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    RJ: 1º mês do programa de testagem em massa operou a 40% da capacidade anunciada

    Inicialmente, a ação foi anunciada com capacidade para até 1.500 exames diários. A média atual atende apenas 39,2% da capacidade instalada para análise

    Stéfano Salles, da CNN, no Rio de Janeiro

    Iniciado há um mês, o programa de testagem em massa de Covid-19 do governo do estado do Rio de Janeiro, na modalidade RT-PCR, testou 19.629 pessoas nos quatro centros de testes destinados a esse fim pela Secretaria de Estado de Saúde, em seu primeiro mês de funcionamento. 

    O número representa uma média de 588 testes por dia, um quantitativo criticado por especialistas. Inicialmente, a ação foi anunciada com capacidade para até 1.500 exames diários. A média atual atende apenas 39,2% da capacidade instalada para análise. 

    O programa é complementar aos testes feitos regularmente nas unidades municipais de saúde, que executaram mais de 406 mil testes desde o início da pandemia. Assim, a taxa de testes está em 24,5 por mil habitantes no estado. 

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    O número é bem inferior ao de países europeus, como Inglaterra, com 799 testes por mil, e Portugal, com 563. O indicador é inferior até mesmo ao de vizinhos sulamericanos: o Chile faz 346 testes a cada mil pessoas, e o Uruguai 192, segundo dados da plataforma Our World in Data. 

    O infectologista Roberto Medronho, professor de Medicina e coordenador do Grupo de Trabalho Coronavírus da UFRJ, entende que o quantitativo de exames é muito baixo para ser chamado de testagem em massa. 

    “Esse é um quantitativo muito tímido, em qualquer perspectiva. Na capital são quase 7 milhões de pessoas, cerca de 14 milhões na Região Metropolitana e 18 milhões em todo o estado. Fora que não é só testar, o que freia o avanço da pandemia não são os testes, mas o isolamento. Além disto, é preciso monitorar as pessoas que tiveram contato com quem foi contaminado, que é uma fração menor desses 20 mil. E, basicamente, só estão testando sintomáticos”, afirmou.

    Professor do Instituto de Biologia e Coordenador da Frente de Diagnóstico da Força-Tarefa de enfrentamento ao novo coronavírus da Unicamp, o professor Alessandro dos Santos Faria explica que a testagem em massa serve para gerar previsões que devem embasar tomadas de decisão. 

    Se forem feitas regularmente, com uma amostra representativa da população, isso possibilitaria projetar futuras taxas de ocupação dos leitos da rede de saúde, deslocar equipes médicas e propor antecipadamente o fechamento de áreas, com a informação prévia de agravamento do cenário.  

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    “A testagem em massa permitiria tudo isso, mas precisa ser feita com uma amostra relevante da população e teria que ser refeita em intervalos regulares. Mas é preciso lembrar que, no Rio de Janeiro, tudo está aberto. Então, esses resultados não têm muito valor nesse aspecto. Ele pode demonstrar que hoje o paciente não tem a doença. Mas, se ele não estiver isolado, o que garante que amanhã não testará positivo, já que seguirá em contato com muita gente?”, questionou o especialista.

    “Fora que o Rio está testando os sintomáticos. Nesse caso, a tendência é mesmo ter muitos positivos, não ajuda muito”, concluiu. 

    Nos primeiros dias de funcionamento do programa, a CNN mostrou que poucas pessoas apareceram e os três postos de exames que iniciaram o programa ficaram vazios. 

    Outra matéria mostrou também que o serviço contava com uma taxa de abstenção de 50%. Ou seja: apenas a metade das pessoas que se inscreviam para fazer os exames, pelo aplicativo Dados do Bem, efetivamente aparecia para fazer os exames. Isso no estado com a maior taxa de óbitos da doença. 

    A Secretaria de Estado de Saúde foi procurada, mas não se manifestou sobre o assunto.

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