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    Astrônomos encontram 7 planetas sendo “fritos” por calor de estrela

    Astrônomos usaram dados do telescópio espacial Kepler para identificar sete planetas que orbitam uma outra estrela na Via Láctea e sofrem com a potência de uma energia radiante ainda mais brutal do que a vista em Mercúrio

    Por Will Dunham, da Reuters

    Em nosso Sistema Solar, Mercúrio é o planeta que orbita mais próximo ao Sol, fritando perpetuamente pela radiação Solar sete vezes maior do que na Terra.

    Astrônomos que usaram dados obtidos pelo telescópio espacial Kepler, já aposentado pela Nasa, identificaram sete planetas orbitando uma outra estrela na Via Láctea, cada um deles sofrendo com a potência da sua estrela e recebendo energia radiante ainda mais brutal do que a vista em Mercúrio.

    Trata-se do segundo sistema com mais planetas identificados ao redor de qualquer estrela depois do nosso Sistema Solar.

    Todos os sete planetas são maiores do que a Terra, maior dos quatro planetas rochosos do nosso Sistema Solar, mas menores do que Netuno, menor dos quatro planetas gasosos ao redor do Sol. Todos eles possuem órbitas mais próximas à estrela deles — chamada de Kepler-385 — do que Mercúrio em relação ao Sol.

    “Todos os planetas são ‘fritos’ mais intensamente do que qualquer outro planeta do nosso Sistema Solar”, afirmou o astrônomo Jack Lissauer, do Centro de Pesquisa Ames, da Nasa, na Califórnia. Ele é autor do estudo que será publicado no Journal of Planetary Science e disponibilizado no website de pesquisa arXiv.

    Até hoje, cientistas identificaram mais de 5.500 exoplanetas — como são chamados aqueles fora do nosso Sistema Solar — e encontraram centenas de estrelas com múltiplos exoplanetas. Mas a coleção de sete deles da Kepler-385 é superada apenas pelas oito em órbita de uma estrela chamada Kepler-90. Outra estrela, a TRAPPIST-1, possui sete planetas. Nosso Sistema Solar tem oito.

    O telescópio espacial Kepler, membro da primeira missão de caça aos planetas da Nasa, foi aposentado em 2018. Ele detectava os exoplanetas por pequenos pontos passando em frente ao brilho das estrelas quando um planeta cruzava entre o seu ponto e aquela estrela.

    O estudo realça como existem diferentes tipos de sistemas Solares, e muitos provavelmente não se parecem com o nosso. Há quase certeza de que existem sistemas com mais de oito planetas, mas os telescópios ainda não são potentes o suficiente para identificar pequenos exoplanetas.

    A estrela Kepler-385 é cerca de 10% maior do que o diâmetro e massa do nosso Sol, e também é um pouco mais luminosa e quente. Ela está localizada a cerca de 5.000 anos luz da Terra. Um ano luz corresponde à distância que a luz viaja em um ano, ou 9,5 trilhões de quilômetros.

    O menor dos sete planetas — que ainda assim é 20% maior do que a Terra — é o que orbita mais próximo à estrela, algo em torno de 4% da nossa distância do Sol. O próximo planeta é cerca de 20% maior do que aquele mais próximo à estrela.

    “Ambos devem ser rochosos e ‘bloqueados’, mostrando a mesma face para sua estrela o tempo todo, como a Lua faz com a Terra”, afirmou Lissauer. “Isso faz com que sejam extremamente quentes no ponto mais próximo da estrela. Como é provável que qualquer atmosfera já tenha evaporado há muito tempo, os seus hemisférios virados para o lado oposto da estrela são perpetuamente escuros e extremamente frios.”

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