‘Se a situação piorar, a tendência é fechar, e não abrir’, afirma Eduardo Paes
Rio admite alta da Covid-19, estuda terceira dose para idosos e antecipação da segunda de Pfizer
A Prefeitura do Rio reconheceu nesta sexta-feira (6) que o número de casos Síndrome Respiratória Aguda Grave, um dos principais indicadores preliminares de Covid-19 na rede de saúde, está em elevação. O fato tem sido atribuído à disseminação da variante Delta na cidade.
Como resposta ao problema, o prefeito Eduardo Paes (PSD) e o secretário municipal de Saúde, Daniel Soranz, disseram que o município avalia antecipar a aplicação da segunda dose das pessoas que receberam a vacina da Pfizer.
A mudança, ainda em análise, ocorreria depois do dia 18 de agosto. Paes fez ainda um mea-culpa sobre o calendário gradual de flexibilização, anunciado na semana passada, pelo qual o município estima que, casos todas as metas de vacinação e os indicadores da pandemia se mantenham estáveis, os cariocas poderão estar livres do uso da máscara até 15 de novembro. O plano tem três fases e nesta, que seria a última, o equipamento só seria obrigatório em unidades de saúde e no transporte público.
“Há um aumento no número de casos de Covid-19, o que não ocorria há semanas. Talvez eu tenha me comunicado mal. Quando anunciamos uma programação de reabertura, isso não quer dizer que a situação esteja sob controle. O planejamento tem relação com o cenário epidemiológico. Se continuar com aumento de casos, a tendência não é abrir, mas fechar mais. Se o cenário epidemiológico piorar, acabou o plano de reabertura”, afirma o Paes.
O prefeito destacou ainda que o inverno, estação atual, é o pior período para a disseminação de vírus respiratórios. Segundo Paes, o município esperava um cenário de piora dos casos neste período, o que não havia ocorrido até então. O município ainda estuda, também aplicar uma terceira dose, de reforço, em idosos.
Soranz voltou a reforçar a importância da vacinação, e destacou o caso de uma idosa, vítima da variante Delta, que morreu no Rio. Único óbito confirmado pela linhagem na capital do estado, ela havia recusado a vacina. “Ao todo, 95% dos pacientes que internam são pessoas que não tomaram nem a primeira dose, não se vacinaram. O dado mostra que a vacina funciona”, aponta o secretário.
Por causa da disseminação de variante Delta, todas as 33 regiões administrativas de saúde do município entraram em risco alto para a Covid-19. O indicador é composto da combinação dos índices de internação e de óbito mas, agora, passou a levar em conta também a presença da linhagem originária da Índia na área.

O plano de flexibilização do município tem sido criticado por especialistas. Formado por experts em saúde e membros de organizações administrativas do setor, nos ambientes públicos e privado, e por pesquisadores, o Comitê Científico do município, que é consultivo, não foi procurado para deliberar sobre o tema. O órgão se reunirá na próxima segunda-feira (9).
Na quinta-feira (5), 11 entidades de profissionais de saúde apresentaram uma nota, na qual critica a intenção de flexibilizar as medidas restritivas em um momento de crescimento da variante Delta. De acordo com dados da Secretaria de Estado de Saúde, confirmados pelo município, a linhagem originária da Índia é responsável por 45% dos casos da doença ocorridos na capital, e já ameaça a prevalência da Gama, linhagem originária de Manaus.
“O município ocupa trágicos primeiros lugares nos rankings de letalidade nacionais e internacionais. Em três de agosto de 2021 a letalidade por Covid-19 (7,62%) é superior às taxas dos municípios de Manaus (4,72%) e São Paulo (3,932%), segundo informações do Monitora Covid-19, da Fiocruz (…) Mais flexibilizações em uma cidade na qual circulam transportes coletivos lotados e pessoas sem e ou uso inadequado de máscaras e onde seguimos sem testagem para rastreamento e vigilância genômica precária são medidas que não condizem à saída da crise”, dizem dois trechos da nota.
Plano de flexibilização
A primeira fase começa em dois de setembro, desde que a cidade tenha atingido as metas de vacinar 77% da população com a primeira dose e 45% com a segunda. Assim, serão liberados eventos com ambientes abertos, com uso obrigatório de máscara de proteção facial e álcool em gel.
As metas também permitirão liberação de 50% da capacidade de público em estádios, desde que os torcedores tenham o esquema vacinal completo, além das exigências válidas para locais abertos.Com essas mesmas condições, será liberada a presença de público em boates, casas de show e festas em locais fechados. A segunda etapa está programada para 17 de outubro.
Com 79% da população com a primeira dose aplicada e 65% com a segunda, o município pretende abrir os estádios para 100% da capacidade e fazer o mesmo com casas noturnas. Novamente, para pessoas com esquema vacinal completo, uso de máscara e álcool em gel.
A última etapa está prevista para 15 de novembro. Ela depende de que 80% da população tenha recebido a primeira dose e outros 75% a segunda.
Assim, o município pretende liberar a população do uso de máscaras em geral. Elas só seriam obrigatórias no transporte público e em estabelecimentos de saúde. A partir de então, não seria mais necessário impor restrições de circulação e distanciamento social.
As medidas foram apresentadas na sexta-feira (30) pelo secretário Daniel Soranz, durante a apresentação o Boletim Epidemiológico Semanal, no Centro de Operações e Resiliência (COR-Rio). No ato, Soranz reforçou a importância de a população seguir todas as medidas restritivas em vigor até o momento, porque a flexibilização depende também do nível de contágio, de internações e de óbitos. Além do envio regular de vacinas por parte do Ministério da Saúde.
O secretário destacou ainda que estão previstas ações de repescagem para as próximas semanas, e que a pasta pretende iniciar em outubro a aplicação de uma terceira dose, como reforço, para idosos. No entanto, a medida ainda depende de aval científico para ser confirmada pelo município.