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    Variante Delta representa 100% das amostras sequenciadas em setembro no RJ

    Estado soma 1.471 dos 6.300 casos da cepa originária da Índia registrados no Brasil

    Pauline AlmeidaThayana Araújoda CNN , no Rio de Janeiro

    Menos de um mês após se tornar predominante no estado do Rio de Janeiro, a variante Delta do coronavírus já representa 100% das amostras analisadas em setembro.

    Dados da Secretaria Estadual de Saúde mostram que os 45 sequenciamentos realizados entre os dias 1º e 10 desse mês, todos da região metropolitana, identificaram a cepa identificada primeiro na Índia.

    “Vimos que a predominância da variante Delta substituiu a da variante Gama, reforçando a agressividade dessa linhagem em termos de transmissibilidade. Com esses dados, queremos reforçar junto à população a importância dos cuidados sanitários no controle da Covid-19 e da vacinação, principalmente às duas doses”, defendeu o secretário estadual de Saúde, Alexandre Chieppe.

    Desde janeiro, 4.893 amostras de coronavírus foram sequenciadas no Rio de Janeiro. Desse total, 69% são da variante Gama, identificada inicialmente no Amazonas, que foi a mais frequente entre fevereiro até a substituição pela Delta, em agosto.

    O Brasil soma 6.300 casos da variante Delta, segundo a última atualização do Ministério da Saúde, 1.471 deles no Rio de Janeiro, atrás apenas de São Paulo, com 3.027.

    Amílcar Tanuri, médico virologista e professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), aponta que a cepa originária da Índia vem ganhando terreno rapidamente no país. No caso do Rio, que teve o primeiro caso da variante registrado em solo brasileiro, no fim de maio, a vacinação contra Covid-19 impediu efeitos mais graves.

    “O que a gente achou muito interessante é que não houve o mesmo fenômeno que aconteceu nos Estados Unidos, de um aumento explosivo no número de casos e mortes. Temos certeza que é o efeito da vacinação, que subiu no estado e na cidade do Rio na mesma proporção em que a Delta entrou”, apontou Tanuri.

    Na capital fluminense, por exemplo, o índice de imunização é de 98,8% entre a população acima de 12 anos, apta para receber a dose. Tanuri defende que a testagem precoce, o isolamento dos infectados e a imunização são as formas de conter a disseminação do vírus.

    “Mesmo você perdendo anticorpos, no caso de pessoas que se vacinaram há muito tempo, com mais de seis meses, quando é infectado, as células de memória voltam a produzir resposta e protegem depois de uma semana”, adiantou Tanuri sobre um artigo que está sendo finalizado na UFRJ e deve ter os detalhes divulgados no mês de outubro.

    Agente de Saúde aplica dose de vacina da Pfizer contra a Covid-19 em adolescentes de 14 anos, no Centro Municipal de Saúde João Barros Barreto, em Copacabana, zona sul do Rio de Janeiro
    98,8% da população do Rio de Janeiro acima dos doze anos apta para a vacinação, já tomou o imunizante contra a Covid-19/Estadão Conteúdo

    Disseminação de variantes

    O Rio de Janeiro continua com apenas um caso da variante Mu, identificada primeiro na Colômbia, que foi notificado em junho. O morador da capital, de 57 anos, tinha histórico de viagem ao México, onde a cepa circula. Sem comorbidades e vacinado com a primeira dose contra o coronavírus, o paciente teve sintomas leves e se recuperou bem, segundo informações da Secretaria de Estado da Saúde.

    Uma das responsáveis por descobrir a variante Delta em vários estados, a pesquisadora da Rede Genômica da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) Marilda Siqueira informou que a Mu ainda não tem uma expansão no país. Até a última quarta-feira (22), eram 21 casos em seis estados.

    Marilda Siqueira destaca que, mesmo diante da queda de internações e de mortes, o vírus da Covid-19 está evoluindo e adquirindo novas mutações.

    “A variante P.1 do coronavírus, rebatizada de Gama pela Organização Mundial da Saúde (OMS), é uma das que também tem passado por muitas mudanças e, com isso, pode se tornar resistente”, alertou.

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