Aquisição da Oi por concorrentes vai afetar leilão do 5G, diz presidente do Cade
Ele evitou fazer um pré-julgamento sobre a operação, mas deixou claro sua preocupação com a possibilidade de as concorrentes comprarem e dividirem a Oi

O presidente do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), Alexandre Barreto, afirmou em entrevista exclusiva à CNN que uma eventual redução do número de operadoras de telecomunicações no país vai ter repercussão no leilão de 5G no ano que vem.
Nesta quinta-feira (28), um consórcio formado por Vivo, Claro e Tim elevou a oferta pela operação de telefonia móvel da concorrente Oi para R$ 16,5 bilhões. A Oi, que está em recuperação judicial, também negocia com a novata Highline.
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“Se ocorrer uma redução do número de operadoras, teremos menos players disputando os espectros leiloados pelo governo no 5G. É mais um fator que exige a nossa atenção”, disse Barreto.
Ele evitou fazer um pré-julgamento sobre a operação, mas deixou claro sua preocupação com a possibilidade de as concorrentes comprarem e dividirem a Oi. As quatro operadoras já operam com participações de mercado próximas ou superiores a 20%, que é um patamar que exige a atenção das autoridades de defesa da concorrência.
“Caso se concretize o que vem se anunciando, vai exigir do Cade uma análise pormenorizada para impedir que o arranjo pós-operação seja ainda mais concentrado e, principalmente, prejudicial ao consumidor”, disse o presidente do Cade.
Barreto admitiu que, em momento de crise como o atual, é normal um movimento de concentração no mercado, com empresas financeiramente mais sólidas adquirindo concorrentes problemáticas.
Mas frisou que, no caso das telecomunicações, a pandemia do novo coronavírus até aumentou a demanda por alguns serviços, como a banda larga para a Internet.
Na próxima semana, as empresas interessadas nos ativos da Oi precisam fazer uma pré-oferta que vai definir quem terá a preferência de compra no leilão previsto para ocorrer até janeiro de 2021.
