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    Setembro amarelo: como conversar com alguém que está em sofrimento?

    Especialistas aconselham como falar com amigos, parentes e parceiros que estão passando por momentos difíceis

    Anna Satie, da CNN em São Paulo

    É difícil ver alguém próximo passando por um momento complicado. Às vezes, temos medo de nos aproximar, dizer a coisa errada e piorar o problema.

    No entanto, se disponibilizar a ouvir alguém em sofrimento pode ser vital quando a pessoa está considerando tirar a própria vida.

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    A melhor solução para casos assim é referenciar um médico, psicólogo ou uma pessoa capacitada para esse tipo de atendimento, como os profissionais do CVV (Centro de Valorização à Vida). No entanto, os próprios profissionais acreditam que conversar com um amigo, parente ou parceiro que esteja nessa situação pode ajudar.

    O que fazer

    Frederico Navas Demetrio, psiquiatra do Hospital das Clínicas da USP (Universidade de São Paulo) diz que a primeira coisa a se fazer é não ter medo de falar. “Os indícios são pedidos de ajuda, conscientes ou inconscientes”, afirmou.

    “A melhor estratégia é começar com perguntas mais vagas, tentar chegar aos poucos. A gente tem que ter a disponibilidade de ouvir, dizer ‘pode falar, não vou te julgar’, uma postura aberta para a escuta”.

    Ele descreve essa postura como ouvir com atenção e ir fazendo perguntas sobre o que a pessoa conta, no processo que chama de “escuta ativa”.

    A escuta ativa também é a abordagem utilizada pelo CVV, conta o voluntário Carlos Correia, que sugere ouvir o outro sem interferência.

    “Sem colocar coisas de mim na conversa, meus preconceitos, minha vivência, minha experiência de vida. É dar tempo para que a pessoa fale, simplesmente acolhê-la e demonstrar confiança no que ela relata”, contou.

    O que não fazer

    Além de interferir com experiências próprias, Correia diz que outro erro é minimizar o sofrimento alheio. “A pessoa dizer ‘eu já passei por coisa pior e estou aqui’ é desvalorização, é querer fazer competição de desgraça”, definiu.

    Ele também afirmou que muitos fingem que não escutaram pedidos de ajuda para se esquivar de assuntos espinhosos.

    Esses desvios de assunto também são citados por Demetrio, que aconselha acreditar nos pedidos de ajuda. “Não podemos menosprezar, dizer que a pessoa está querendo chamar a atenção, que se quisesse fazer algo mesmo, faria e não anunciaria”, citou.

    No entanto, para ele, há um erro mais grave. “A coisa mais maligna que se pode fazer é ignorar, nem tentar uma abordagem. Muitas vezes pecamos por omissão, por não querer ser intrusivo, mas quando o comportamento começa a ficar mais intenso, é melhor correr o risco de intervir”.

    Para quem precisa conversar, o Centro de Valorização à Vida (CVV) tem voluntários treinados à disposição, de segunda a segunda, 24h por dia, no telefone 188 (ligação gratuitas) e por chat e e-mail no site cvv.org.br.

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