Voluntária da vacina de Oxford relata ‘sintomas leves’ após receber dose
A pediatra afirmou ter sentido efeitos colaterais característicos da substância
Uma das voluntárias do programa de testes da vacina contra a Covid-19 desenvolvida pela Universidade de Oxford, a pediatra Andréa Mansinho relatou à CNN, nesta quarta-feira (22), a experiência de passar pelo processo, que começou no final do mês junho em algumas capitais brasileiras.
A profissional de saúde ressaltou que, como os testes envolvem também aplicação de placebo, ela não sabe se, de fato, recebeu a dose da vacina contra a doença causada pelo novo coronavírus. Contudo, a pediatra afirmou ter sentido efeitos colaterais característicos da substância.
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“Eu tive sintomas leves. Um mal-estar, dor no corpo e sensação de que eu ia ficar doente”, descreveu ela, que seguiu a orientação de tomar paracetamol em caso de efeitos da vacina.
Sobre fazer parte da experiência que pode ajudar a conter a doença que já infectou quase 15 milhões de pessoas pelo mundo, segundo dados da Universidade Johns Hopkins, Andréa afirmar ter “sensação e expectativa boas”, que “a enchem de esperança de poder ver um fim positivo para a pandemia”.
“Ter uma vacina é uma luz no fim do túnel no sentido de que podemos pensar que a pandemia pode ter um fim da melhor maneira possível, que é com todo mundo seguro”, refletiu a profissional, que trabalha no Hospital Beneficência Portuguesa, em São Paulo.
A voluntária irá passar pela próxima avaliação do teste na semana que vem. O procedimento irá testar a imunidade ao vírus e comparar o índice antes da vacina (sem anticorpos contra a Covid-19) com a situação atual, cerca de um mês após a aplicação da dose experimental.
Resultados promissores
Na segunda-feira (20), os primeiros resultados da vacina desenvolvida por cientistas da Universidade de Oxford em parceria com o grupo farmacêutico AstraZeneca foram publicados na revista científica britânica The Lancet.
As fases 1 e 2 dos testes da vacina para a Covid-19 sugerem que ela é segura e induz uma rápida resposta imunológica. A substância é desenvolvida por cientistas da Universidade de Oxford em parceria com o grupo farmacêutico AstraZeneca.
Até o momento, a substância não apresentou nenhum efeito colateral grave, e desencadeou respostas de anticorpos e células T (responsáveis pela imunidade celular no organismo).
A candidata à vacina – chamada AZD1222 – provocou uma resposta de anticorpos em 28 dias e de células T em 14 dias. Segundo a publicação, a substância se mostra promissora.
Os testes foram feitos em 1.077 pessoas com idades entre 18 e 55 anos, sem histórico de infecção pelo novo coronavírus, em cinco hospitais do Reino Unido, de abril até o fim de maio.
A vacina de Oxford é uma entre as mais de 150 que estão sendo desenvolvidas atualmente no mundo, de acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), sendo que 23 delas estão em ensaios clínicos em humanos.
(Edição: Leonardo Lellis)