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    Vitamina D: Como manter níveis equilibrados em meio à pandemia e restrições

    Consumo da vitamina não tem relação direta com a Covid-19, mas pode ajudar a combater outras doenças como diabetes e osteoporose, afirmam especialistas

    Anna Gabriela Costa, da CNN, em São Paulo

    Associada à exposição solar, a importância da vitamina D no corpo tem sido especialmente destacada por médicos durante a pandemia do novo coronavírus, período em que as chances de tomar sol tem sido cada vez mais escassas devido às medidas de restrição. 

    Entretanto, especialistas esclarecem que não há evidência científica que comprove a relação entre o déficit da vitamina D e a Covid-19, como tem circulado em grupos de WhatsApp e divulgado como fake news na internet.

    Endocrinologista do hospital Israelita Albert Einstein, Gustavo Daher afirma que os potenciais efeitos da vitamina D relacionados à autoimunidade e contra a Covid-19 já foram recentemente estudados e “infelizmente descartados”.

    No que diz respeito à autoimunidade, um estudo recente, desenvolvido por pesquisadores  da Universidade de Chicago e publicado no Journal of the American Medical Association, reforçou que essa correlação não existe, ou seja, a ingestão de vitamina D não impede que a pessoa contraia Covid-19. No entanto, a mesma pesquisa, realizada com 4.368 voluntários, sugere que a falta de vitamina D pode aumentar em até 7% as chances de infecção pelo vírus. 

    Outra pesquisa conduzida por pesquisadores da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP) em agosto de 2020 mostrou que a Vitamina D não tem efeito sobre os sintomas da Covid-19. Os pesquisadores avaliaram os índices do nutriente em 240 pacientes e observaram que altas taxas da vitamina não estavam associadas à melhora do quadro grave de Covid-19. O trabalho foi publicado em fevereiro deste ano pelo Journal of the American Medical Association.

    Mesmo sem evidências científicas conclusivas de seus efeitos em relação à Covid-19, a importância da vitamina D tem sido reafirmada pela ciência.

    A vitamina D é conhecida por ser uma das principais reguladoras da absorção de cálcio pelo organismo, cuja deficiência está ligada ao desenvolvimento de problemas como osteoporose, raquitismo e maior risco de fraturas. 

    Daher explica que outros efeitos relacionados à vitamina D e que tem sido estudados nos últimos anos incluem regulação do sistema autoimune, potencial influência no sistema metabólico, efeitos cardiovasculares e neurológicos. “Há também alguns estudos sobre seus efeitos em doenças oncológicas”, afirma o médico.

    De acordo com a nutricionista Marianna Unger, especialista em nutrição nas doenças crônicas e degenerativas e doutora em Ciências da Saúde, diversas pesquisas apontam que a redução de vitamina D no organismo também está associada a um maior risco de diabetes, asma, dermatite atópica, alergia alimentar, doença inflamatória intestinal, artrite reumatoide, doença cardiovascular, esquizofrenia, depressão, além de alterações imunológicas. 

    Níveis adequados 

    Daher explica que o valor adequado do nutriente no organismo é algo amplamente discutido na literatura médica, e que não há, ainda, um consenso sobre o número ideal. “Usualmente utilizamos medidas acima 30mg/Dl como referência, mas este padrão não é único”, afirma.

    Ainda que não haja um padrão em relação às quantidades adequadas do nutriente no organismo, sua manutenção é altamente defendido pelos especialistas. “Especialmente para pessoas que já sofrem com doenças relacionadas ao metabolismo do osso, como osteoporose”, firma Daher. 

    “Evidências também mostram que a vitamina D pode modular o sistema imunológico e atuar na destruição de agentes infecciosos”, completa Unger.

    Para identificar os índices do nutriente no corpo basta fazer um simples exame de sangue, que pode ser solicitado por médicos de especialidades diversas. 

    Alimentação ideal

    A principal fonte de vitamina D para nosso organismo é a luz solar, mas a alimentação adequada também é uma forte aliada para manter seus índices equilibrados.

    Entre os alimentos que mais fornecem vitamina D estão peixes como sardinha, salmão e atum, além do óleo de peixe, da gema de ovo, do fígado e do cogumelo. “Alguns alimentos que não são naturalmente fontes de vitamina D, como leites e iogurtes, podem ser fortificados com vitamina D”, acrescenta Unger. 

    A nutricionista afirma que se a combinação de uma dieta rica em nutrientes com exposição solar de maneira saudável não for suficiente para garantir os níveis recomendados de vitamina D, pode ser necessário fazer uma suplementação com orientação de um especialista.

    E as crianças?

    Como a vitamina D é importante para o metabolismo ósseo e seu adequado desenvolvimento, as crianças também precisam ter níveis adequados do nutriente no organismo, explicam os especialistas. 

    “Em partes do país onde a incidência de sol é mais baixa para crianças, como na cidade de São Paulo, doses de reposição mínima costumam ser indicadas pelas Sociedades de Pediatria”, afirma Daher. 

    Deficiência de vitamina D em crianças está associada a uma fragilidade da estrutura óssea e ao raquitismo, segundo Unger. 

    A nutricionista explica que grande parte das pesquisas com vitamina D começaram por volta do ano de 1900, e que esses documentos mostram uma alta prevalência de raquitismo na Europa e nos Estados Unidos, atingindo cerca de 80% a 90% das crianças. 

    O tratamento era baseado, principalmente, no aumento da exposição solar, na utilização de luz artificial e na fortificação alimentar. “A atenção à manutenção dos níveis de vitamina D, seja por exposição solar, seja por suplementação, seja por fortificação de alimentos, fez com que essa condição se tornasse rara atualmente”, disse.  

    crianças e sua mãe
    Especialistas destacam a importância da vitamina D para as crianças
    Foto: Neil Hall/Reuters