiras, diz a Nasa, mas o gelo diminuiu drasticamente ao longo dos anos.
Geleiras tropicais como esta estão diminuindo em todo o mundo. Os cientistas estimam que essas geleiras podem desaparecer em cerca de uma década.
Geleira Okjökull, Islândia
Essa geleira outrora icônica, vista na extrema esquerda, foi declarada morta em 2014, diz a NASA. Restam apenas pequenas manchas de gelo fino. Cientistas fizeram uma espécie de funeral da Okjökull, a primeira geleira islandesa perdida devido à mudança climática, com uma inscrição em um monumento chamado “Uma carta para o futuro”, que faz uma reflexão bastante sombria.
“Ok (como a parede de gelo é chamada carinhosamente) é a primeira geleira da Islândia a perder seu status de geleira. Nos próximos 200 anos, todas as nossas geleiras devem seguir o mesmo caminho. Esta carta é para reconhecer que sabemos o que está acontecendo e o que precisa ser feito. Só você sabe se conseguimos”, diz a placa em inglês e islandês.
Texto traduzido, leia aqui o original em inglês.