Rio espera vacinar até 1.800 gestantes com 2° dose da Pfizer
Município autorizou combinação para grávidas e puérperas que foram vacinadas com a primeira dose da AstraZeneca
Após anunciar a vacinação em gestantes e puérperas com doses combinadas da AstraZeneca e Pfizer, a secretaria municipal de Saúde do Rio de Janeiro afirmou, em entrevista à CNN, que espera imunizar até 1.800 pessoas que estavam com o ciclo vacinal incompleto. Segundo o chefe da pasta, Daniel Soranz, a decisão teve como base seis estudos científicos que comprovam a eficácia da Pfizer como um complemento da Oxford/AstraZeneca.
“O Rio de Janeiro é uma das cidades com o maior número de grávidas com comorbidades, que morreram vítimas da Covid-19. Então, essa era uma preocupação muito grande da secretaria. Felizmente os estudos se mostraram eficazes na combinação de duas doses da vacina, além da segurança. Por isso, nosso comitê científico autorizou que as grávidas possam fazer a 2° dose da AztraZeneca, com a vacina da Pfizer, mantendo o mesmo intervalo de doze semanas”, explicou Soranz.
Segundo a secretaria municipal de saúde, a pasta tem autonomia para adotar o protocolo sem que haja necessidade de autorização da Secretaria de Estado de Saúde ou do Ministério da Saúde. No entanto, as grávidas e puérperas que tomaram a primeira dose da AstraZeneca, deverão passar por uma avaliação com um médico de confiança para autorização do intercâmbio vacinal, além da assinatura de um termo de consentimento.
De acordo com o Ministério da Saúde, em todo o país, cerca de 15 mil gestantes receberam a primeira dose da AstraZeneca. Desde maio, a aplicação do imunizante está suspensa em grávidas após uma gestante moradora do Rio falecer após receber o imunizante de Oxford. Estudos estão em curso para apurar se há relação entre o uso da vacina da AstraZeneca e a morte da mulher.
Especialistas a favor da combinação de vacinas
Dois importantes pesquisadores do Rio de Janeiro foram ouvidos pela CNN e apoiaram a combinação de vacinas após os resultados científicos obtidos, como a professora e pesquisadora da Fiocruz, Margareth Dalcolmo.
“Sou perfeitamente favorável a essa recomendação. O doutor Soranz me procurou. A gente considerou a luz do conhecimento atual de que a associação da plataforma de diferentes vacinas pode alcançar uma imunidade superior. Considerando que ela está suspensa para gestantes, não seria melhor deixá-las apenas com uma dose. Então, eu sou muito favorável a essa ideia”, disse ela.
Roberto Medronho, pesquisador da UFRJ, expressou opinião semelhante. “Eu sou favorável porque os estudos têm mostrado que a aplicação das duas doses tem uma eficácia muito boa”, afirmou.
Uso da Pfizer para quem teve efeitos colaterais graves
Atendendo a uma recomendação do Comitê Científico, a SMS também confirmou que vai usar a combinação de vacinas em pessoas que tiveram efeito colateral grave na primeira dose do imunizante.
“Pessoas que tiveram um efeito colateral, notificado e acompanhado por um médico, poderão tomar uma segunda dose diferente da anterior. Esse médico poderá recomendar a combinação de vacinas”, explicou Soranz.
O secretário de saúde do Rio também fez um apelo para coibir a prática popularmente chamada de “sommelier de vacina”.
“Nossa recomendação é que ninguém fique escolhendo nenhum tipo de dose para tomar. Nossa orientação é que as pessoas tomem a vacina que tiver disponível no posto, naquele momento”, alertou o secretário.