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    Testes da fase 3 da vacina russa durarão 6 meses, diz diretor de instituto

    Diretor do Instituto Gamaleya, da Rússia, participou de audiência da comissão externa da Câmara dos Deputados para ações de combate ao novo coronavírus

    Noeli Menezes, , da CNN, em Brasília

    O diretor do Instituto Gamaleya, da Rússia, Alexander Gintsburg, afirmou nesta quarta-feira (26) que os testes da fase 3 da vacina Sputnik V, a primeira do mundo contra a Covid-19 a receber o registro oficial de um país, durarão seis meses. 

    A declaração foi dada em audiência da comissão externa da Câmara dos Deputados para ações de combate ao novo coronavírus.

    Segundo o especialista, a vacina foi aplicada inicialmente em sete profissionais que trabalharam em seu desenvolvimento.

    Gintsburg afirmou que a vacina Sputnik V precisará ser aplicada em duas doses, com intervalo de três semanas, para garantir a imunização de longo prazo.

    Até agora, disse ele, cem funcionários do instituto receberam as duas doses, entre três e cinco meses atrás, e apresentam grande quantidade de anticorpos contra Covid-19.

    “As pessoas tomaram por iniciativa própria. Agora, vamos começar a fase 3 de testes, com 40 mil voluntários, durante seis meses. Conforme os resultados, vamos escrever o relatório para receber o registro definitivo do Ministério da Saúde da Rússia.”

    Os testes com vacinas têm três fases. A primeira estuda a segurança da imunização em seres humanos. Na segunda, é estabelecida sua imunogenicidade (capacidade de a substância provocar uma resposta imune). A terceira tem por objetivo demonstrar a eficácia.

    Somente após a finalização da fase 3 e da obtenção do registro sanitário é que a nova vacina pode ser disponibilizada para a população.

    Gintsburg afirmou aos deputados que o método escolhido pela Rússia é seguro e baseado na experiência com outras vacinas, como a do ebola e a da síndrome respiratória do Oriente Médio (MERS).

    “No início do ano, quando surgiu a necessidade de criar uma vacina contra Covid-19, com nossa experiência com adenovírus humano, conseguimos chegar a um imunizante em cinco meses.”

    Ele explicou que foram utilizados dois vetores de adenovírus inativados, vírus que causa o resfriado comum em humanos, e fragmentos do novo coronavírus para estimular o organismo a produzir anticorpos contra a doença e induzir imunidade a longo prazo.

    “Para que o corpo tenha a imunidade de longo prazo, usamos a segunda dose de vacina, quando se entra com outro sorotipo de adenovírus humano. Para que a resposta imune seja melhor”, disse.

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    Detalhes técnicos

    A participação de Alexander Gintsburg na audiência quase não aconteceu por problemas técnicos. Ele estava conectado no início da sessão, mas saiu antes de falar alegando problemas de conexão com a internet.

    Participaram também da audiência o embaixador da Rússia no Brasil, Sergey Akopov, que disse ter “acabado de receber os estudos das fases 1 e 2 de testes da Sputnik V” e não deu informações técnicas da vacina, e o CEO do Fundo de Investimento Direto da Rússia (RDIF), Kirill Dmitriev, que fez um panorama geral sobre o imunizante.

    O embaixador prometeu passar à comissão os resultados dos testes das fases 1 e 2. A expectativa é que os documentos sejam enviados ainda nesta semana. 

    O diretor-presidente do Instituto de Tecnologia do Paraná (Tecpar), Jorge Callado, que participou da audiência, também não apresentou detalhes técnicos da vacina, apesar de o governo paranaense ter assinado, em 12 de agosto, um memorando de intenções com a Rússia para que a imunização seja aplicada no estado: “Ainda estamos recebendo as informações técnicas dos cientistas russos”, declarou.

    No entanto, o presidente da comissão externa, deputado Luizinho (PP-RJ), se disse “frustrado” com a situação, uma vez que em reunião prévia na embaixada russa “tinha ficado acertada a participação do Instituto Gamaleya”. “Sem os dados técnicos, essa reunião perde o sentido”, disse.

    Outros parlamentares também reclamaram e Gintsburg restabeleceu a conexão com a comissão.

    Outro lado

    A assessoria de imprensa da embaixada da Rússia disse que houve problema de conexão desde o início da sessão, mas que era esperado que o especialista conseguisse entrar até o momento em que tinha de falar, de acordo com a programação, o que “infelizmente não aconteceu”. No entanto, completou a assessoria, “quando conseguiu entrar, ele falou tudo o que planejava e respondeu às perguntas dos deputados”.

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