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    Reutilizar óleo de cozinha com frequência pode prejudicar saúde do cérebro

    Descoberta é de estudo recente que mostrou que a prática pode estar associada à neurodegeneração

    Gabriela Maraccinida CNN

    Reutilizar o óleo de cozinha para outras frituras é uma prática muito comum, tanto nas residências, quanto nos restaurantes e lanchonetes. No entanto, um novo estudo feito em ratos mostrou que esse hábito pode ser prejudicial para a saúde do cérebro, principalmente quando feito frequentemente.

    A descoberta foi apresentada no Discover BMB 2024, encontro anual da American Society of Biochemistry and Molecular Biology, na segunda-feira (25), e será publicada no Journal of Biological Chemistry. O estudo mostrou que ratos que foram submetidos a dietas com óleos de cozinha reaquecidos exibiram níveis significativamente mais elevados de neurodegeneração em comparação com ratos que consumiram uma dieta padrão.

    A pesquisa sugere que a neurodegeneração — ou seja, degeneração das células nervosas do cérebro — pode ocorrer devido à perturbação do eixo fígado-intestino-cérebro, que desempenha um papel importante na regulação de várias funções fisiológicas e cuja desregulação tem sido associada a distúrbios neurológicos.

    “A fritura a altas temperaturas tem sido associada a vários distúrbios metabólicos, mas não houve investigações a longo prazo sobre a influência do consumo de óleo frito e os seus efeitos prejudiciais para a saúde”, afirma Kathiresan Shanmugam, professor associado da Universidade Central de Tamil Nadu em Thiruvarur, na Índia, e líder da equipe de pesquisa, em comunicado à imprensa.

    Segundo Shanmugam, esse é o primeiro estudo a relatar que a utilização de óleo de fritura a longo prazo pode aumentar a neurodegeneração.

    Como o estudo foi feito e quais foram as descobertas?

    Reutilizar o óleo para fazer frituras pode remover os antioxidantes naturais e benéficos presentes no ingrediente. Além disso, o óleo reutilizado pode conter componentes nocivos à saúde, como gordura trans, acrilamida, peróxidos e compostos polares.

    Os pesquisadores decidiram explorar os efeitos a longo prazo do óleo de fritura reutilizado. Eles, então, dividiram os ratos utilizados no estudo em cinco grupos, cada um recebendo apenas uma ração padrão ou uma ração com 0,1 mL (mililitro) de óleo de gergelim não aquecido, óleo de girassol não aquecido, óleo de gergelim reaquecido ou óleo de girassol reaquecido por dia, durante 30 dias. Os óleos reaquecidos simularam o óleo de fritura reutilizado.

    Os ratos que consumiram óleo de gergelim ou de girassol reaquecidos apresentaram um aumento do estresse oxidativo e inflamação no fígado, em comparação com os outros grupos de roedores. Esses ratos também apresentaram danos significativos no cólon, que provocaram alterações nas endotoxinas e lipopolissacarídeos — toxinas liberadas por bactérias.

    “Como resultado, o metabolismo lipídico do fígado foi significativamente alterado e o transporte do importante ácido graxo ômega-3 do cérebro, DHA, foi diminuído. Isso, por sua vez, resultou em neurodegeneração, que foi observada na histologia cerebral dos ratos que consumiram o óleo reaquecido, bem como de seus descendentes”, afirma Sugasini Dhavamani, pesquisador colaborador da Universidade de Illinois em Chicago, que apresentou o estudo no Discover BMB.

    Mais estudos são necessários, mas os cientistas afirmam que a suplementação com ácidos graxos ômega-3 e nutracêuticos como a curcumina e orizanol pode ser útil para reduzir a inflamação do fígado e a neurodegeneração. Além disso, os pesquisadores ressaltam que são necessários estudos clínicos em humanos para avaliar os efeitos nocivos da ingestão de alimentos fritos, principalmente os que feitos com óleo reutilizado.

    Como próximo passo, os pesquisadores pretendem estudar os efeitos do óleo de fritura em doenças neurodegenerativas, como Alzheimer e Parkinson, bem como na ansiedade, depressão e neuroinflamação. Eles também gostariam de explorar mais a fundo a relação entre a microbiota intestinal e o cérebro para identificar novas formas de prevenir ou tratar a neurodegeneração e a neuroinflamação.

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