Variante da Covid-19 identificada no RJ circula no PR desde outubro, diz estudo
O trabalho também identificou a presença da cepa do Reino Unido, também chamada de B.1.1.7, em uma amostra de um paciente com manifestação clínica grave
Uma variante do novo coronavírus, que pode potencializar a velocidade de transmissão da doença, está em circulação desde outubro do ano passado no Paraná, de acordo com uma pesquisa do Projeto Genoma Covid-19. A linhagem é identificada como P.2 (B.1.1.28.2) e foi detectada, oficialmente, no mês passado, no Rio de Janeiro.
A circulação da nova cepa em território paranaense foi confirmada por um estudo que investiga as características genéticas do novo coronavírus (SARS-CoV-2), relacionadas às diferentes manifestações clínicas em pacientes infectados e os fatores de resistência e suscetibilidade à Covid-19.
A pesquisa está vinculada ao Projeto Genoma Covid-19, conduzido pela Rede de Estudos Genômicos do Paraná, no âmbito do Novo Arranjo de Pesquisa e Inovação em Genômica (Napi Genômica). O projeto reúne mais de 200 pesquisadores de instituições de ensino e pesquisa públicas e privadas.
O trabalho também identificou a presença da cepa do Reino Unido, também chamada de B.1.1.7, em uma amostra de um paciente com manifestação clínica grave. A amostra foi coletada no dia 6 de janeiro de 2021.
Essa variante tem sido caracterizada por uma disseminação mais rápida que as outras, e é cerca de 70% mais transmissível.
Até meados de outubro do ano passado, o Paraná havia sequenciado o genoma do novo coronavírus em 10 amostras de pacientes acometidos com a Covid-19. Com o desenvolvimento da pesquisa foi possível ampliar a investigação, aumentando esse número para 78 amostras, inicialmente sequenciadas.
O estudo revelou que 11% dessa amostragem pertence à linhagem identificada no mês passado, no Rio de Janeiro. As amostras analisadas nessa primeira fase são oriundas de Curitiba e Londrina.
Nas próximas etapas a pesquisa deve contemplar amostras de pacientes de Cascavel, Foz do Iguaçu, Maringá e Ponta Grossa, com possibilidade de alcançar até 300 pessoas.
“Essa pesquisa é fundamental para demonstrar se realmente as linhagens identificadas no Paraná podem estar associadas ao pior prognóstico e evolução da doença, bem como ao agravamento da pandemia registrado nos últimos meses”, afirmou a professora Andréa Name Colado Simão, pesquisadora e coordenadora do Laboratório de Pesquisa em Imunologia Aplicada da UEL, que também atua como bioquímica do Laboratório de Diagnóstico Molecular do Hospital Universitário de Londrina.