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    Variante da Covid pode demandar 3ª dose da Coronavac, aponta estudo preliminar

    Pesquisa aponta que quem já teve a doença não está imune à nova variante da Covid-19

    Leandro Resendeda CNN

    Pesquisadores brasileiros descobriram que duas doses da Coronavac podem não ser suficientes para a variante brasileira do novo coronavírus (P1), identificada primeiro em Manaus, capital do Amazonas, em dezembro de 2020. 

    A pesquisa, ainda preliminar, traz outro alerta importante: os anticorpos de quem já teve o novo coronavírus com a cepa mais comum da doença não garantem imunidade contra esta variante.

    A CNN conversou com dois pesquisadores que participaram do estudo, José Luiz Proença Módena e Fabiana Granja, ambos da Unicamp. Apesar do alerta, os dois destacaram que a aplicação do imunizante deve continuar e que essa é a “única forma de prevenir casos graves da doença”. 

    O estudo, conduzido por cientistas da USP, Unicamp, Universidade de Oxford entre outras instituições, sugere que a cepa, presente em pelo menos 17 estados brasileiros, é capaz de driblar a capacidade neutralizante dos anticorpos produzidos tanto por quem já pegou Covid-19, como por quem já recebeu duas doses da Coronavac.  

    O artigo chama a atenção para a possibilidade de novas variantes do Sars-CoV-2 serem mais resistentes às vacinas contra Covid-19. Para chegar a essa conclusão, os cientistas analisaram o plasma de oito pessoas que participaram dos testes da fase 3 da Coronavac e que já haviam sido imunizados com as duas doses da vacina no final de agosto. 

    Os pesquisadores confrontaram a capacidade dos anticorpos presentes no plasma de “vencerem” a nova variante P1 e a cepa do vírus que mais circula no País, da linhagem B, e perceberam que o vírus conseguiu escapar. Não há informações no estudo sobre a gravidade da doença para quem se reinfectar ou se infectar com a cepa P1 mesmo tendo sido vacinado. 

    “Nossos dados, em hipótese alguma, indicam que a Coronavac não funciona. Só chama atenção para o fato de que as medidas de controle da doença precisam continuar mesmo entre os que já tomaram a vacina, que dá proteção contra formas graves e é a única forma de aliviarmos a pressão sobre o sistema de saúde”, afirmou à CNN o coordenador Laboratório de Estudos de Vírus Emergentes da Unicamp, professor José Luiz Proença Módena. 

    Resposta imune

    A Coronavac é produzida pelo Instituto Butantan e pela farmacêutica Sinovac e é a principal vacina contra a Covid-19 distribuída pelo Ministério da Saúde através do Programa Nacional de Imunizações (PNI).

    Em nota, o Butantan informou à CNN que a vacina “induz ampla resposta imune” contra a Covid-19 e que “realiza estudos próprios em relação à variante identificada no Amazonas. Os resultados devem ser conhecidos nos próximos dias”. 
      
    “As novas variantes aumentam a chance de reinfecção. Quem já teve pode não estar protegido”, afirmou a pesquisadora Fabiana Granja, responsável pela manipulação do vírus em laboratório. 

    Anticorpos

    Em outra conclusão que inspira preocupação, os cientistas analisaram o plasma sanguíneo de 19 pessoas que tiveram Covid-19. O resultado: há uma diminuição em seis vezes das chances de os anticorpos neutralizarem a nova variante. 

    Os pesquisadores seguem trabalhando e afirmaram à CNN que novos resultados, realizados com a análise do sangue de outras pessoas, estão mostrando os mesmos dados que os iniciais.

    “É um alerta. Vamos continuar pesquisando. Talvez seja necessária a aplicação de uma dose de reforço, ou de vacinar as pessoas todo ano contra a Covid-19, como fazemos no caso da Influenza (gripe). As pessoas devem tomar a vacina, porque é ela quem vai evitar a ida ao hospital”, afirmou.