Testes identificam por qual variante paciente de Covid-19 foi infectado
Os exames podem identificar entre duas e cinco variantes descritas no Brasil. No caso de contaminação pela cepa original, o resultado dá negativo
Com novas variantes do vírus da Covid-19 já descritas no Brasil, uma nova modalidade de teste está disponível no mercado, capaz de identificar por qual das cepas o indivíduo foi infectado. O exame não tem a finalidade de diagnóstico da doença e especialistas alertam que o resultado não altera o tratamento e monitoramento clínico do paciente.
“É um teste com caráter prognóstico. Se compararmos duas pessoas bem semelhantes, com a mesma faixa etária e sem comorbidades, por exemplo, aquela que foi contaminada pela variante tem chance de desenvolver um caso mais grave da Covid-19 do que a que foi contaminada pela cepa original. Essas pessoas tendem a ficar mais tempo internadas e é importante o médico saber disso, até para estimar a rotatividade dos leitos”, explica o Dr. Celso Granato, infectologista e diretor clínico do Grupo Fleury.
Ainda de acordo com Granato, esse é um teste bastante sofisticado e para evitar que as pessoas o façam por curiosidade, o Grupo Fleury disponibiliza apenas aos hospitais. “Se a pessoa está em casa, ela não está grave. Diferente das que estão em hospital. Aí é uma situação que o médico pode usar essa informação: será que é uma mutação e, portanto, tem prognóstico pior?”, comenta.
Sobre o exame
Dependendo do laboratório, os exames podem identificar entre duas e cinco variantes descritas no Brasil. No caso do paciente contaminado pela cepa original, o resultado dá negativo.
As variantes que circulam no país são classificadas em dois grupos: a P.1, do Amazonas, a B.1.1.7, do Reino Unido e a B.1.351, sul africana são consideradas variantes de preocupação e caracterizadas pela alta prevalência, ou seja, maior índice de transmissão do vírus. Outras duas são classificadas como variantes de interesse: as brasileiras P.2 e N.9.
O exame disponibilizado pela rede de laboratórios Dasa, por exemplo, é capaz de identificar quaisquer uma das cinco cepas. O diretor médico do grupo, Gustavo Campana, explica que este tipo de teste fornece uma informação epidemiológica muito importante. “Nós estamos acompanhando o que aconteceu no início deste ano no Brasil, por causa da presença de uma variante de maior transmissão. Elas são a principal causa do grande crescimento de casos diários”, diz.
Outro teste disponível no mercado foi desenvolvido pelo setor de Pesquisa e Desenvolvimento do Grupo Pardini, com colaboração da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), que identifica três variantes: P.1 (Amazonas), P.2 (Rio de Janeiro) e B.1.1.7 (Reino Unido).
A gerente de atendimento do Hermes Pardini, Sandra Rentes, explica que o exame é um RT-PCR. “A coleta do material é realizada por meio de swab de nasofaringe. Mas a finalidade é outra: ao invés de identificar a infecção ou não pelo vírus, o teste vai identificar, pela análise laboratorial, qual a variante”, comenta.