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    Uso de cannabis durante a gravidez aumenta risco de obesidade infantil, diz estudo

    Pesquisa descobriu que crianças expostas a canabinoides durante a gestação têm risco de obesidade, síndrome metabólica e diabetes tipo 2

    Sandee LaMotteda CNN*

    Mulheres grávidas que foram expostas a produtos da cannabis que continham tetra-hidrocarbinol (THC) e canabidiol (CBD) — componentes da maconha — eram mais propensas a ter filhos com aumento da massa de gordura e níveis de açúcar no sangue aos cinco anos, descobriu um novo estudo.

    “Existe um equívoco de que a cannabis é segura”, disse a autora do estudo Brianna Moore, professora assistente da Escola de Saúde Pública do Colorado em Aurora, Colorado.

    “Então, algumas mulheres podem usá-lo durante a gravidez, pensando que é uma alternativa segura a outros medicamentos, até mesmo medicamentos prescritos”, disse Moore.

    “No entanto, estudos mostram conexões entre o uso de maconha durante a gravidez e baixo peso ao nascer em bebês e problemas comportamentais mais tarde na infância, e também pode haver links para problemas de glicose e peso”.

    O uso de cannabis por gestantes vem crescendo nos Estados Unidos e em outros países como o Canadá nas últimas décadas.

    Uma análise de 2019 de mais de 450 mil mulheres americanas pelo Instituto Nacional de Abuso de Drogas descobriu que o uso de cannabis na gravidez mais que dobrou entre 2002 e 2017.

    Estudos anteriores mostraram que o uso de cannabis durante a gravidez está ligado ao desenvolvimento neurológico anormal, autismo e hiperatividade, problemas de atenção e outros problemas cognitivos e comportamentais em crianças, de acordo com os Centros de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) dos EUA.

    As gestantes do estudo foram recrutadas no Colorado por meio do Healthy Start, um programa nacional projetado para melhorar os resultados de saúde antes, durante e após a gravidez.

    Das 103 mulheres que foram testadas durante a gravidez, 15% tinham níveis detectáveis ​​de vários canabinoides na urina, incluindo THC, um produto químico na planta da maconha que tem propriedades psicoativas (alucinógenas).

    “O que é interessante, também, é que medimos isso no meio da gravidez”, disse Moore. “Essas mulheres sabiam que estavam grávidas e já haviam passado do primeiro trimestre em que a cannabis é frequentemente usada para enjoos matinais”.

    Níveis de CBD também foram encontrados. O CBD químico é comercializado sem receita e online como “não psicoativo” e como uma opção segura para ansiedade, depressão, sono, dor, náusea e muito mais. Muitos produtos CBD são feitos de cânhamo industrial, um tipo de planta de cannabis que tem pouco THC.

    No entanto, o CBD pode ser derivado de “maconha ou cânhamo”, de acordo com a agência reguladora dos EUA— a FDA.

    Atualmente, não há muita regulamentação, portanto, os produtos CBD podem conter níveis desconhecidos de THC, bem como “pesticidas, metais pesados, bactérias e fungos”, disse a agência.

    Os riscos conhecidos do CBD para os humanos incluem danos ao fígado, “sonolência excessiva e interações prejudiciais com outras drogas”, disse a FDA.

    E embora não haja muita pesquisa sobre o impacto do CBD na gravidez ou amamentação, “com base no que sabemos, há motivos significativos para preocupação”, alertou a agência.

    “A FDA quer que você, que esteja grávida ou amamentando, saiba que pode haver sérios riscos no uso de produtos de cannabis, incluindo aqueles que contêm CBD”, disse o órgão.

    Baixo peso de nascimento

    O novo estudo, publicado recentemente no The Journal of Clinical Endocrinology and Metabolism, descobriu que as gestantes que testaram positivo para cannabis eram mais propensas a ter bebês com baixo peso ao nascer, disse Moore.

    Estar abaixo do peso ao nascer pode colocar os bebês em perigo do que é chamado de crescimento pós-natal, no qual eles crescem “muito rápido para compensar”, disse Moore.

    “Eles vão crescer tão rápido que podem compensar demais, o que os coloca em risco de obesidade, síndrome metabólica e diabetes tipo 2 mais tarde na vida”, disse ela. “É por isso que nosso estudo foi projetado para observar as crianças mais velhas e comparar com o período em que elas nasceram.”

    Aos 5 anos, as crianças do estudo foram submetidas a análises de gordura e massa magra e receberam um teste de glicemia em jejum para determinar os níveis de açúcar no sangue.

    Filhos de mães que tinham maconha na urina tinham níveis “moderadamente mais altos” de gordura em seus corpos e pesavam mais do que crianças que não foram expostas à maconha, disse Moore. Eles também tinham níveis mais elevados de açúcar no sangue.

    “A preocupação é que, em relação ao tamanho do corpo, eles tenham mais massa de gordura, o que a longo prazo pode colocá-los em risco de síndrome metabólica, diabetes tipo 2 e outras condições mais tarde na vida”, disse ela.

    Com base em tudo o que se sabe, “as mulheres devem abster-se de usar (maconha) quando estão grávidas ou amamentando”, disse Moore. “E se ninguém lhes disse que a maconha não é segura para uso na gravidez, essa mensagem realmente precisa ser divulgada”.

     

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