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    Vacinação contra a gripe teve pequena adesão neste ano, diz pesquisador

    De acordo com um levantamento realizado pela CNN, quatro estados enfrentam um cenário de epidemia ou surto da doença

    Lucas RochaDuda CambraiaGiulia AlecrimJulyanne Jucáda CNN

    em São Paulo

    Cidades brasileiras de diferentes regiões apresentaram uma alta incidência de casos de gripe nas últimas semanas.

    De acordo com um levantamento realizado pela CNN, quatro estados enfrentam um cenário de epidemia ou surto da doença: Rio de Janeiro, Espírito Santo, Rondônia e Rio Grande do Norte. Outros dois, Rio Grande do Sul e Amazonas, estão em alerta.

    O vírus Influenza, causador da doença, tem uma característica sazonal: ele circula durante o ano todo, nas diversas regiões do mundo, com predomínio nos meses do outono e inverno. Em entrevista à CNN neste sábado (18), o pesquisador Fernando Motta, virologista do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz) afirmou que a baixa cobertura vacinal contra a gripe contribui para o aumento de casos da doença no país.

    “Nesse ano, infelizmente por causa de vários fatores, tivemos uma pequena adesão à campanha de vacinação da gripe. Tivemos um quantitativo de pessoas que tomou menos esse reforço. O vírus parou de circular no Brasil e no mundo inteiro durante praticamente um ano. Isso faz com que a gente acabe ficando um pouco mais suscetível”, afirmou Motta.

    Em nota enviada à CNN, o Ministério da Saúde afirmou que em 2021 foram aplicadas cerca de 67,9 milhões de doses da vacina contra a gripe em todo o país. Esse quantitativo representa uma cobertura vacinal de 71,2%, considerando o público-alvo da campanha.

    Além da baixa cobertura vacinal, o aumento dos casos durante o mês de dezembro pode estar associado à flexibilização das medidas de restrição adotadas como prevenção à Covid-19 e ao relaxamento da etiqueta respiratória, que inclui o uso de máscaras, a higienização das mãos e o distanciamento social.

    “A ferramenta mais importante é concentrar que essa transmissão siga adiante e, logicamente, cuidar daquelas pessoas que têm comorbidades e aquelas pessoas que são mais suscetíveis à doença grave”, disse Motta.

    Alta transmissão amplia capacidade de mutações

    Os vírus do tipo Influenza possuem uma capacidade de mutação ainda maior do que o novo coronavírus. O pesquisador da Fiocruz, Fernando Motta, afirma que reduzir a transmissão do vírus neste momento é fundamental para frear o ritmo de mutações virais que ganham impulso com a alta de infecções.

    Ao infectar uma pessoa, o vírus da gripe passa a criar inúmeras cópias de si mesmo no organismo. Segundo o virologista, é justamente neste processo de replicação que surgem as mutações virais. Assim, quanto mais indivíduos forem infectados, maiores as chances do aparecimento de novas versões do vírus Influenza.

    “O vírus evolui à medida que ele vai contaminando as pessoas e vai se replicando. Neste momento em que não esperaríamos que o vírus estivesse se replicando, temos que evitar o máximo possível a propagação das transmissões. Se tivermos uma grande quantidade de vírus replicando em muitos lugares no país, estamos acelerando esse motor de aumentar a capacidade do vírus de variar e se diferenciar”, explica.

    Segundo Motta, um dos principais riscos do aumento dos casos e do surgimento de novas variantes é a redução de eficácia das vacinas contra a gripe que serão desenvolvidas no início de 2022.