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    Uma em cada oito mulheres pode desenvolver câncer de mama, diz especialista

    Tema será debatido no “CNN Sinais Vitais – Dr. Kalil Entrevista” que vai ao ar no sábado, 28 de setembro, às 19h30, na CNN Brasil

    Gabriela Maraccinida CNN

    O câncer de mama é o segundo mais comum nas mulheres, ficando atrás apenas do câncer de pele não melanoma. Segundo estimativas do Instituto Nacional do Câncer (Inca), o Brasil deve ter cerca de 73 mil novos casos para o triênio 2023 a 2025. De acordo com Artur Katz, diretor de oncologia Hospital Sírio-Libanês, a estimativa é de que uma em cada oito mulheres possa desenvolver câncer de mama ao longo da vida.

    Katz é um dos convidados do “CNN Sinais Vitais – Dr. Kalil Entrevista” deste sábado (28) que, com a proximidade do Outubro Rosa, traz o câncer de mama como tema central. Para falar sobre a doença, explicar principais fatores de risco e tratamentos disponíveis, o Dr. Roberto Kalil recebe, também, Fernanda Barbosa, mastologista Icesp (Instituto do Câncer do Estado de São Paulo).

    Segundo os especialistas, nem sempre é possível saber a origem da doença. “Em cerca de 5 a 10% dos casos, existe um componente hereditário, ou seja, a pessoa herda uma mutação que a predispõe ao desenvolvimento do câncer de mama. Mas em 85 a 90% dos casos, nós não somos capazes de identificar com clareza qual é a causa da doença”, diz Katz.

    Entre os fatores de risco para o desenvolvimento da doença, estão o tabagismo durante a adolescência, período em que as mamas são formadas, a obesidade e o sedentarismo. Além disso, de acordo com o oncologista, mulheres que nunca engravidaram e que nunca amamentaram também possuem maior risco para o tumor.

    Por isso, os especialistas defendem sempre a importância de adotar hábitos saudáveis, como alimentação equilibrada e prática de exercícios físicos, e realizar regulamente dos exames de prevenção. Segundo Fernanda Barbosa, a mamografia anual a partir dos 40 anos ainda é a maneira mais eficaz de detectar o eventual surgimento da doença de maneira precoce.

    “O ideal é que a gente não tenha sintoma. O que a gente quer é rastrear a população, que a gente faça diagnóstico precoce, e diagnostique lesões não palpáveis”, orienta. Segundo a mastologista, esse é o principal motivo pelo qual o foco das campanhas preventivas deixou de ser o autoexame, atualmente.

    “Hoje, a gente chama de ‘autoconhecimento das mamas’. Isso não quer dizer que a gente não indique o autoexame. O problema é que às vezes algumas mulheres deixavam de fazer o rastreamento ou deixavam de ir ao médico porque achavam que estavam fazendo o autoexame mensalmente e que aquilo era suficiente. E o autoexame só diagnostica lesões palpáveis, e o que a gente quer é lesões não palpáveis”, explica.

    Tratamento do câncer de mama deve ser individualizado

    Segundo os especialistas, o tratamento do câncer de mama é feito de forma individualizada. “Câncer de mama não é tudo igual, é individual. Hoje, cada vez mais a gente baseia o tratamento no subtipo. A gente tem praticamente quatro tipos de câncer de mama. Dependendo do tipo do câncer e do estadiamento, essa paciente vai receber uma modalidade de tratamento específica, seja ela cirurgia, remédio, ou radioterapia”, diz Barbosa.

    Os especialistas comentam, ainda, que a alternativa da mastectomia preventiva — que ganhou fama depois que a atriz Angelina Jolie passou pelo procedimento em 2013, após descobrir uma mutação genética que elevava muito suas chances de desenvolver o câncer de mama.

    “São casos específicos em que a gente faz a testagem genética, essas pacientes têm um alto risco de desenvolver câncer de mama ao longo da vida. Faz um teste de sangue ou de saliva. Diagnosticada a mutação — as mais comuns são BRCA-1 e BRCA-2, que aumentam o risco de 60 a 80% ao longo da vida — uma das opções é fazer a mastectomia bilateral redutora de risco, para que a gente reduza em 90 a 95% a chance de ela ter a doença”, explica a mastologista.

    No entanto, o risco não é zero após o procedimento preventivo. “Isso porque depois da cirurgia pode existir tecido residual da aréola ou fora daquilo que a gente chama de mama. E existem questões ligadas à própria técnica cirúrgica. A gente vê que algumas mulheres têm uma cirurgia profilática, mas que acaba preservando um pouco de tecido mamário. E é importante que ela saiba que tem um pouco de tecido mamário ainda, porque senão ela pode parar de fazer acompanhamento e existe um risco”, afirma Katz.

    Por outro lado, as chances de cura são altas quando a doença é diagnosticada precocemente. “Hoje, 95% das pacientes com câncer de mama inicial vão ficar curadas. [Mas] A gente não pode romantizar o processo. É um processo difícil receber o diagnóstico, mas também não pode fantasiar e achar que é uma sentença de morte”, diz Barbosa, que além de mastologista, já teve câncer de mama.

    “Esse é um diagnóstico que carrega um estigma muito grande. Então, o primeiro ponto é desmistificar. E sobretudo entender que o tratamento não é uma penitência. Ela não vai ficar boa porque sofreu muito. Pelo contrário, o que a gente deseja é carregar essa mulher no colo ao longo do tratamento, seja ele qual for, para que ela não tenha nenhum sofrimento desnecessário e fique boa no final. E é um objetivo realístico nos dias de hoje”, finaliza Katz.

    O “CNN Sinais Vitais – Dr. Kalil Entrevista” vai ao ar no sábado, 28 de setembro, às 19h30, na CNN Brasil.

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