Vacina para crianças é mais diluída e vem em frasco diferente, diz infectologista
À CNN, Luana Araújo explica que apesar da composição ser a mesma, doses compradas e que já estão no Brasil não servem para público de 0 a 11
A composição da vacina contra Covid-19 aprovada para adultos é a mesma que poderá, em breve, ser utilizada em crianças. No entanto, por uma comparação imunológica, seguindo dados de estudos disponíveis até o momento, “crianças precisam de uma dose menor para ter a mesma imunogenicidade”. É o que explica a infectologista e epidemiologista Luana Araújo.
“As vacinas que a gente tem compradas hoje no Brasil não servem para ser aplicadas em crianças. Não é o posto de saúde lá na ponta que tem que tirar menos, diluir diferente, não é assim, elas precisam ser compradas para essa população. Existem aproximadamente 17 milhões de crianças nessa faixa etária no país”, disse à CNN.
A Pfizer informou, na quinta-feira (11), que pretende fazer o envio formal do pedido para permissão de vacinaçar crianças de 5 a 11 anos até o fim de novembro. O pedido será encaminhado para a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
Na avaliação de Luana, a aprovação deve ser rápida, uma vez que a permissão da agência americana traz um respaldo para a análise no Brasil.
“Se os dados forem ofertados lá com essa resposta facilita muito o trabalho da Anvisa aqui que, obviamente, vai revisar isso tudo, mas já faz isso com um estofo que garante uma aproximação mais fácil. E aí, a gente precisa adquirir essas doses, distribuí-las e botá-las a disposição da população.”
A epidemiologista acredita que, caso seja aprovada, a vacina só chegará para as crianças em 2022. “Eu não acredito que isso aconteça até o final do ano [2021]. Na verdade, eu acho que essa negociação já devia estar acontecendo em paralelo com o processo de aprovação”, sugere.
A epidemiologista enfatizou que 900 mil crianças já foram vacinadas nos Estados Unidos e não houve a incidência de nenhum evento adverso grave.
“O fato é que ela é uma dose menor, portanto ela tem menor incidência de eventos adversos, ao mesmo tempo em que continua sendo extremamente imunogênica, trazendo proteção para estas crianças. A gente não tem razão para ficar preocupado e não levar as crianças para se vacinar”, defende.
Luana Araújo ainda lembra que, sem vacina, as crianças continuam sendo vetores de manutenção da circulação.
“A gente sabe que hoje, a despeito da idade, o grande público-alvo do vírus é o não-vacinado. A gente pode até ter uma redução na média-móvel de óbitos de uma maneira geral na população, mas se ela se concentra na faixa-etária entre zero e doze anos, a gente tem um problema grave”, conclui.
(Publicado por Sinara Peixoto)