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    Cientistas encontram primeiras evidências de infecção respiratória em dinossauros

    Estudo analisou ósseos de diplodocídeo e descobriu saliências anormais formadas em resposta à doença

    Ashley Stricklandda CNN

    Cerca de 150 milhões de anos atrás, um jovem dinossauro de pescoço comprido adoeceu, provavelmente sofrendo com tosse e febre enquanto vagava pelo que hoje é o estado da Montana, no norte dos Estados Unidos.

    O fóssil, apelidado de “Dolly”, revelou o que pode ser a primeira evidência de uma infecção respiratória em um dinossauro, de acordo com uma nova pesquisa publicada nesta quinta-feira (10) na revista Scientific Reports.

    O diplodocídeo, um dinossauro herbívoro com pescoço longo, atingiu cerca de 18 metros de comprimento e tinha entre 15 e 20 anos quando morreu, de acordo com Cary Woodruff, principal autor do estudo e diretor de paleontologia do Museu de Dinossauros em Montana.

    Os restos de Dolly, incluindo um crânio completo e vértebras do pescoço, foram descobertos pela primeira vez em 1990 em um local que rendeu outras descobertas de dinossauros. Com base nos fósseis encontrados, os cientistas não conseguem determinar o sexo de Dolly.

    Recentemente, Woodruff e seus colegas decidiram examinar mais de perto três dos ossos do pescoço de Dolly e descobriram saliências ósseas anormais com formato e textura irregulares.

    Os pesquisadores usaram imagens de tomografia computadorizada para determinar que o crescimento ósseo anormal provavelmente se formou em resposta a uma infecção nos sacos aéreos do dinossauro. Dolly tinha um sistema respiratório complexo e os sacos aéreos conectados aos pulmões.

    Os pesquisadores acreditam que o diplodocídeo desenvolveu uma infecção respiratória dentro de seus sacos aéreos e a infecção se espalhou para os ossos do pescoço.

    Ilustração mostra possível fluxo da infecção / Cary Woodruff

    “Durante os períodos de trauma, o osso pode crescer muito rápido, então imagino que estamos diante de uma infecção prolongada que ocorreu em algum momento durante o último ano de vida de Dolly”, disse Woodruff em um e-mail.

    “Todos nós experimentamos esses mesmos sintomas – tosse, dificuldade para respirar, febre, etc. – e aqui está um dinossauro de 150 milhões de anos que provavelmente se sentiu tão miserável quanto todos nós quando estamos doentes”.

    Os crescimentos ósseos tinham cerca de um centímetro, então é improvável que se projetassem ou fizessem o pescoço de Dolly inchar, disse Woodruff. Em vez disso, Dolly provavelmente estava mais infeliz devido aos sintomas de gripe ou pneumonia, incluindo perda de peso e espirros.

    A doença de Dolly pode ter sido causada por uma infecção fúngica não muito diferente da aspergilose, doença respiratória comum em aves e répteis modernos que pode levar a infecções ósseas. Não tratada, pode ser fatal em pássaros, então é possível que Dolly tenha morrido depois de adoece.

    Mas como Dolly ficou doente em primeiro lugar? É possível que o ambiente em Montana há 150 milhões de anos tenha contribuído para a doença. “As Montanhas Rochosas estavam em sua infância, e o ambiente tinha grandes rios em direção ao mar, com planicíes quentes, úmidos e bem vegetadas”, disse Woodruff.

    “Climas quentes e úmidos são um habitat perfeito para fungos hoje, e o mesmo era verdade há milhões de anos”, concluiu.

    Embora a verdadeira causa provavelmente nunca seja conhecida, esta pesquisa forneceu mais informações sobre o sistema imunológico dos dinossauros.

    “Esta infecção fóssil não apenas nos ajuda a traçar a história evolutiva das doenças respiratórias no tempo, mas nos dá uma melhor compreensão de quais tipos de doenças os dinossauros eram suscetíveis”, disse Woodruff.

    Pesquisas anteriores revelaram que, assim como os humanos, os dinossauros sofriam de gota, câncer e infecções por ferimentos. Há também evidências de uma infecção semelhante à tuberculose em um réptil marinho que viveu há 245 milhões de anos.

    Mas esta é a primeira vez que um fóssil de dinossauro revela evidências de uma infecção respiratória. Fazer essa descoberta ajuda os pesquisadores a entender melhor como os dinossauros respiravam, a relação evolutiva entre pássaros e dinossauros e os caminhos de infecções e doenças.

    Em seguida, os pesquisadores querem determinar se algum dos outros fósseis de dinossauros encontrados no mesmo local que Dolly tiveram essa infecção. A paleopatologia, o estudo das condições patológicas encontradas em restos humanos e animais antigos, está crescendo.

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