Cientistas estimam qual será o futuro da previsão do tempo
Embora as pessoas adorem falar dos erros dos meteorologistas, a verdade é que as previsões hoje são as melhores já existentes, apontam pesquisadores
O meu nome é Harry Enten e sou viciado em previsão do tempo.
Na adolescência, fui ao Weather Camp da Universidade Penn State, onde visitei o National Weather Service e a AccuWeather, e passei uma semana mergulhando na arte e ciência da previsão meteorológica. Mais ou menos na mesma época, eu fui citado no jornal “New York Daily News” por causa de minhas medições da neve.
Eu acabei não seguindo a área de meteorologia porque odeio cálculo. No entanto, meu vício no tema, e em particular pela neve, continua (o motivo de eu não me mudar para Washington, D.C., por exemplo, é que porque o local tem uma média de menos de 35 centímetros de neve por ano).
No entanto, não sou uma pessoa que presta muita atenção nas alterações climáticas no dia a dia.
Como aprendi no último episódio do meu podcast, “Margens of Error” (em inglês), ter essa desconexão entre o clima e as mudanças climáticas é surpreendentemente comum.
Uma pesquisa de 2018 do Pew Research Center perguntou às pessoas qual era o tópico mais importante abordado na transmissão de notícias local. A previsão do tempo conquistou um primeiro lugar incontestável com 70% das citações.
Em comparação, numa enquete do “Washington Post” realizada em 2019 10% de pessoas disseram que conversavam com amigos frequentemente sobre aquecimento global.
A diferença faz algum sentido. Mas, conforme discutimos no podcast, não podemos mais separar os temas como costumávamos fazer.
As previsões do tempo são uma preocupação imediata para praticamente todos. Se uma previsão diz que vai chover mais tarde hoje, você provavelmente vai levar um guarda-chuva. As mudanças climáticas tratam de mudanças de longo prazo.
Ainda assim, para algo que interessa a tantos, há muitas concepções incorretas sobre meteorologia.
No podcast, falo muito do que acontece nas previsões. Uma premissa errada trata da exatidão da meteorologia. Embora as pessoas adorem falar dos erros dos meteorologistas, a verdade é que as previsões hoje são as melhores já existentes.
Elas ficaram muito mais precisas.
Tal como John Homenuk do serviço de previsão New York Metro Weather me disse, “existem mentes fantásticas trabalhando na produção de modelos meteorológicos, que ficaram muito detalhados. Eu sempre lembro que nós podemos prever coisas como tempestades individuais. Um boom incrível de tecnologia nos ajudou tremendamente”.
Uma maneira rápida de saber que as previsões melhoraram é examinar furacões e ver como a taxa de erro em termos de quilômetros para essas tempestades diminuiu.
A taxa de erro prevista caiu em cerca de 70% (para uma previsão de 24 horas) para cerca de 90% (para uma previsão de 72 horas) desde 1970. Para colocar isso em perspectiva, o erro médio para uma previsão de 72 horas era de cerca de 725 km em 1970. Hoje, está em cerca de 80 km.
A melhora na precisão salvou inúmeras vidas.
Em outras palavras, seu meteorologista local ficou muito bom — graças aos modelos de tempo e a uma melhor compreensão dos testes padrões do tempo.
Dito isto, provavelmente nunca alcançaremos a precisão perfeita.
Um grande problema é o efeito borboleta. Como Homenuk me explicou, “as grandes tempestades ainda são muito complexas e muito difíceis de descobrir. A piada às vezes na comunidade dos estudiosos é que um fazendeiro pode espirrar em Oklahoma e mudar a configuração inteira”.
Outro problema potencial é a mudança climática. Embora o clima e o tempo sejam diferentes, o primeiro pode ter um impacto na precisão das previsões a curto prazo.
Falei com Aditi Sheshadri, investigadora principal de um estudo de 2021 da Universidade de Stanford que explorou como as temperaturas mais quentes da Terra afetarão a previsão meteorológica. Os investigadores fizeram uma modelagem que girava em torno de como diferentes padrões de aquecimento poderiam afetar a precisão das previsões meteorológicas naquela e em outras partes do mundo.
O que encontraram foi uma “relação muito sistemática” entre mudanças de temperatura e o alcance da previsão com precisão. Sheshadri notou que poderíamos fazer previsões mais precisas a longo prazo “se a Terra fosse muito mais fria”. À medida que a Terra aquece, acontece “o contrário e a janela de previsão meteorológica precisa é estreita”.
De acordo com o estudo de Stanford, você perde um dia de previsões precisas da chuva para cada subida de 3 graus Celsius.
Pode não parecer como muito, mas, de acordo com os dados da National Atmospheric and Oceanic Administration dos EUA, a Terra aqueceu 0,08 graus Celsius a cada década desde 1880. Por ora, a Terra é cerca de 1 graus Celsius mais quente do que era então. A Associação Meteorológica Mundial alerta que a temperatura da Terra continuará a subir nos próximos anos.
Aqui está o principal: aqueles que amam a previsão do tempo, mas não discutem a mudança climática, devem compreender seus impactos. A meteorologia pode não ser tão precisa quanto poderia ser por causa das mudanças climáticas.