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    Variante Delta já deve circular ‘na maioria dos estados’, afirma infectologista

    Para Sergio Cimermann, país ainda não deve mexer no intervalo entre as doses das vacinas mesmo com presença da nova cepa

    Giovanna Galvani e Layane Serrano, da CNN, em São Paulo

    Com novas confirmações da variante Delta no estado do Rio de Janeiro neste sábado (17), a cepa já deve circular na “grande maioria” dos estados brasileiros, afirmou o infectologista Sérgio Cimermman, coordenador científico da Sociedade Brasileira de Infectologia, em entrevista à CNN.

    “A porcentagem [de circulação da variante] pulou de 2% para 12% num espaço curto de uma semana. Não significa que a gente vai aumentar isso semanalmente e vai chegar, no Brasil, ao nível de 85% de circulação de Delta como acontece em outros países”, analisou. “A nossa variante principal ainda é a P1, a Gama, a variante de Manaus, e é a que circula no país na maioria das vezes, com uma vacinação ativa contra esse tipo de caso também”, declarou.

    Segundo dados da Agência CNN, o Brasil possui 96 casos confirmados da variante Delta em sete estados até o momento. Cimermann avalia que o número ainda deve aumentar nos próximos dias conforme os processamentos genéticos de casos suspeitos sejam realizados, mas que as vacinas contra a Covid-19 disponíveis no Brasil têm se mostrado efetivas contra formas graves da doença, mesmo causada pela nova mutação.

    “A Delta é mais transmissível, mas não é mais letal, e as vacinas que temos disponíveis em território nacional dão cobertura também para a variante delta. Isso já é uma grande segurança para nós”, afirmou o infectologista, ressaltando também a importância da conclusão da imunização para os que já podem tomar a segunda dose.

    “O desfecho principal da vacina é a prevenção da doença grave e óbitos. Já temos uma boa parte da população brasileira com a primeira dose, mas se você não voltar para tomar a segunda dose, o efeito protetor da vacina vai ser diminuído”, disse. 

    Apesar da presença cada vez mais maior da Delta no país, Cimermann não acredita que o Programa Nacional de Imunização deva remanejar, ao menos neste momento, o intervalo de aplicação entre as doses no Brasil. 

    “Como não estamos vivendo um período crítico com a variante Delta, acredito que podemos manter nesse momento como estamos – lembrando o que acontece hoje, pode ser completamente diferente daqui a dias”, analisou.

    Medidas restritivas

    O infectologista também avaliou que, no momento, o Brasil ainda está longe de patamares observados em países que já liberaram a população do uso de máscara em espaços abertos ou permitiram o acesso do público aos jogos de futebol, por exemplo.

    “Não temos condição. Em algum momento, o Brasil vai caminhar para isso. Eu acredito que se a vacinação for efetiva até outubro e novembro, como é a previsão do Plano Nacional de Imunização, nós vamos também ter esse benefício do relaxamento de medidas preventivas, porém tudo isso vai ter que ser avaliado mais pra frente para ver como vamos se comportar sobretudo com a variante Delta”, afirmou.

    “Israel e Estados Unidos já estão mudando um pouco sua visão, sobretudo com o retorno do uso de máscaras”, complementou. Para ele, essa constante reavaliação das medidas tomadas no combate à pandemia é consequência de um vírus “traiçoeiro” – que indetermina também a possibilidade do surgimento ou não de novas variantes pelo mundo.

    “Esse é um vírus extremamente traiçoeiro. A gente ainda vai ter que aprender ainda um pouco mais. Já faz um ano e meio, a população está cansada, mas tem muitas respostas que nós não temos e vamos ter essa lacuna. Temos que agir com que a gente tem: vacina, medida preventiva o tempo todo, e vamos progredir”, concluiu.

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    Foto: Mendelics/Divulgação