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    Saiba qual nível de proteção contra a Covid se mantém com menos restrições

    Segundo especialista, proteção obtida das vacinas depende de função imunológica, principalmente quanto ao atendimento de emergência ou internação

    Brenda Goodmanda CNN

    Agora que a maioria das cidades e estados abandonou os requisitos do uso das máscaras e outras precauções contra a Covid-19, nos perguntamos sobre quais as chances de sermos infectados ou, ainda pior, hospitalizados ou de morrer se contrair o vírus.

    Os pesquisadores estão investigando essa questão e, em geral, o que descobriram é que, para as pessoas que estão em dia com suas vacinas contra a Covid-19 – o que significa também ter recebido a dose de reforço quando recomendado – a proteção contra a doença diminui cerca de três ou quatro meses após a última dose, mas a proteção contra a hospitalização e morte permanece alta.

    Aqui está o porquê: os anticorpos – defensores da linha de frente do sistema imunológico – caem gradualmente após uma infecção ou vacinação. Ao longo de alguns meses, eles desaparecem, e isso é normal. Mas deixa seu corpo aberto para outra invasão viral.

    A boa notícia é que, embora a defesa imunológica comece com os anticorpos, ela não termina aí. Outras células, como células B e células T, mantém a memória impressa do vírus ou da vacina, para que possam produzir outro exército de anticorpos se encontrarem esse patógeno novamente.

    Leva algum tempo para construir esse exército, então enquanto seu corpo está se preparando para lutar, você pode ter alguns sintomas. No final, porém, seu sistema imunológico deve correr em seu regaste e te ajudar a se recuperar sem muito trabalho.

    Em geral, é assim que deve funcionar. Mas, às vezes, esse processo não sai como planejado. Adultos mais velhos e aqueles com função imunológica mais baixa podem precisar de ajuda extra para evitar os piores resultados de uma infecção por Covid-19.

    Proteção após a infecção

    Os dados apresentados esta semana ao Comitê Consultivo sobre Práticas de Imunização dos Centros de Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos detalham isso.

    Veja como a proteção está se mantendo na vida real contra uma infecção pela variante Ômicron do coronavírus que causa sintomas. Se você tiver:

    • Duas doses da vacina Johnson & Johnson: são 30% eficazes entre dois e quatro meses após as injeções;
    • Uma dose da Johnson & Johnson e uma dose de mRNA da Pfizer/BioNTech ou Moderna: as vacinas são 55% eficazes entre os meses 2 e 4;
    • Três doses de uma injeção de mRNA: suas vacinas são 63% eficazes entre os meses 2 e 4;
    • Após cinco meses, as doses de reforço quase não oferecem proteção contra a infecção pela Ômicron, de acordo com dados da Agência de Segurança da Saúde do Reino Unido.

    Proteção contra hospitalização com baixa função imunológica

    Quando se trata de atendimento de emergência ou hospitalização, a proteção que você obtém das vacinas realmente depende de sua função imunológica.

    Sara Tartof, epidemiologista da Kaiser Permanente, no sul da Califórnia, vem estudando o desempenho de uma terceira dose da vacina mRNA da Pfizer para manter os adultos fora dos hospitais cobertos por seu sistema de saúde.

    Até três meses após a terceira dose, a eficácia da vacina contra internação foi de 85%, mas caiu para 55% após três meses. Depois de verificar com mais atenção, porém, ela descobriu que esses resultados foram em grande parte impulsionados pelo status imunológico.

    “Não vimos nenhuma evidência de declínio além dos imunocomprometidos”, disse Tartof. “Nos imunocomprometidos, a eficácia da vacina começa basicamente baixa e diminui ainda mais”.

    Mas para pessoas com função imunológica regular, a eficácia da vacina contra internação permaneceu alta, com cerca de 86% após três meses.

    Os resultados do estudo inicial foram publicados na revista The Lancet Repiratory Medicine. A pesquisadora Tartof diz que planeja atualizá-los em breve com os resultados por status imunológico.

    Em geral, os pesquisadores estão descobrindo que para adultos com 50 anos ou mais cujos sistemas imunológicos estão funcionando normalmente, a proteção começa alta e permanece alta – cerca de 84% – por até seis meses após uma dose de reforço, quando se trata do risco de ser hospitalizado com uma infecção causada pela variante Ômicron.

    Para adultos com 50 anos ou mais que têm função imunológica reduzida, como aqueles que fizeram transplantes de órgãos sólidos ou que estão recebendo tratamento contra o câncer, a proteção de uma dose de reforço é inicialmente boa, mas cai mais rapidamente.

    Por exemplo, até dois meses após uma dose de reforço de uma vacina de mRNA, um adulto imunocomprometido pode esperar 81% de proteção contra internação se contrair uma infecção causada pela variante Ômicron, mas isso cai para cerca de 49% após quatro meses, de acordo com novos dados do Centro de Controle de Doenças (CDC, na sigla em inglês) dos EUA. Esta é uma das razões pelas quais este grupo foi priorizado para doses de reforço adicionais.

    Proteção imunológica após infecção

    Um estudo publicado esta semana na revista Jama Network Open descobriu que pessoas não vacinadas que se recuperaram da Covid-19 tinham cerca de 85% menos probabilidade de contraí-la novamente, em comparação com pessoas não vacinadas e não infectadas.

    As pessoas que se recuperaram da infecção tiveram cerca de 88% menos probabilidade de serem hospitalizadas do que aquelas que não foram vacinadas.

    Os pesquisadores disseram que essa proteção estava a par com a conferida pelas vacinas de mRNA e permaneceu estável até nove meses após a infecção.

    O CDC diz que cerca de 90% das pessoas que contraem Covid-19 gerarão anticorpos após suas infecções. Mas quanta proteção você obtém de uma infecção depende de seus sintomas. Pessoas com sintomas produzirão mais anticorpos do que aquelas sem, e pessoas que foram hospitalizadas produzem mais anticorpos do que aquelas que não foram.

    No entanto, todas essas apostas estão erradas quando se trata da Ômicron. Um estudo recente feito no Catar descobriu que, embora uma infecção anterior fosse altamente protetora –cerca de 90% —contra a reinfecção pelas variantes Alfa, Beta e Delta, caiu para apenas 56% contra a Ômicron. Resultados graves após a infecção foram raros.

    Os especialistas concordam que contrair uma infecção por Covid-19 não é uma ótima maneira de aumentar a imunidade, porque pode ser imprevisível e até mortal.

    Mas se você já ficou doente, provavelmente terá alguma proteção contra o vírus, e as pessoas devem poder contar com isso ao pensar em riscos, disse Dorry Segev, cirurgião de transplante da Grossman School of Medicine, da Universidade de Nova York, ao dr. Sanjay Gupta, Correspondente Médico Chefe da CNN.

    “Contrair Covid é uma maneira de alto risco e alta consequência de obter imunidade. Mas se você teve Covid e passou por isso e tem imunidade, isso é algo que precisamos respeitar, e precisamos incorporar nas maneiras como desenhamos o novo contrato social da Covid”, disse Segev.

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