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    ‘Xepa da vacina’ tem bate-boca, fila e aglomeração em Copacabana

    Na capital fluminense, pessoas se aglomeraram em frente a posto de saúde atrás de 'sobras' de doses de vacina

    Pedro Duran, da CNN, no Rio de Janeiro



     

    Uma senhora com ventilador na mão, uma outra na cadeira de rodas levada pelo filho e uma terceira mulher que chegou com o marido e as compras do mercado ainda frescas nas sacolas. Juntas com mais de 20 pessoas, elas aguardavam ansiosamente o relógio marcar 17h – o horário que os próprios ocupantes da fila chamavam de “xepa da vacina”.

    A expectativa, no entanto, foi frustrada para a maior parte da fila formada do lado de fora do Centro Municipal de Saúde João Barros Barreto, em Copacabana, na zona sul do Rio de Janeiro. Isso porque sobraram apenas seis doses da vacina de Oxford e nem todos conseguiram receber o imunizante na distribuição das sobras flagrada pela CNN.

    É que depois de vacinar os grupos prioritários (profissionais da saúde acima de 60 anos e idosos com 99 anos ou mais no caso desta segunda (1º)), o posto distribui as doses extras para quem estiver na expectativa de recebê-las. Cada frasco da vacina de Oxford contém 10 doses da vacina. Só que, depois de aberto, o imunizante só pode ser aplicado em até seis horas, ou seja, o frasco precisa ser esvaziado no mesmo dia para que a vacina não seja desperdiçada.

     

    Nessa segunda-feira deram sorte uma mulher de pouco mais de 60 anos e uma senhora obesa e com diabetes, que levou a filha pequena para o posto de saúde. 

    “Quantas sobraram, por favor? Quantas sobraram”, questionava uma outra mulher que ficou em posição um pouco menos adiantada na fila. Preocupada com a circulação do vírus na aglomeração, além de máscara, ela usava uma proteção de acrílico no rosto, álcool gel e luvas de plástico.

    “Eu acho que todo mundo tá desesperado querendo tomar a vacina, então eu não condeno ninguém. A pessoa tenta, é a sorte. Eu vim justamente porque a minha neta começou a estudar, então eu achei, quem sabe, se eu posso me vacinar um pouquinho antes, seria bom”, disse à CNN a aposentada Maria Augusta Cavalcanti, que tem 85 anos e, pela ordem da Secretaria Municipal da Saúde será vacinada no dia 19 de fevereiro. 

    Antes do anúncio de que as doses não dariam para todos, o que frustrou a fila de pessoas aglomeradas, alguns dos postulantes às sobras evitavam a câmera da CNN.

    “Se meu filho souber que eu tô aqui ele me mata, porque ele é médico e não quer que eu vá em aglomeração”, disse uma senhora de 66 anos que não quis se identificar.

    “Cala a boca, seu mentiroso”, bradava um senhor com mais de 60 anos para outro homem que levava a mãe na cadeira de rodas. Com dedo em riste, eles bateram boca e trocaram ofensas. No centro da discussão, o horário de chegada na fila improvisada pelos próprios pacientes. 

    Funcionários recomendaram informalmente que as pessoas não voltassem mais ao posto para não causar aglomerações, mas disseram à CNN não ter como impedir o fluxo.

    Questionada sobre o destino das “sobras”da vacina contra o novo coronavírus, a Secretaria Municipal da Saúde disse que “não há desperdício de vacinas” e que “a orientação para quando houver menos de 10 pessoas no posto é utilizar a dose unitária”. 

    Em nota enviada à CNN, a Secretaria Municipal da Saúde informou sobre as orientações repassadas às unidades. Conforme já informado, a orientação em nota técnica da Secretaria Municipal de Saúde para as unidades é para que, próximo ao fim da tarde, sejam usadas as vacinas cujos frascos contenham apenas uma dose, como é o caso da CoronaVac. Na hipótese de ter haver frasco da Oxford/AstraZeneca aberto, as doses remanescentes devem ser direcionadas a pessoas que façam parte de algum dos demais grupos prioritários definidos pelo Ministério da Saúde. 

    A Secretaria Municipal de Saúde NÃO recomenda que pessoas de fora dos grupos prioritários procurem as unidades para tentar se vacinar com doses remanescentes.

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