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    As girafas têm uma vida social tão complexa quanto a dos elefantes, diz estudo

    Pesquisadores revelam complexo comportamento social das girafas, que permaneceu em segredo durante anos

    Katie Hunt, CNN

    Com seus pescoços de guindaste, longas pernas e joelhos salientes, as girafas estão entre os animais mais amados e reconhecíveis. Apesar de sua estatura elevada, no entanto, as girafas mantiveram seu comportamento social surpreendentemente complexo em segredo.

    Percebidas como criaturas humildes que se concentravam exclusivamente em alimentar seus corpos majestosos, um livro de 1991 descreveu a girafa como “socialmente indiferente, que não forma laços duradouros com seus companheiros e que se associando da maneira mais casual”.

    Mas uma nova pesquisa da Universidade de Bristol, publicada na terça-feira (3) na revista Mammal Review, sugere que as girafas foram mal interpretadas e são, na verdade, uma espécie altamente complexa e social.

    “O mais surpreendente para mim é que demorou até 2021 para o reconhecimento de que as girafas têm um sistema social complexo. Há décadas que conhecemos outras espécies de mamíferos socialmente complexos, como elefantes, primatas e cetáceos, mas é desconcertante para mim como uma espécie tão carismática e conhecida como a girafa poderia ter sido tão pouco estudada até recentemente”, disse Zoe Muller, autora do estudo e bióloga da Faculdade de Ciências Biológicas da Universidade de Bristol.

    Em sua revisão de 404 artigos, os pesquisadores descobriram que as girafas parecem ter uma sociedade matrilinear.

    O estudo descobriu que as girafas fêmeas mantêm relacionamentos de longo prazo com outras fêmeas e seus próprios filhos. Laços estreitos se formam entre as fêmeas e seus filhotes, que às vezes são cuidados por outras fêmeas em uma espécie de creche. As girafas fêmeas mostram-se angustiadas quando um filhote do grupo morre, mesmo que não seja o seu. Girafas machos, no entanto, só se associam de forma consistente com suas mães.

    Desde 2010, de acordo com o estudo, houve um ressurgimento do interesse pelos animais, que mudou a forma como os cientistas os entendem. Câmeras digitais e uma melhor tecnologia de rastreamento também tornaram mais fáceis os estudos das girafas.

    Uma melhor compreensão do comportamento das girafas pode ajudar nos esforços para garantir sua sobrevivência. O número de girafas diminuiu 40% desde 1985, de acordo com o estudo, e elas são listadas como vulneráveis pela União Internacional para a Conservação da Natureza (UICN).

    Efeito vovó

    Talvez mais significativamente, o estudo também descobriu que a hipótese da avó – a ideia de que alguns animais sobrevivem muito além de seus anos reprodutivos para garantir que seus netos prosperem – pode se aplicar às girafas. Isso só foi observado em algumas espécies – incluindo orcas, elefantes e, claro, seres humanos.

    Os pesquisadores descobriram que as girafas fêmeas passam até 30% de suas vidas “em um estado pós-reprodutivo”. Isso se compara aos elefantes, que passam 23%, e orcas, que passam 35% de suas vidas neste estado.

    “Minha sugestão é que as ‘avós’ das girafas provavelmente desempenham um papel importante na sobrevivência dos membros do grupo. As avós provavelmente são repositórios de conhecimento para o grupo, mas também desempenham um papel importante no cuidado dos filhotes e na coeducação dos jovens”, disse Muller em um e-mail.

    Segundo a cientista, mais pesquisas são necessárias para entender o papel que as girafas fêmeas mais velhas, que podem viver por quase três décadas, desempenham na sociedade das girafas e quais os benefícios que isso pode trazer para a sobrevivência de seus filhos.

    Ainda existem lacunas no conhecimento das criaturas pelos cientistas. Por exemplo, não está claro como as girafas se comunicam, se os machos vivem além da idade reprodutiva e quais os benefícios que viver em grupos traz.

    “Espero que este estudo estabeleça um limite, a partir do qual as girafas serão consideradas mamíferos inteligentes, que desenvolveram sociedades complexas em grupo e altamente bem-sucedidas, o que facilitou sua sobrevivência em ecossistemas repletos de predadores”, disse Muller em um comunicado.

    Texto traduzido, leia o original em inglês.