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    Vírus da varíola dos macacos pode se espalhar em quartos de isolamento, diz estudo

    Segundo o estudo, não há sugestão de que a transmissão do vírus da varíola dos macacos por aerossóis seja uma maneira comum de a infecção se espalhar de uma pessoa para outra

    Lucas Rochada CNN , em São Paulo

    O vírus da varíola dos macacos pode ser disseminado no ambiente em ambientes hospitalares fechados, como quartos de isolamento, particularmente a partir de partículas de pele e em detritos de lesões e crostas formadas pelas doenças.

    O vírus é relativamente resistente e, em condições apropriadas, pode permanecer infeccioso em superfícies por semanas, criando um risco potencial de infecção para outras pessoas.

    A Agência de Segurança da Saúde do Reino Unido (UKHSA, em inglês) recomenda que os pacientes com varíola dos macacos com doença grave que exija internação hospitalar sejam atendidos em quartos de isolamento, com precauções de prevenção e controle de infecções que visam conter o vírus. No entanto, até o momento não está claro se essas medidas são proporcionais aos riscos potenciais de exposição ao vírus.

    Análise

    Para ampliar o conhecimento sobre o problema, pesquisadores da Escola de Medicina Tropical de Liverpool, do Departamento de Medicina Nuffield da Universidade de Oxford e da UKHSA realizaram um estudo que coletou amostras dos quartos de pacientes hospitalizados com varíola dos macacos. Os resultados foram publicados no periódico científico The Lancet Microbe.

    A equipe avaliou a extensão da disseminação do vírus nas superfícies em quartos de isolamento especializados contendo pacientes internados para o tratamento da doença grave. Eles também investigaram se o vírus era detectável em amostras de ar dos quartos.

    Os pesquisadores descobriram que o DNA viral expelido pelos pacientes pode ser encontrado em várias superfícies em todos os quartos de isolamento (56 testes de diagnóstico molecular positivos em 60 amostras). O DNA do vírus monkeypox também foi encontrado em equipamentos de proteção individual (EPI) usados ​​por profissionais de saúde que cuidam desses pacientes e nas antecâmaras onde eles removem seus EPIs. O DNA viral também foi detectado em 5 das 20 amostras de ar coletadas nesses ambientes de isolamento.

    A troca da roupa de cama foi uma atividade particularmente associada à detecção do DNA do vírus em amostras de ar no quarto. Os achados sugerem que partículas virais, provavelmente em partículas de pele, podem ficar suspensas no ar quando os lençóis são trocados. O vírus monkeypox capaz de se replicar em células em condições de laboratório (um indicador de que o vírus pode infectar outras pessoas) foi identificado em 2 das 4 amostras positivas selecionadas para isolamento do vírus. Isso inclui amostras de ar coletadas durante a troca da roupa de cama.

    “Nossos resultados apontaram que mudar a roupa de cama de um paciente parece estar particularmente associado a uma maior capacidade de detectar o vírus da varíola dos macacos em amostras de ar. Em 2018, pensou-se que um profissional de saúde do Reino Unido desenvolveu varíola dos macacos após ser exposto ao vírus enquanto trocava a roupa de cama de um paciente, antes que a doença fosse considerada e diagnosticada. Nossos resultados sugerem que trocar a roupa de cama usada por pacientes hospitalizados realmente aumenta o risco de exposição ao vírus, espalhando o vírus na roupa de cama e permitindo que ele seja suspenso no ar”, disse Susan Gould, da Escola de Medicina Tropical de Liverpool, autora do estudo, em comunicado.

    Isolamento do vírus

    Além de detectar o DNA do vírus, os pesquisadores conseguiram isolar vírus capazes de se replicar em algumas amostras de superfície e do ar. Os resultados revelam que o vírus em algumas amostras de ar coletadas em pacientes hospitalizados é capaz de se replicar nas células e não é apenas um vírus “morto”.

    “Esses resultados sugerem que o vírus da varíola dos macacos lançado no ambiente de um paciente hospitalizado representa um risco de infecção que precisa ser gerenciado”, diz Susan.

    A pesquisa avaliou especificamente os riscos de exposição no cuidado de pacientes internados em instalações especializadas em hospitais. Os pesquisadores ponderam que os resultados e recomendações podem não se aplicar a outros ambientes, como ambulatórios, onde os pacientes são atendidos por um curto período de tempo e as interações são diferentes, sendo improvável que o vírus se acumule em tal extensão.

    “É importante notar que a detecção de vírus, mesmo quando comprovadamente infeccioso, não significa necessariamente que a exposição ao vírus na vida real resultaria na infecção da pessoa exposta. No entanto, revela um risco potencial de transmissão e que é razoável controlar em ambientes hospitalares. Nossos resultados confirmam que as medidas rígidas de prevenção e controle de infecções que seguimos em centros especializados em doenças infecciosas são necessárias e apropriadas”, afirma o autor sênior do artigo, Jake Dunning, do Departamento de Medicina Nuffield da Universidade de Oxford e do Royal Free London NHS Foundation Trust.

    Segundo o estudo, não há sugestão de que a transmissão do vírus da varíola dos macacos por aerossóis seja uma maneira comum de a infecção se espalhar de uma pessoa para outra.

    “No contexto de cuidados baseados em enfermarias, nossos resultados apoiam medidas de prevenção e controle de infecções projetadas para proteger contra a exposição a vírus infecciosos em superfícies e no ar, como EPI apropriado, bem como a aplicação de medidas projetadas para conter o espalhamento do vírus nos quartos de isolamento dos pacientes hospitalizados, incluindo o uso de ambientes de pressão negativa e áreas de retirada de equipamentos”, disse Susan.

    O estudo foi liderado por cientistas da Escola de Medicina Tropical de Liverpool e da Universidade de Oxford, como parte da Unidade de Proteção à Saúde do Instituto Nacional de Pesquisa em Saúde e Cuidados em Infecções Emergentes e Zoonóticas, que inclui a Universidade de Liverpool como parceira.

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