Usar cigarro eletrônico como método para deixar de fumar não funciona; entenda
No quadro Correspondente Médico, Fernando Gomes explicou como o tabagismo afeta o cérebro e por que é tão difícil largar o vício em nicotina
Na edição desta quinta-feira (21) do quadro Correspondente Médico, do Novo Dia, o neurocirurgião Fernando Gomes falou sobre o tabagismo e o uso de cigarros eletrônicos.
Um estudo da Universidade da Califórnia em San Diego, nos Estados Unidos, concluiu que não existe evidência de que os cigarros eletrônicos ajudem as pessoas a pararem de fumar. Foram cerca de 13 mil fumantes acompanhados pelos pesquisadores.
Entre aqueles que pararam de fumar, 41,5% precisaram da ajuda de cigarros eletrônicos ou outras opções como pastilhas e adesivos de nicotina. Já 50% parou de fumar de forma espontânea, sem a ajuda de alternativas.
“O cigarro tem dois componentes relacionados ao vício e ao hábito de fumar, o que se torna um desafio para conseguir largar”, disse Fernando Gomes. “Primeiro, a questão química: a dependência da nicotina. O cérebro do fumante de longo prazo tem uma doença crônica porque o sistema relacionado com o circuito da recompensa e do prazer fica parasitado.”
Ao inalar a fumaça do cigarro, a nicotina chega ao cérebro e dá a sensação de prazer e bem-estar para o fumante, explicou o médico.
“Outra questão é comportamental. O indivíduo pode se sentir mais seguro, com tempo para si, muitas vezes até a força do hábito, do jeito e da atitude que a pessoa se envolve em situações sociais [muda por causa do cigarro].”
Ao substituir o cigarro de papel pelo eletrônico pensando em diminuir o consumo de nicotina, é preciso ficar alerta para outras substâncias que o vape também tem e que prejudicam a saúde, alertou Gomes.
“A pessoa, na verdade, não consegue parar de fumar porque seu hábito de ter contato com algo que ela leve à boca e faça o movimento de fumar acaba sendo um problema.”
(*Com informações de Raphael Florêncio, da CNN, em São Paulo)