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    Veja o que já se sabe sobre as vacinas contra o novo coronavírus

    Processo de desenvolvimento envolve pelo menos três fases de testes e acelerá-lo pode ser perigoso

    Holly Yan, CNN

    Enquanto o novo coronavírus continua se espalhando e matando milhares de pessoas ao redor do mundo, todos esperam por uma vacina que seja eficiente contra a doença.

    Mas detalhes e cronogramas sobre uma possível prevenção mudam constantemente. Saiba onde estamos na corrida por uma vacina contra a Covid-19:

    Quando uma vacina contra a Covid-19 estará disponível?

    Ninguém tem certeza ainda, mas o objetivo é algum momento no início de 2021. As vacinas em desenvolvimento em todo o mundo estão em vários estágios de teste.

    O médico Anthony Fauci, diretor do Instituto Nacional de Alergia e Doenças Infecciosas dos EUA (NIAID), disse estar confiante de que uma das vacinas em teste será segura e eficaz no primeiro trimestre de 2021.

    Mas não está claro qual dessas opções é a mais promissora. Enquanto isso, o governo dos EUA ajuda empresas como Moderna a acelerar o desenvolvimento de suas vacinas para que, se funcionarem com segurança, possam ser implementadas rapidamente.

    “No início de 2021, esperamos ter algumas centenas de milhões de doses”, disse Fauci.

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    Francis Collins, diretor do Instituto Nacional de Saúde dos EUA (NIH), fez uma previsão semelhante: “Se tudo correr bem, talvez até 100 milhões de doses no início de 2021 (sejam possíveis)”, disse Collins.

    Mas muitos médicos dizem que a vacinação eficaz até janeiro é uma meta altamente ambiciosa. “Tudo terá que ser incrivelmente perfeito para que isso aconteça”, disse Larry Corey, especialista em virologia, imunologia e desenvolvimento de vacinas.

    Por que demora tanto tempo para se desenvolver uma vacina?

    As vacinas precisam passar por testes em várias fases para garantir que sejam eficazes e seguras. Normalmente, uma vacina leva de 8 a 10 anos para ser desenvolvida, disse Emily Erbelding, médica especialista em doenças infecciosas do NIAID.

    Veja como o processo normalmente funciona: primeiro, uma vacina é geralmente testada em animais antes dos seres humanos. Se os resultados forem promissores, é feito um teste trifásico em humanos.

    • Fase 1: A vacina é administrada a um pequeno grupo de pessoas para avaliar a segurança e, às vezes, a resposta do sistema imunológico. Se tudo correr bem, os pesquisadores passam para a fase 2.

    • Fase 2: Esta fase aumenta o número de participantes – geralmente na casa das centenas de pessoas – para um estudo randomizado (com elementos aleatórios). Mais membros de grupos de risco são incluídos. “Na fase 2, o estudo clínico é ampliado e a vacina é administrada a pessoas que têm características (como idade e saúde física) semelhantes àquelas para as quais a nova vacina é destinada”, de acordo com os Centros de Controle e Prevenção de Doenças (CDC). Se os resultados forem promissores, o estudo será movido para a fase 3.

    • Fase 3: Esta fase testa a eficácia e a segurança de milhares (ou dezenas de milhares) de pessoas. O número substancialmente maior de participantes nesta fase ajuda os pesquisadores a entender possíveis efeitos colaterais raros da vacina.

    Quais os riscos de acelerar o processo?

    A história mostrou que as vacinas desenvolvidas ou distribuídas às pressas podem levar a consequências não intencionais.

    Em 2017, uma campanha apressada para vacinar cerca de 1 milhão de crianças contra dengue nas Filipinas foi interrompida por razões de segurança. O governo filipino indiciou 14 autoridades estaduais em conexão com a morte de 10 crianças vacinadas, dizendo que o programa foi “lançado às pressas”.

    Vacina, Covid-19
    Normalmente, leva-se de 8 a 10 anos para desenvolver uma vacina de forma eficaz
    Foto: Dado Ruvic – 22.mai.2020/Reuters

    Em 1976, os EUA lidavam com um surto de gripe suína. O governo do presidente Gerald Ford ignorou um aviso da Organização Mundial da Saúde (OMS) e prometeu vacinar “todos os homens, mulheres e crianças nos Estados Unidos” contra o novo vírus. Após a vacinação de 45 milhões de pessoas, os pesquisadores descobriram que um número desproporcionalmente alto – cerca de 450 pessoas – desenvolveram a síndrome de Guillain-Barré, um distúrbio raro no qual o sistema imunológico do corpo ataca os nervos, levando à paralisia. Pelo menos 30 pessoas morreram.

    Porém, no geral, as vacinas são essenciais para ajudar a prevenir doenças e mortes. A OMS estima que as vacinas salvam entre 2 e 3 milhões de vidas por ano.

    Como acelerar com segurança o processo?

    “Nenhuma vacina será apresentada a menos que tenha sido analisada minuciosamente, tanto em termos de ‘É seguro?’ e ‘Isso protege você?’ “, disse Collins, diretor do NIH. Os cientistas estão tentando encontrar maneiras seguras de acelerar os processos típicos. Por exemplo:

    • Em Seattle e Atlanta, os pesquisadores planejam testar animais e humanos ao mesmo tempo, em vez de animais antes dos humanos, de acordo com o site de notícias de saúde Stat.

    • Algumas vacinas podem ser produzidas em massa antes mesmo de os testes terminarem. “Vamos começar a fabricar doses das vacinas antes mesmo de sabermos que a vacina funciona”, disse Fauci.

    Se os testes de vacina forem bem-sucedidos, milhões de doses estarão prontas — potencialmente salvando vidas imediatamente, em vez de esperar meses para que a produção acelere. Mas, se os testes não forem bem-sucedidos, o estoque de vacinas pré-fabricadas poderá ser destruído.

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    Fauci disse que uma vacina potencial, feita pela empresa de biotecnologia Moderna em parceria com o NIAID, deve entrar em um estágio final de testes até meados do verão. O plano é fabricar doses da vacina antes que fique claro se elas funcionam, fazendo cerca de 100 milhões de doses até novembro ou dezembro, disse Fauci.

    Os cientistas devem ter dados suficientes até novembro ou dezembro para determinar se a vacina funciona, disse Fauci. Outra possível vacina, fabricada pela AstraZeneca, está em andamento no Reino Unido e seguirá um cronograma semelhante.

    Quem está produzindo as vacinas?

    Dezenas de equipes de pesquisa de todo o mundo trabalham para desenvolver ou testar as vacinas contra o novo coronavírus. No início de junho, havia mais de 120 possível vacinas, informou a OMS.

    Algumas estão em estágios mais avançados do que outras. Em 4 de junho, 10 possíveis vacinas já estavam em testes em humanos – quatro nos EUA, cinco na China e uma no Reino Unido, informou a OMS.

    “Como temos vários desses ensaios, e todos eles usam uma estratégia diferente, estou otimista de que pelo menos um, talvez dois ou três se pareçam com o que precisamos”, disse Collins.

    “Queremos proteger nossas apostas com várias abordagens diferentes, de modo que é muito provável que pelo menos uma delas – e talvez mais – funcione.”

    Quem participa dos testes?

    Os participantes do teste geralmente são voluntários que não foram infectados anteriormente pelo vírus. Neal Browning, um engenheiro de redes do estado de Washington, disse que se ofereceu por causa da “dor que o mundo está sofrendo”.

    “Eu vejo essas mortes. E eu sinto que qualquer outra pessoa que estivesse no meu lugar e perto do centro de pesquisa e fosse uma pessoa saudável, faria a mesma coisa pela humanidade”, disse ele.

    Browning foi um dos 45 participantes da primeira fase do teste de vacina da Moderna. Ele disse que os 45 participantes foram divididos em três grupos de 15 pessoas.

    Um grupo recebeu uma pequena dose de 25 microgramas da vacina. Após duas semanas, esse grupo não mostrou grandes efeitos adversos da vacina. Então “o segundo grupo – que recebeu quatro vezes mais, 100 microgramas – recebeu as doses da vacina”, disse Browning.

    Depois que o segundo grupo não mostrou grandes problemas, o terceiro grupo recebeu 10 vezes a dosagem do primeiro grupo – 250 microgramas.

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    Browning disse que recebeu duas doses da vacina experimental e se sentiu “completamente normal”.

    Ele disse que o teste provavelmente envolverá um “estudo desafiador, no qual as pessoas serão expostas ao vírus real, para que não seja apenas acadêmico e possamos garantir que a vacina seja realmente eficaz”.

    Browning disse que não contou para sua família que se voluntariaria para o estudo até o último instante e, agora, eles acham “muito legal que ele tenha feito algo assim”. “Acho importante que eles aprendam que, como membro da sociedade, você precisa ajudar a fazer o que puder”, disse ele.

    Quanto custa desenvolver uma vacina contra o coronavírus?

    Isto não está claro. O grupo Médicos Sem Fronteiras (MSF) instou os líderes mundiais a exigir que as empresas farmacêuticas vendam qualquer vacina bem-sucedida do Covid-19 a preço de custo – isto é, sem lucro.

    “Todo mundo parece concordar que não podemos aplicar os princípios de negócios como de costume aqui, onde os maiores compradores conseguem proteger seu povo desta doença primeiro, enquanto o resto do mundo é deixado para trás”, disse Kate Elder, conselheira sênior de políticas de vacinação da MSF

    Até o início de junho, governos e organizações filantrópicas doaram mais de US$ 4,4 bilhões a empresas farmacêuticas para pesquisa e desenvolvimento de vacinas Covid-19, disse a MSF.

    Quão eficaz ou duradoura será a vacina?

    Nem todas as vacinas são criadas da mesma forma. Se você for vacinado contra a poliomielite, provavelmente estará protegido por toda a vida. Mas se você tomar uma vacina contra a gripe, você ainda pode pegar a gripe no mesmo ano (embora, provavelmente, com sintomas menos graves). E você precisará de uma vacina contra a gripe diferente no ano seguinte.

    Os pesquisadores dizem que, neste momento, não há como prever quão eficaz ou duradoura será uma nova vacina contra o novo coronavírus.

    Mas, como algumas outras vacinas, várias doses podem ser necessárias para obter a resposta imune desejada. Collins disse que os ensaios da Fase 3 revelarão se uma ou duas injeções serão necessárias.

    Temos certeza de que obteremos uma vacina eficaz contra o Covid-19?

    Não. Embora os pesquisadores estejam otimistas, não há garantia. “Existem alguns vírus contra os quais ainda não temos vacinas”, disse o David Nabarro, professor de saúde global do Imperial College de Londres.

    “Não podemos assumir uma hipótese absoluta de que uma vacina aparecerá ou, se aparecer, passará em todos os testes de eficácia e segurança”, completou.

    E se as pessoas não desenvolverem imunidade duradoura contra o novo coronavírus, uma vacina pode não funcionar bem.

    O que devemos fazer se não tivermos uma vacina contra Covid-19?

    Nabarro disse: “É absolutamente essencial que todas as sociedades em todos os lugares se posicionem em que possam se defender contra o coronavírus como uma ameaça constante, e sejam capazes de viver a vida social e a atividade econômica com o vírus em seu meio”.

    (Texto traduzido. Clique aqui para ler o original em inglês)

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