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    Cientistas cultivam grão-de-bico em poeira lunar

    A inovação representa uma oportunidade para astronautas substituírem alimentos pré-embalados por proteína vegetal cultivada na Lua

    Grão-de-bico cultivado em poeira lunar representa uma alternativa para astronautas em missão espacial na Lua
    Grão-de-bico cultivado em poeira lunar representa uma alternativa para astronautas em missão espacial na Lua Texas A&M AgriLife /Jessica Atkin

    Gabriela Maraccinida CNN

    Os astronautas em missão espacial se alimentam, na maioria das vezes, de comida enlatada, embalada em papel alumínio, pré-cozida e desidratada. No entanto, algumas alternativas em estudo têm surgido para tornar a alimentação desses profissionais mais variada e nutritiva. É o caso do primeiro grão-de-bico cultivado em poeira lunar, uma invenção recente realizada por pesquisadores da Texas A&M University.

    Usando poeira lunar simulada em laboratório, a estudante Jéssica Atkin, do Departamento de Ciências do Solo e Cultura da universidade, e seus colegas cultivaram grão-de-bico para semear em misturas com até 75% de poeira lunar. O estudo oferece a oportunidade para futuros astronautas em missões com destino à Lua substituírem uma porção dos seus alimentos pré-embalados por proteínas vegetais cultivadas na superfície lunar.

    “A lua não tem solo como a Terra”, disse Atkin, em comunicado à imprensa. “Na Terra, o solo contém matéria orgânica repleta de nutrientes e micro-organismos que sustentam o crescimento das plantas. Isso está em falta na Lua, o que se soma a outros desafios, como redução da gravidade, radiação e elementos tóxicos.”

     

     

    Para superar esses obstáculos, a pesquisadora desenvolveu uma espécie de “mistura corretiva para solo”, visando melhorar a composição e a estrutura dos nutrientes da poeira lunar e a tornando adequada para o cultivo do grão-de-bico.

    Como o estudo foi feito?

    Para tornar a poeira lunar adequada e fértil para o cultivo, Atkin e seus colegas de pesquisa utilizaram fungos benéficos para o solo e vermicomposto (um composto derivado da reciclagem de resíduos orgânicos através da criação de minhocas). Os fungos sequestram toxinas presentes na poeira e as ligam à mistura corretiva do solo, o que faz com que elas fiquem menos disponíveis para absorção pelas raízes das plantas.

    Caso alguma toxina chegue na raiz, o fungo entra em ação prendendo-a em sua própria biomassa e na da raiz da planta, limitando a quantidade de componentes tóxicos absorvidos pela vegetação e pelas sementes. Já o vermicomposto é importante para fornecer nutrientes e alterar as propriedades físicas da composição da poeira lunar.

    No entanto, Atkin faz uma ressalva: na poeira lunar, o grão-de-bico pode levar até 120 dias para amadurecer, um tempo maior do que é necessário para o cultivo da leguminosa na Terra (100 dias). Além disso, durante o estudo, as plantas apresentaram sintomas de estresse.

    Por outro lado, a estudante está confiante de que, com mais estudos futuros, será possível cultivar outras espécies vegetais em poeira lunar, o que representa uma solução para redução de resíduos a longo prazo e para sustentabilidade de viagens e exploração lunar.