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    Vacina contra dengue no SUS: saiba quem pode tomar e como funciona

    Brasil é o país que registra mais casos de dengue no mundo, segundo a OMS, com 2,9 milhões de casos e pelo menos 1.094 mortes em 2023

    Vacina Qdenga, do laboratório japonês Takeda, contra dengue.
    Vacina Qdenga, do laboratório japonês Takeda, contra dengue. Foto: Rogério Vidmantas/Prefeitura de Dourados

    Fernanda Pinottida CNN

    em São Paulo

    No fim de dezembro, o Ministério da Saúde incorporou a vacina contra dengue ao Sistema Único de Saúde (SUS). O Brasil passa a ser o primeiro país do mundo a oferecer o imunizante no sistema público universal.

    De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), o Brasil é o país que registra mais casos de dengue no mundo, com 2,9 milhões de casos em 2023. Segundo o Ministério da Saúde, pelo menos 1.094 pessoas morreram por conta da dengue no ano passado.

    Segundo a médica infectologista do Hospital Emílio Ribas Rosana Richtmann, a inclusão dessa vacina no SUS é o primeiro passo para combater a dengue no nosso país.

    “Claro que não é só a vacinação, em especial para um grupo pequeno de pessoas, que vai resolver o problema. Mas é o primeiro passo para a gente poder continuar com novas medidas e, assim que a gente tiver mais vacinas disponíveis, inclusive de outros fabricantes, poder ampliar a vacinação para uma população ainda maior”, disse Richtmann.

    A vacina, conhecida como Qdenga, foi aprovada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) em março de 2023, e desde julho já está disponível em clínicas privadas.

    Como funciona a vacina contra a dengue?

    A Qdenga pode ser aplicada em pessoas de 4 a 60 anos de idade para prevenir a dengue, independentemente da exposição anterior à doença e sem necessidade de teste pré-vacinação.

    O imunizante, do laboratório japonês Takeda Pharma, funciona por conter o vírus atenuado. Ou seja, a vacina contém o vírus da dengue modificado de forma a ser incapaz de causar a doença.

    A Qdenga é composta por quatro sorotipos do vírus diferentes. E a aplicação é feita em um esquema de duas doses, com intervalo de 90 dias entre elas.

    A avaliação clínica do imunizante apontou que a vacina tem eficácia de 80,2% contra a dengue, com período de proteção de 12 meses após o recebimento das duas doses.

    Quem pode receber a vacina contra a dengue?

    A vacina Qdenga foi aprovada pela Anvisa para pessoas de 4 a 60 anos de idade, que já tiveram dengue ou não.

    No entanto, a infectologista Rosana Richtmann explica que, por ser uma vacina feita com o vírus atenuado, ela é contra-indicada para algumas pessoas, como: gestantes, lactantes, pessoas com algum tipo de imunodeficiência ou sob algum tratamento imunossupressor.

    Embora em clínicas particulares qualquer pessoa na faixa etária entre 4 e 60 anos possa receber o imunizante, para a aplicação no SUS é preciso definir prioridades.

    Segundo o Ministério da Saúde, o governo vai priorizar a imunização contra a dengue de crianças e adolescentes de 6 a 16 anos, conforme as recomendações da OMS.

    O infectologista Álvaro Costa, do Hospital das Clínicas, explicou: “Não é que as outras faixas não podem tomar [a vacina], é que não tem quantidade de doses suficiente para imunizar todo mundo.”

    Segundo ele, a escolha do público alvo foi definida porque a mortalidade é maior nos grupos mais jovens.

    A previsão é que o laboratório entregue ao governo cerca de 5,082 milhões de doses em 2024, entre fevereiro e novembro. Por ser uma vacina de duas doses, isso significaria no máximo 3 milhões de pessoas imunizadas — pouco mais de 1% da população brasileira.

    O que a inclusão da vacina contra dengue no SUS significa?

    Segundo Álvaro Costa, é importante lembrar que a vacina contra a dengue não é uma “bala de prata” para o país que tem o maior número de casos da doença no mundo. E ainda é preciso controlar o vetor — ou seja, impedir a proliferação do mosquito Aedes aegypti.

    Combinação de calor e chuvas promove o ambiente ideal para a proliferação do mosquito Aedes aegypti./ Breno Esaki

    “A vacina é para a redução de mortalidade. Você vai reduzir os óbitos, mas não vai reduzir os casos”, explicou o infectologista.

    Para Richtmann, o impacto positivo da vacina em diminuir as vítimas da dengue no país não deve ser enxergado ainda em 2024, mas sim no ano que vem ou daqui a dois anos.

    “O impacto vai depender da cobertura vacinal, o quanto a gente conseguir de vacinas e, principalmente, se a gente adquirir um maior número de doses, seja com outros fabricantes ou com o próprio Butantan fabricando a vacina da dengue”, completou a médica.