Vacina contra câncer junto com imunoterapia reduz tumor no fígado, diz estudo
Segundo teste preliminar, um terço dos pacientes com câncer avançado teve seus tumores reduzidos após a combinação desses dois tipos de terapia
Quase um terço dos pacientes com câncer de fígado avançado que receberam uma vacina personalizada desenvolvida pela Geneos Therapeutics junto com um medicamento de imunoterapia em um pequeno e inicial teste clínico viu seus tumores reduzirem, de acordo com o relato de pesquisadores dos Estados Unidos no último domingo (7).
O resultado foi aproximadamente o dobro da resposta geralmente vista apenas com a imunoterapia, segundo os pesquisadores.
Resultados do estudo preliminar, apresentados na Associação Americana de Pesquisa do Câncer em San Diego e publicados na revista Nature Medicine, sugerem que vacinas baseadas em mutações presentes apenas no tumor de um paciente podem impulsionar a capacidade do sistema imunológico de reconhecer e atacar cânceres difíceis de tratar.
As descobertas, que precisam ser confirmadas em um estudo maior, aproximam ainda mais a indústria de vacinas contra o câncer eficazes, após muitos fracassos passados, e podem expandir os tipos de cânceres que essas terapias podem tratar.
Parceiros como a Moderna e a Merck & Co, entre outros, tiveram resultados promissores combinando vacinas personalizadas com imunoterapia para evitar o retorno do câncer de pele em pacientes após a cirurgia.
Para o estudo, os pesquisadores usaram amostras dos tumores dos pacientes para construir vacinas baseadas em neoantígenos — novas mutações presentes apenas no tumor de um paciente individual. O objetivo era treinar o sistema imunológico para atacar e matar apenas essas proteínas únicas, deixando o tecido saudável intacto.
Ao contrário do câncer de pele, que possui muitas mutações para o corpo reconhecer, o câncer de fígado é considerado um câncer frio porque contém menos mutações, o que tornou as imunoterapias menos eficazes.
“Essa vacina essencialmente educa o sistema imunológico para reconhecer antígenos que ele ignorou”, diz o líder do estudo, Mark Yarchoan, do Centro de Câncer Kimmel da Johns Hopkins.
O estudo envolveu 36 pacientes com carcinoma hepatocelular, a forma mais comum de câncer de fígado. Os pacientes receberam vacinas feitas sob medida junto com o Keytruda da Merck, uma imunoterapia amplamente utilizada e considerada o padrão de cuidado na época.
Quase um terço dos pacientes tratados com a terapia combinada (30,1%) experimentaram encolhimento do tumor, com três desses pacientes tendo uma resposta completa, o que significa que não há sinais detectáveis do tumor restantes após um acompanhamento médio de 21,5 meses.
Isso se compara com a resposta típica de cerca de 12% a 18% em pacientes com câncer de fígado que recebem apenas imunoterapia. “Isso certamente sugere que a vacina realmente adicionou eficácia clínica”, afirma Yarchoan. O efeito adverso mais comum foi reações leves no local da injeção. Não houve eventos adversos graves.
Ao contrário de muitos candidatos a vacinas baseados em tecnologia de RNA mensageiro (mRNA), o tratamento da Geneos é uma vacina de DNA, no qual o código genético das proteínas mutadas é injetado nas células usando um pequeno impulso elétrico. Cada vacina pode visar até 40 genes mutados.
Yarchoan disse que estão sendo planejados estudos maiores, mas se recusou a fornecer detalhes.