Rio de Janeiro registra queda em atendimento de gripe nas UPAs no estado
De acordo com os dados divulgados, os casos de influenza já superam os de Covid-19 entre o fim do mês de novembro e o início de dezembro
A secretaria de estado de saúde do Rio de Janeiro (SES) informou, em nota divulgada na sexta-feira (17), que o estado registrou uma queda de cerca de 22% na média de atendimentos por gripe nas Unidades de Pronto Atendimento (UPA) da rede estadual de saúde, na semana de 10 a 16 de dezembro em relação à semana de 3 a 9 de dezembro. O atendimento pediátrico foi o que registrou a maior redução, com queda de 22,35% dos atendimentos, no mesmo período.
De acordo com os dados divulgados, os casos de influenza já superam significativamente os de Covid-19. A taxa de positividade por influenza foi de 49,3%, no período de 22 de novembro a 13 de dezembro. Quase no mesmo período, de 21 de novembro a 12 de dezembro, a taxa de positividade para Covid-19 no estado foi de 3%.
No comunicado, a secretaria reforça ainda que as formas de prevenção tanto da gripe quanto da Covid-19 são as mesmas: uso de máscaras em locais fechados e abertos com aglomeração, utilização de álcool em gel, lavar as mãos com frequência, e distanciamento social.
Outros especialistas também reforçam a necessidade de não abrir mão de equipamentos de proteção e medidas sanitárias em meio ao surto de gripe. Marilda Siqueira, pesquisadora da Fundação Oswaldo Cruz e brasileira à frente das discussões para formular vacinas contra gripe, afirma que o atual cenário é “perfeito” para introdução do vírus no país.
“A população está há dois anos sem encontrar o vírus, sem fazer reativação dos anticorpos que nos protegem, com baixas coberturas vacinais e com medidas como uso de máscara já muito relaxadas. E um dos primeiros lugares onde a gente viu isso, dentro do que a nossa Vigilância conseguiu captar, foi aqui no Rio de Janeiro, até porque é uma cidade muito internacional.”, explica.
Especialistas ouvidos pela CNN sugerem que a vacina contra gripe disponível neste ano pode oferecer uma ‘proteção cruzada’ contra a cepa Darwin, da linhagem H3N2, apontada como a responsável pelos surtos de gripe no país. Isso significa que, embora a vacina não tenha sido fabricada pensando na cepa que circula no Brasil e está causando o surto de gripe, os especialistas apostam que ela pode, sim, oferecer algum nível de proteção. O imunizante, então, mira um tipo de vírus e acerta outro.
“O Darwin/H3N2 é a cepa que está circulando em vários países do hemisfério norte e que circulou recentemente em alguns países da África, como norte e a região central, e em várias regiões da Ásia. Em vários países do hemisfério norte ela circulou mais ou menos até agosto. Foi detectada em baixo nível de circulação. Então agora ele começou a circular aqui no Brasil. Provavelmente vai se disseminar pra outras regiões brasileiras”, analisa Marilda Siqueira.
O cenário ideal seria antecipar a vacina do ano que vem, já que a OMS definiu que a Darwin será uma das cepas combatidas com a vacina de 2022. Mas o obstáculo para isso é o tempo de produção dos laboratórios, segundo a especialista.