Vacina que protege bebês contra bronquiolite chega ao Brasil; veja preços

As primeiras doses de Abrysvo, vacina contra o vírus sincicial respiratório (VSR), um dos causadores da bronquiolite, chegam aos centros e clínicas de vacinação particulares do Brasil a partir desta semana. O imunizante foi desenvolvido pela Pfizer e é o único no Brasil com indicação para idosos e bebês, os dois grupos mais vulneráveis às infecções provocadas pelo vírus.

Aprovada em abril deste ano, a Abrysvo é indicada para gestantes e idosos. Mulheres grávidas devem receber uma única dose da vacina entre as semanas 24 e 36 da gestação, como forma de oferecer resposta imune contra infecções respiratórias causadas pelo VSR nos bebês até 6 meses de idade.

“Quando a mãe recebe a vacina, os anticorpos produzidos por ela atravessam a placenta, fortalecendo o organismo do bebê, cujo sistema imunológico ainda está em desenvolvimento”, explica Adriana Ribeiro, diretora médica da Pfizer Brasil.

“O desenvolvimento de vacinas para gestantes é considerado prioritário pela Organização Mundial de Saúde (OMS), podendo reduzir as taxas de mortalidade infantil, aliviar a sobrecarga das unidades hospitalares pediátricas e, é claro, evitar esse forte impacto para as famílias”, acrescenta.

Para idosos a partir dos 60 anos, a indicação é de uma única dose. “Os mais velhos também constituem um grupo de risco para desdobramentos graves da infecção pelo VSR. Essas complicações podem, inclusive, agravar ou desestabilizar condições de saúde pré-existentes, como cardiopatias, pneumopatias, diabete e nefropatias”, afirma a médica.

A aprovação do imunizante no Brasil foi baseada nos resultados de ensaios clínicos que demonstraram a eficácia e a segurança tanto para idosos quanto para bebês, a partir da imunização da mãe durante a gestação. No estudo de fase 3 para indicação materno-fetal, a vacina se mostrou capaz de prevenir 82% das formas graves de doenças respiratórias causadas pelo VSR em crianças de até 3 meses de idade, e 69% para bebês até os 6 meses.

Em idosos, o imunizante também demonstrou resultados consistentes durante sua avaliação no programa clínico, alcançando uma eficácia de 85,7% contra quadros graves provocados pelo VSR.

Paralelamente à parceria com a rede privada de imunização, a Pfizer também solicitou à Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde (Conitec), em julho, a inclusão de Abrysvo no Programa Nacional de Imunizações (PNI), para aplicação nos postos de saúde. Neste momento, esse pedido está sob análise do Ministério da Saúde, segundo a farmacêutica.

Quanto custa a vacina contra bronquiolite e onde encontrar?

O preço da vacina Abrysvo pode variar de acordo com a clínica e o laboratório em que ela está sendo oferecida. Segundo apuração feita pela CNN, o imunizante está disponível nos laboratórios da Dasa, como Alta Diagnósticos (SP e RJ), Delboni e Lavoisier (SP), Sérgio Franco e Bronstein (RJ), Cerpe e Boris Berenstein (PE), Exame (DF), Leme (BA), Frischmann-Aisengart (PR), Lustosa e São Marcos (MG), entre diversas marcas da rede. O valor da dose nesses locais é de R$ 1.650.

Já nos laboratórios do Grupo Fleury, o valor da dose da vacina Abrysvo varia de R$ 1.620,00 a R$ 1.830,00, e o imunizante está disponível nas unidades de suas marcas regionais em todo o Brasil, conforme informado pelo laboratório à CNN.

Na Beep Saúde, empresa de saúde domiciliar, o valor da dose da Abrysvo é R$ 1.720. Através do aplicativo da empresa, é possível agendar o melhor dia e horário para receber a vacina em casa, com aplicação feita por equipe especializada.

À CNN, o Hospital Israelita Albert Einstein informou que a vacina contra VSR está disponível em suas unidades que oferecem serviços de vacinação e em domicílio. Estão disponíveis os imunizantes Arexvy, exclusivo para pacientes 60+, e Abrysvo, voltado para pacientes 60+ e gestantes. Os valores variam, de acordo com o tipo de imunizante.

O que é vírus sincicial respiratório (VSR)?

O vírus sincicial respiratório é um dos principais causadores da bronquiolite, quadro caracterizado pela inflamação aguda dos bronquíolos, ramificações finas e pequenas dos brônquios responsáveis por conduzir o ar para dentro dos pulmões.

Os principais sintomas da infecção por VSR incluem coriza, tosse e febre. O vírus pode causar quadros graves, causando sintomas como dificuldade para respirar, piora da tosse, aumento da frequência respiratória e dificuldade para deglutir e mamar, no caso dos bebês. Eventualmente, pode levar à internação e piorar condições de saúde já existentes, como cardiopatias, pneumopatias, diabetes, hepatopatias e nefropatias em adultos mais velhos.

Segundo dados mais recentes da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), o VSR permanece, até então, uma das principais causas de internações e óbitos em crianças de até dois anos no Brasil. Além disso, os quadros de infecção pelo vírus representam 41,6% dos casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) no país.

Nas crianças menores de dois anos, o VSR chega a ser responsável por até 40% das pneumonias e 75% dos quadros de bronquiolite – uma inflamação aguda das ramificações que conduzem o ar para dentro dos pulmões, podendo causar quadros graves, que demandam internação — segundo a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP).

Com a disponibilização do imunizante, a vacinação se torna uma das principais formas de prevenção contra formas graves de doenças respiratórias causadas pelo VSR. Outras formas de prevenir a infecção incluem evitar o contato ou exposição da criança e do idoso a outra pessoa já contaminada, reforçar cuidados básicos de higiene e limpeza de objetos que podem estar contaminados.

Além da vacina, também está disponível o palivizumabe, um anticorpo monoclonal indicado para crianças com risco elevado de desenvolver infecção grave por VSR, como bebês prematuros ou com doenças cardíacas, ou pulmonares graves. Ele é administrado por injeção intramuscular mensal, durante o período de maior circulação do vírus (geralmente, no inverno e na primavera).

https://stories.preprod.cnnbrasil.com.br/saude/bronquiolite-complicacoes-causadas-por-vsr-crescem-em-2024-no-brasil/