Veja como fica o esquema de vacinação de reforço, de acordo com a Anvisa
Agência de vigilância ressaltou nesta quarta-feira que o Ministério da Saúde deveria aguardar a orientação técnica antes informar sobre reforço
A área técnica da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) definiu, nesta quarta-feira (24), as diretrizes para administração das doses de reforço contra a Covid-19 no Brasil e sobre a intercambialidade das vacinas.
Foi aprovada a vacinação de reforço heteróloga — com um imunizante diferente — apenas para quem tomou duas doses da Coronavac. Para as demais vacinas (AstraZeneca, Pfizer e Janssen), o esquema ideal é o homólogo, ou seja, com o mesmo imunizante (veja abaixo).
No caso da vacina da farmacêutica Pfizer, a recomendação já foi publicada no Diário Oficial da União (DOU). Isso porque a solicitação havia sido feita em setembro pela empresa. O pedido de modificação na bula aprovado pela Anvisa nesta quarta.
Já a inclusão da dose de reforço nas bulas dos imunizantes da AstraZeneca e Janssen segue em análise, pois as solicitações à Anvisa foram feitas há uma semana. A agência tem 30 dias para responder.
Segundo a relatora Meiruze Freitas, diretora da Anvisa, a recomendação do reforço da Pfizer para quem tomou a Coronvac foi “tendo em vista que não há dados da Coronavac na Anvisa para dose de reforço e considerando avaliações de outros que já utilizam dose de reforço da Pfizer para Coronvac — Chile, Uruguai, Indonésia e Singapura”.
Ainda de acordo com Meiruze, a recomendação da utilização do reforço da Pfizer como reforço da Coronavac irá acontecer “até que o Instituto Butantan nos apresente mais informações, e que os estudos de monitoramento nos mostrem dados diferentes.”
Veja como fica o esquema de vacinação de reforço, de acordo com a Anvisa.
- Quem tomou duas doses de Coronavac deve receber preferencialmente o reforço de Pfizer;
- Quem tomou duas doses de Pfizer deve receber preferencialmente o reforço de Pfizer após seis meses da segunda dose (esquema de vacinação completo);
- Quem tomou duas doses da AstraZeneca deve receber preferencialmente o reforço de AstraZeneca;
- Quem tomou a dose única de Janssen deve receber preferencialmente o reforço (segunda dose) de Janssen.
Os diretores da Anvisa tomaram a decisão por unanimidade na reunião desta quarta-feira (24). A área técnica da agência utilizou o parecer técnico do gerente-geral de medicamentos, Gustavo Mendes.
Meiruze Freitas ainda afirmou que o próprio Ministério da Saúde se corrigiu em ofício enviado nesta quarta à Anvisa, após não ter procurado a agência para tomar decisões sobre a dose de reforço na semana passada.
Porém, neste ofício, Meiruze disse que a pasta “ainda recomenda a vacinação heteróloga (vacina diferente) para os imunizados com a AstraZeneca”. A informação diverge da análise técnica da Anvisa.
“Não identificamos riscos adicionais para utilização da vacina heteróloga. Achamos que homologo é mais adequado. Mas também nessa revisão não identificamos a necessidade de comunicar ao Ministério da Saúde a suspensão imediata do modelo heterólogo”, destaca Meiruze.
Procurado pela CNN, o Ministério da Saúde não se manifestou até a publicação desta reportagem.
Ministério da Saúde decidiu pela dose de reforço sem consultar Anvisa
Na reunião desta quarta, ficou decidido por unanimidade que a vacinação com a dose de reforço deve ser homóloga — mesma vacina — com Pfizer, AstraZeneca e Janssen. No caso da Coronavac, o reforço precisa ser heterólogo. Ou seja, quem tomou duas vacinas de Coronavac deve tomar uma terceira dose de Pfizer.
O Ministério da Saúde já tinha decidido pela dose de reforço sem consultar a agência, que se reuniu hoje, extraordinariamente, para se manifestar sobre como andam as análises de doses de reforço no Brasil.
A pasta anunciou na semana passada que todos os 158 milhões de brasileiros com mais de 18 anos deveriam receber uma terceira dose depois de 5 meses da segunda dose de qualquer vacina contra a Covid-19.
O esquema seria o heterólogo, ou seja, a dose de reforço deveria ser com uma tecnologia diferente das duas primeiras. Mas, no dia seguinte, o próprio Ministério da Saúde recuou em relação à Pfizer e à Janssen, dizendo aguardar o aval da Anvisa.
[cnn_galeria active=”false” id_galeria=”439988″ title_galeria=”Veja a vacinação contra a Covid-19 no Brasil e no mundo”/]
Para os vacinados com esses imunizantes, os reforços deveriam ser com as mesmas vacinas. No caso da Pfizer, cinco meses depois das duas primeiras doses. E, para os imunizados com a Janssen, segunda dose de Janssen após dois meses.
No caso da AstraZeneca, a informação do Ministério da Saúde — de que quem tomou duas doses deve se imunizar com um reforço de um imunizante diferente — diverge do aval técnico da Anvisa.
A agência ressaltou ainda nesta quarta-feira (24) que a pasta do governo federal deveria aguardar a orientação técnica antes de ter dado as informações sobre a intercambialidade das vacinas.
Anvisa diz que há problema de segurança para quem tomou a dose de reforço da Coronavac
A diretora da Anvisa Meiruze Freitas afirmou, durante entrevista coletiva, que não foram identificados problemas de segurança para quem foi imunizado com a Coronavac na dose de reforço.
“O que a gente identifica é que pode ter uma resposta imunológica maior [o uso da Pfizer no reforço de quem tomou duas doses da Coronavac. A avaliação da Anvisa com a vacina de mRNA, que é a da Pfizer, tem a melhor resposta imunogénica, considerando a vacinação de vírus de inativado [caso da Coronavac] que tem uma menor eficácia, é a preferencialmente a utilização da vacina da Pfizer.”