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    USP inicia testes, em animais, de vacina brasileira contra o novo coronavírus

    Expectativa dos pesquisadores é que testes sejam concluídos até o final deste ano; estudo determinará quantas doses serão necessárias para conferir imunidade

    Fabricio Julião, , da CNN, em São Paulo

    Pesquisadores do Instituto do Coração (InCor) da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP) começaram a testar, em camundongos, uma potencial vacina contra o novo coronavírus.

    O objetivo dos estudos é identificar um imunizante capaz de produzir uma resposta rápida e duradoura no sistema imunológico dos animais. A pesquisa é apoiada pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp).

    “Já conseguimos desenvolver três formulações de vacinas que estão sendo testadas em animais. Em paralelo, estamos formulando diversas outras para identificar a melhor candidata”, disse Gustavo Cabral, pesquisador responsável pelo projeto, à Agência Fapesp.

    Para o desenvolvimento do projeto, serão usadas partículas semelhantes a vírus (VLPs, na sigla em inglês). Elas possuem características próximas às de peptídeos e proteínas de vírus, como a de superfície do SARS-CoV-2 – chamada spike –, e, por isso, são facilmente reconhecidas pelas células do sistema imune.

    No entanto, as VLPs não têm material genético do patógeno, o que as torna seguras para o desenvolvimento de vacinas. Com o intuito de permitir que sejam reconhecidas pelo sistema imunológico, elas são inoculadas juntamente com antígenos – substâncias que estimulam o sistema imune a produzir anticorpos.

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    Dessa forma, é possível unir as características das VLPs com a especificidade do antígeno. “Com essa estratégia é possível direcionar o sistema imunológico para reconhecer as VLPs conjugadas a antígenos como uma ameaça e desencadear a resposta imune de forma eficaz e segura”, disse o pesquisador.

    Desenvolvimento da pesquisa

    Nos primeiros ensaios, as vacinas serão aplicadas nos camundongos em diferentes concentrações. A cada semana será colhida uma amostra do plasma destes animais para analisar a produção de anticorpos produzidos. Este processo será realizado durante meses e, após o acompanhamento das respostas, será possível identificar qual formulação de vacina, e em que concentração, é capaz de induzir a imunidade ao longo do tempo e neutralizar o vírus.

    Além disso, a quantidade de doses das possíveis vacinas, alvo de debate entre especialistas no mundo todo, pode ser identificada com a supervisão do processo envolvendo os roedores. “Esse acompanhamento contínuo também permitirá sabermos quantas doses da vacina serão necessárias para conferir imunidade”, explicou Cabral.

    A formulação que apresentar o melhor desempenho em termos de indução de resposta imunológica será injetada em camundongos transgênicos, que carregam o receptor das células humanas com o qual a proteína spike do SARS-CoV-2 se liga. O objetivo é avaliar por quanto tempo a vacina confere imunidade e se é segura para a realização de testes em humanos.

    A expectativa dos pesquisadores é que os testes sejam concluídos até o final deste ano. “Estamos sendo muito cuidadosos com a realização dos testes e tentando responder ao máximo de questões possíveis para conseguirmos avançar com o rigor necessário no desenvolvimento de uma vacina realmente eficaz contra a Covid-19”, afirmou Cabral.

    “Além da vacina, também estamos produzindo conhecimento e uma plataforma tecnológica que poderá ser útil para o desenvolvimento de vacinas para outras doenças, como a causada pelos vírus zika e chikungunya”, completou.

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