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    Transplante de coração: saiba quando é indicado, riscos e tempo de espera

    Apresentador Fausto Silva está na fila para um transplante, segundo o Hospital Albert Einstein, onde ele está internado desde 5 de agosto

    Fernanda Pinottida CNN , São Paulo

    Tido como “tratamento final”, o transplante de coração foi necessário para o apresentador de televisão Fausto Silva, segundo o Hospital Albert Einstein, onde ele está internado desde 5 de agosto para tratamento de uma insuficiência cardíaca. Ele passou por transplante de coração neste domingo (27).

    Antes da operação, Faustão foi colocado na fila de espera do Sistema Nacional de Transplantes (SNT) do Ministério da Saúde e fez uso de medicamentos para ajudar na força de bombeamento do coração.

    VÍDEO – Faustão terá de passar por transplante cardíaco, diz hospital

    “O transplante de coração é o tratamento final da insuficiência cardíaca avançada”, explica Samuel Steffen, cirurgião cardiovascular da Rede D’Or São Luiz. “É quando todo tratamento clínico, medicamentoso, os procedimentos – como implante de desfibriladores, de ressincronizadores, e até cirurgias como a de revascularização –, quando tudo isso já foi feito”.

    Steffen ainda afirma que o transplante é o melhor tratamento visando o longo prazo, a qualidade e quantidade de vida.

    Quando o transplante de coração é indicado?

    O transplante de coração é indicado em casos de insuficiência cardíaca refratária, ou seja, em pacientes cuja condição de insuficiência cardíaca persiste mesmo após receber o tratamento adequado.

    “É o caso de pacientes em que as medicações por via oral, por exemplo, e os tratamentos medicamentosos já se exauriram, e o paciente descompensa do ponto de vista cardíaco. Ele passa a precisar de internação e de medicamentos por via endovenosa”, explica o médico.

    Segundo Steffen, é possível separar os pacientes que aguardam o transplante do órgão em dois grupos: aqueles que aguardam em casa, e aqueles que estão “priorizados”, pois precisam ficar internados.

    Neste segundo grupo, ainda há os que estão internados para receber medicação e outros que estão internados com o uso de assistência circulatória mecânica, ou seja, precisa de equipamentos que cumpram a função do coração ou de suas partes para sobreviver.

    Como é o pós-operatório de um transplante de coração?

    O procedimento é de alto risco, já que muitas vezes o paciente se encontra internado durante um longo tempo, e pode apresentar outras disfunções no corpo, como disfunção renal ou hepática.

    “Mas é um procedimento com resultado muito bom. E na grande maioria das vezes o paciente vai muito bem no pós-operatório”, diz Steffen.

    Para ele, a “grande questão” é a possibilidade de rejeição do órgão pelo corpo do paciente. “É um coração de outro ser humano, com outro DNA, com outras células. O organismo que recebeu esse coração pode desenvolver rejeição [ao órgão]”, diz.

    Para evitar esse cenário, após a cirurgia começa um tratamento complexo, com vários medicamentos imunossupressores e o acompanhamento constante da equipe médica.

    Steffen explica que após o transplante o paciente costuma ficar mais cerca de um mês internado, mesmo em condições melhores, para ficar sendo observado caso haja uma possível rejeição do órgão.

    Como funciona a fila de transplantes?

    No Brasil, todos os transplantes de órgãos respeitam o Sistema Nacional de Transplantes (SNT), sejam eles custeados pelo SUS, por planos de saúde ou pagos pelo paciente. Saiba mais nesta matéria.

    Segundo o cardiologista Lázaro Miranda, o paciente só entra na lista após ter seu estado de saúde avaliado pela equipe médica. Se ele e a família concordarem, o médico pode inseri-lo no SNT.

    Cada estado ou região organiza a sua própria lista e todas são monitoradas pelo sistema e outros órgãos de controle federais. A fiscalização é feita para que nenhuma pessoa conste em duas listas diferentes e que nenhuma norma legal seja desrespeitada.

    A fila funciona por ordem cronológica de inscrição, mas é balizada por outros fatores, como gravidade e compatibilidade sanguínea e genética entre doador e receptor.

    No caso de transplantes cardíacos, a prioridade máxima é para casos em que o paciente necessita de assistência circulatória.

    “Em relação ao tempo, às vezes pode demorar, sim. Os pacientes podem ficar meses internados à espera do coração, mesmo priorizados”, fala Steffen. “Depende muito, tem pacientes que conseguem transplantar antes, pois vem um doador compatível.”

    A fila para o transplante de coração demora mais?

    A fila de espera para transplantes de coração no Brasil é de 386 pessoas atualmente, segundo a Central Nacional de Transplantes (CNT), ligado ao Sistema Nacional de Transplantes (STN). A fila não está dentre as mais longas, mas a espera para receber um novo coração é uma das mais complicadas. Saiba mais nesta matéria.

    Lista de espera para transplantes de órgãos no Brasil é de 65.911 pessoas atualmente, segundo o Ministério da Saúde
    Lista de espera para transplantes de órgãos no Brasil é de 65.911 pessoas atualmente, segundo o Ministério da Saúde / Reprodução/Ministério da Saúde

    Por ser um órgão único no corpo e de importância vital, a doação do coração só pode ocorrer quando o doador entra em um quadro de morte encefálica.

    “O coração é um órgão que sofre muito, então não é qualquer doador que pode ser um doador de coração”, diz Steffen.

    Vários fatores podem impossibilitar a doação do órgão, como intercorrência cardíaca, hipertensão com acometimento do coração, parada cardíaca, entre outros.

    Confira no CNN Sinais Vitais como funciona um coração artificial.

    *Com informações de Flávio Ismerim e Pedro Jordão, da CNN

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