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    Com equipamentos amadores, brasileiros revelam imagens inéditas de duas galáxias

    Estudo amplia possibilidades para estudos astronômicos e parceria entre profissionais e amadores

    Imagem profunda da galáxia Centaurus A, feita com mais de 40 horas de exposição
    Imagem profunda da galáxia Centaurus A, feita com mais de 40 horas de exposição Foto: Universidade Católica da América

    Lorena Lara, da CNN em São Paulo

    Uma parceria entre a astrônoma e pesquisadora associada da NASA Duilia de Mello e cinco astrônomos amadores produziu imagens inéditas de duas galáxias (Centaurus A e Arp 230) a partir de telescópios e câmeras simples.

    Mello, que também é professora da Universidade Católica da América, em Washington, tem currículo extenso na área: descobriu a Supernova 1997D, os aglomerados de estrelas chamados blue blobs e também fez parte da equipe que descobriu o tamanho real da maior galáxia espiral conhecida até hoje, a NCG 6871.

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    Além da cientista, colaboraram no projeto o funcionário público Marcelo Domingues e o professor universitário Eduardo Oliveira, assim como os engenheiros Cristóvão Faria, João Mattei e Sergio da Silva.

    Juntos, os seis capturaram fotos profundas de fusões que ilustram galáxias em estágios finais de evolução. Já naquelas em estágio inicial, é possível ver conchas ópticas e ondulações características.

    “As imagens revelam a história das galáxias. Quando achamos as conchas do lado de fora, vemos que a galáxia sofreu colisão no passado”, explica a astrônoma.

    Ao contrário do que se possa pensar, todo equipamento utilizado é amador. Telescópios e câmeras simples foram capazes de fotografar o espaço profundo a partir das casas de cada um da equipe.

    Diferentemente de telescópios profissionais, cujo uso é disputado por pesquisadores, o equipamento mais simples pode ser usado por mais tempo.

    “Ninguém fez esse estudo usando essa ideia de juntar vários telescópios amadores”, destaca Mello. “Comprovamos que mesmo telescópios pequenos são capazes de revelar estruturas bem difíceis de serem vistas, mesmo com telescópios profissionais maiores”, diz a pesquisadora. “O truque é o grande tempo de exposição.”

    Imagem da galáxia Centaurus A
    Imagem da galáxia Centaurus A; além das conchas já identificadas em 1983, grupo liderado por Mello encontrou novas estruturas ao redor do centro
    Foto: Universidade Católica da América

    No caso da equipe liderada por Mello, as capturas foram feitas durante intervalos de mais de 30 horas, tempo de uso raramente disponível em telescópios profissionais. Agora, astrônoma trabalha para garantir que os dados coletados pelos instrumentos sejam cientificamente úteis.

    “O que estamos mostrando é o resultado do projeto piloto. Assim que concluirmos o piloto, abriremos a colaboração para mais astrônomos amadores se juntarem ao time”, diz a astrônoma.

    A equipe quer conseguir imagens de conchas que se formam ao redor de galáxias e, então, procurar correlações com o gás hidrogênio que normalmente se distancia depois que uma galáxia entra em fusão ou em colisão. A ideia partiu do que se sabe sobre a galáxia Centaurus A, conhecida por suas conchas e gás hidrogênio externo.

    No caso da Centaurus A, a equipe foi capaz de registrar conchas distantes da galáxia central, o que garantiu que o projeto poderia ser levado adiante. Já no caso da galáxia Arp 230, os instrumentos amadores foram capazes de coletar dados por dezenas e horas e registrar conchas tão distantes do centro quanto àquelas descobertas pelo telescópio Hubble.

    “Temos a tecnologia e a metodologia certas”, sublinha a cientista. “Em imagens profundas tiradas com esses telescópios relativamente pequenos, somos capazes de ver um grande campo de visão e expandir nossa busca por conchas a grandes distâncias dos centros das galáxias”, diz.