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    Bullying e assédio: estudo aponta riscos do metaverso para jovens dos EUA

    Segundo trabalho, uma parte significativa dos jovens relata ter sofrido discurso de ódio, assédio sexual, aliciamento e exposição indesejada a conteúdo violento ou sexual em ambientes virtuais

    Gabriela Maraccinida CNN

    O metaverso — ambiente que integra universos virtuais e reais — é cada vez mais comum na rotina de jovens dos Estados Unidos. Cerca de 33% dos adolescentes do país possuíam um dispositivo de realidade virtual, uma das tecnologias de metaverso, e 13% o usavam semanalmente, em março deste ano.

    Apesar de representar um avanço tecnológico e permitir experiências ricas em espaços imersivos virtuais, os jovens podem estar mais vulneráveis a riscos diversos ao bem-estar e saúde mental. De acordo com um novo estudo, realizado por pesquisadores da Florida Atlantic University (FAU), em colaboração com a University of Wisconsin-Eau Claire, os adolescentes nos EUA que possuem tecnologias de metaverso estão mais suscetíveis a 12 tipos específicos de danos.

    Segundo a pesquisa, publicada na revista New Media & Society, uma porcentagem significativa de jovens relatou ter sofrido várias formas de danos nesses espaços virtuais, incluindo discurso de ódio, bullying, assédio, assédio sexual, aliciamento e exposição indesejada a conteúdo violento ou sexual.

    Além disso, meninas relataram mais casos de assédio sexual e comportamento de aliciamento em comparação aos meninos, de acordo com o estudo. No entanto, ambos os gêneros tinham a mesma probabilidade de serem alvos de ataques devido à voz, avatar utilizado no metaverso, raça, religião ou deficiência.

    Discurso de ódio é o risco mais frequente no metaverso

    De acordo com os resultados do trabalho, mais de 44% dos jovens que possuem headset de realidade virtual receberam discurso de ódio — 8,9% relatam ter sofrido com a situação “muitas vezes”; 37,6% sofreram bullying; e 35% enfrentaram assédio.

    Além disso, quase 19% dos participantes do estudo sofreram assédio sexual; 43,3% lidaram com trolling [comportamento em que uma pessoa, deliberadamente, tenta provocar e irritar outras pessoas no ambiente digital] e 29,5% sofreram ameaças.

    O trabalho também descobriu que mais de 18% foram vítimas de doxing [revelação pública de informações pessoais de alguém sem seu consentimento]; e 22,8% foram vítimas de catfishing [criação de uma identidade falsa online para enganar alguém, normalmente para fins românticos].

    Por fim, quase 21% enfrentaram conteúdo violento ou sexual indesejado; 18,1% sofreram aliciamento ou comportamento predatório; e 30% foram alvos por fatores como peso, preferência sexual, orientação sexual ou filiação política.

    “Certas populações de jovens são desproporcionalmente suscetíveis a danos como aliciamento, especialmente aqueles que sofrem de sofrimento emocional ou problemas de saúde mental, baixa autoestima, relacionamentos parentais ruins e fraca coesão familiar”, afirma Sameer Hinduja, primeiro autor do estudo e professor da Escola de Criminologia e Justiça Criminal da Faculdade de Serviço Social e Justiça Criminal da FAU, em comunicado à imprensa.

    “Devido às características únicas dos ambientes do metaverso, os jovens podem precisar de atenção e suporte extras. A natureza imersiva desses espaços pode amplificar experiências e emoções, destacando a importância de recursos personalizados para garantir sua segurança e bem-estar”, acrescenta.

    Recomendações para maior segurança no metaverso

    Os pesquisadores também elencaram recomendações de segurança que utilizam metaverso. São elas:

    • Usar recursos de segurança fornecidos pela plataforma para restringir interações indesejadas e violações, incluindo funcionalidades de bloqueio, silenciamento de usuários e denúncias;
    • Realização de pesquisas e desenvolvimento contínuos nas áreas de segurança virtual para determinar como atender às necessidades dos usuários em contextos de vitimização potencial ou real;
    • Simplificar os mecanismos de denúncia da plataforma para garantir que sejam tomadas medidas rápidas contra os perpetradores;
    • Desenvolver mecanismos de controle de idade para ambientes de metaverso onde conteúdo maduro e interações proliferam;
    • Incentivar pais e responsáveis ​​a reservar um tempo para se familiarizarem com os recursos de controle parental disponíveis em dispositivos VR e plataformas de metaverso para definir limites, monitorar atividades e restringir certos recursos conforme necessário;
    • Integrar módulos de cidadania digital e literacia mediática atualizados, relevantes e acessíveis nos currículos escolares para fornecer aos jovens o conhecimento e as competências necessárias para navegar na realidade virtual e em outras tecnologias emergentes de forma segura e responsável;
    • Considerar implicações éticas de criações no metaverso, garantindo que promovam inclusão, respeito e desencorajem qualquer forma de assédio.

    “As preocupações de pais e responsáveis ​​com a realidade virtual geralmente refletem e se alinham com suas ansiedades históricas sobre videogames, uso excessivo de dispositivos, sua natureza sedentária, desenvolvimento cognitivo e perigo de estranhos”, diz Hinduja.

    “Ainda há muita promessa com essas novas tecnologias, mas é necessária vigilância quando se trata dos desafios únicos que elas apresentam, bem como das vulnerabilidades únicas que certos usuários jovens podem ter. Como tal, é ‘todos a postos’ para construir um metaverso mais seguro e inclusivo à medida que ele continua a evoluir”, finaliza.

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