Cid Moreira: saiba o que é insuficiência renal crônica
O jornalista estava internado no Hospital Santa Teresa, em Petróplis, no Rio de Janeiro, há 29 dias
O jornalista Cid Moreira morreu nesta quinta-feira (3), aos 97 anos. Ele estava internado no Hospital Santa Teresa, em Petróplis, no Rio de Janeiro, há 29 dias. Segundo nota divulgada pelo hospital, a causa da morte foi insuficiência renal crônica agudizada, distúrbio eletrolítico e falência múltipla de órgãos.
A insuficiência renal é uma doença caracterizada pela perda de capacidade dos rins de filtrar devidamente os resíduos metabólicos do sangue. Segundo o Manual MSD, referência médica publicada pela empresa farmacêutica americana Merck & Co, a condição tem diferentes causas possíveis, que podem levar à diminuição da função renal (insuficiência renal aguda) ou ao declínio gradual da função dos rins (insuficiência renal crônica).
A doença renal crônica — como também é chamada a insuficiência renal crônica — acontece quando outra doença ou condição de saúde prejudica a função dos rins. De acordo com a Mayo Clinic, organização sem fins lucrativos da área de serviços médicos e de pesquisas médico-hospitalares dos Estados Unidos, são elas:
- Diabetes tipo 1 ou tipo 2;
- Pressão alta;
- Glomerulonefrite (inflamação dos glomérulos, que filtram os rins);
- Nefrite intersticial (inflamação dos túbulos renais e estruturas circundantes);
- Doença renal policística ou outras doenças renais;
- Obstrução prolongada do trato urinário;
- Refluxo vesicoureteral (que faz com que a urina volte para os rins);
- Infecção renal recorrente.
Os principais fatores de risco para a doença, segundo a Mayo Clinic, incluem pressão alta, doenças cardíacas, diabetes, tabagismo, obesidade, histórico familiar de doença renal, idade avançada e uso de medicamentos que podem danificar os rins.
“A insuficiência renal pode ser mais grave em pessoas idosas devido a alguns fatores. O processo natural do envelhecimento leva a uma diminuição progressiva da função renal, com a redução da taxa de filtração glomerular (TFG) ao longo dos anos”, explica Daniel Fonseca Zandoná, nefrologista e coordenador médico nacional do programa de transplante renal da Hapvida NotreDame Intermédica, à CNN.
“Combinado a isso, os idosos frequentemente apresentam comorbidades, como exemplo a hipertensão arterial, diabetes e doenças cardiovasculares, que são fatores de risco tanto para o desenvolvimento quanto progressão da doença renal. Outro ponto importante é que, em muitos casos, os idosos possuem uma reserva funcional menor, o que os torna mais vulneráveis”, acrescenta.
Sinais e sintomas da insuficiência renal crônica
Os principais sintomas e sinais da insuficiência renal crônica podem se desenvolver ao longo do tempo, caso o dano renal progrida de forma lenta. São eles:
- Náusea e vômitos;
- Perda de apetite;
- Fadiga;
- Problemas de sono;
- Alteração na frequência urinária (mais ou menos frequente);
- Câimbras musculares;
- Inchaço nos pés e nos tornozelos;
- Pressão alta de difícil controle.
Quais são as complicações da insuficiência renal crônica?
Segundo a Mayo Clinic, as potenciais complicações da insuficiência renal crônica incluem a retenção de líquidos, que pode causar inchaço nos braços e nas pernas; aumento repentino dos níveis de potássio no sangue, o que pode prejudicar a função do coração; ossos fracos e fraturas ósseas; danos ao sistema diminuída, e danos irreversíveis aos rins.
Além disso, segundo Zandoná, a retenção de sódio e líquidos pelos rins doentes pode aumentar a pressão arterial, aumentando o risco de doenças cardiovasculares. Anemia, alterações neurológicas, acidose metabólica (sangue mais ácido) e maior risco de infecções são complicações possíveis da insuficiência renal.
A doença também pode ocasionar distúrbios eletrólitos, como aconteceu com Moreira, segundo nota médica. “A insuficiência renal frequentemente causa distúrbios dos eletrólitos e da água já que os rins são responsáveis por manter esse equilibro no corpo, então quando há uma disfunção renal, a capacidade de regular esses eletrólitos é comprometida”, explica o nefrologista.
Entre os eletrólitos alterados estão o sódio, o potássio, o cálcio, o magnésio e o fósforo, que no seu desbalanço, podem causar desde sinais e sintomas leves até o óbito.
Como é feito o diagnóstico e tratamento?
O diagnóstico de insuficiência renal crônica pode ser feito por exames de sangue, testes de urina, exames de imagem (como o ultrassom) e biópsia renal para determinar a causa da doença.
Uma vez identificada, o tratamento consiste em controlar os sintomas, uma vez que a doença não tem cura. A causa da insuficiência também deverá ser controlada ou tratada.
Quando a doença renal chega a um estágio terminal — quando os rins não conseguem acompanhar a eliminação de resíduos e fluidos — pode ser necessária a diálise ou o transplante de rim. A diálise remove artificialmente os resíduos e fluidos extras do sangue que o rim não é mais capaz de eliminar. Já o transplante de rim envolve a colocação cirúrgica de um rim saudável de um doador falecido ou vivo no corpo do paciente.
Cid Moreira morreu aos 97 anos
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