Variante amazônica já representa 83% dos casos de coronavírus no Rio
Índice foi obtido por análise do genoma de amostras coletadas na cidade
A variante P1 do novo coronavírus, oriunda do Amazonas, já responde por 83% dos casos de Covid-19 na cidade do Rio de Janeiro neste mês e março. O dado foi revelado nesta sexta-feira, pela Secretaria Municipal de Saúde.
O número de casos confirmados entre os residentes da cidade saltou de 53, na semana passada, para 145, com base em amostras analisadas por sequenciamento genético.
No entanto, esses números não configuram a totalidade dos casos do município, são resultado de uma avaliação amostral.
Até janeiro, a variante que predominava no Rio de Janeiro era a P2, que não é uma das linhas de preocupação, como a amazônica, a do Reino Unido e a da África do Sul.
As três compartilham uma mutação comum, associada à maior transmissibilidade e à possibilidade de escape de anticorpos. A análise mostra que a variante britânica representa 3% dos casos. Os outros 14% são da linhagem original do vírus Sars-CoV 2.
A P1 assumiu a prevalência no Rio ainda em fevereiro e, de acordo com o secretário municipal de Saúde, Daniel Soranz, se tornou responsável pelo atual cenário.
“Os dados obtidos pela vigilância genômica cresceram muito. Além da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), temos uma parceria com a USP e a UFRJ. Tem muita circulação da P1, ela é muito predominante, bem diferente do que acontecia anteriormente. Hoje, temos clareza que o principal fator para o aumento de casos nessa intensidade é a P1”, afirma o secretário.
A capital do estado já teve 16 mortes de habitantes provocadas pelas variantes de preocupação. Até o Boletim Epidemiológico divulgado pelo município na semana passada, eram seis.
Leitos de UTI
Na rede SUS localizada no município, o número de pacientes internados com Covid-19 superou 1,3 mil, e há outros 139 aguardando vagas, segundo o painel da Secretaria Municipal de Saúde.
A cidade tem 95% de taxa de ocupação de seus leitos de UTI. A realidade da capital não configura uma exceção no estado. A fila de espera por terapia intensiva na Central de Regulação da Secretaria de Estado de Saúde bateu na quinta-feira o terceiro recorde consecutivo, com 602 pessoas. A espera aumentou pelo 13º dia consecutivo.
Neste momento, a taxa de ocupação dos leitos de UTI é igual ou superior a 90% em 24 municípios. Em seis deles, ela supera os 100%: Iguaba Grande (175%) e Rio das Ostras (109%), na Região dos Lagos, Quissamã (110%) e Miracema (115%), no Norte Fluminense, Sumidouro (120%), na Região Serrana, e São João de Meriti (153%), na Baixada Fluminense.